Brasil Novo Notícias: Morte de índio gera tensão com colonos

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Morte de índio gera tensão com colonos


A morte do indígena Wilson Ambrósio da Silva, 43 , da etnia Atikum, na Aldeia Ororubá, município de Itupiranga, na última terça-feira (9), deixou a região sob tensão entre índios e colonos que dividem a mesma área.

Para o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), em Marabá, a responsável pelo problema é a Superintendência Regional do Incra no Sul e Sudeste do Pará, que permitiu o assentamento de famílias de não índios na área, o que desencadeou conflitos que vêm ocorrendo há mais de um ano e que agora resultaram numa morte. Wilson Ambrósio foi executado com dois tiros, um na cabeça e outro no tórax.

Na tarde de ontem (11), representantes Incra, Ministério Público Federal (MPF), Funai e Polícia Federal (PF) seguiram até a aldeia para tomar pé da situação, informaram, por telefone, representantes do Cimi.

A Reserva dos Atikum fica localizada a 240 km de Itupiranga, na chamada Estrada do Rio Preto, a 10 km da localidade conhecida como Cruzeiro do Sul. O contato telefônico na área é difícil, pois o sinal das operadoras de telefonia móvel é muito falho na região por falta de antenas.

Segundo os membros da comunidade indígena, Wilson Ambrósio havia saído pela manhã para a “Serra” (área disputada pelos invasores e os indígenas) para olhar o gado da comunidade que estava pastando naquele local e não voltou mais.

Para os índios, a família do suposto invasor da área, conhecido como “Bil”, é a principal suspeita do crime. Já fazia 11 meses que a área cedida pelo Incra às famílias Atikum havia sido supostamente invadida pelo grupo de “Bil”, que de uma hora pra outra, segundo os índios, chegou na região dizendo que o próprio Incra em Marabá o havia assentado na área.

O jornal tentou contato com esses órgãos. A resposta foi de que somente após o retorno das equipes do local é que as informações poderiam ser repassadas. O MPF enviou um antropólogo até a área para fazer um estudo mais detalhado sobre a ocupação e emitir relatório recomendando um possível reordenamento da área.

De acordo com o Cimi, a terra foi cedida pelo Incra há 10 anos, para 10 famílias dos Atikum. Mas há mais de um ano, várias famílias e colonos foram chegando à área, dizendo que foram autorizadas pelo instituto. O Cimi denuncia, ainda, a extração ilegal de madeira na reserva.

DENÚNCIA EM ABRIL

Em nota, o Cimi relata que ainda em 19 de abril deste ano, dois representantes do Povo Atikum denunciaram a invasão e o crime ambiental na área , dentro de um Projeto de Assentamento para Reforma Agrária. Os índios chegaram a protocolar um documento aos representantes da Procuradoria Geral da República, denunciando toda a situação vivenciada pela comunidade e pedindo ajuda urgente, pois o clima entre indígenas e colonos já era tenso.

Em Marabá, as lideranças Atikum chegaram a encaminhar novamente o mesmo ofício, via email, para a Funai e um representante do Incra, em Brasilia (DF), como também participaram de uma audiência com o MPF. O CIMI encerra a nota, dizendo esperar que a justiça seja feita, que este assassinato de mais uma liderança indígena no Brasil não fique impune, que os responsáveis sejam presos e processados e que “os invasores da área da comunidade Atikum da Aldeia Ororubá sejam retirados imediatamente do território do povo.”

(Diário do Pará)

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