Brasil Novo Notícias: Em Altamira, mães registram vacina dos filhos em folha de papel comum

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Em Altamira, mães registram vacina dos filhos em folha de papel comum

Vitória Gabriela Santos Sousa tem apenas seis meses, mas já é vítima de um grave problema de gestão no sistema de saúde pública. A pequena nasceu em dezembro de 2015, mas até agora não recebeu o documento mais importante para alguém da sua idade, a caderneta de saúde. E ela não é a única: dados da Secretaria de Saúde de Altamira apontam que pelo menos 1.200 crianças estão na mesma situação. Geane Alves, mãe da Vitória desabafa. “Eu fico preocupada, já pensou se esse papel se extravia, ou se daqui a algum tempo eles dizem que não tem validade, o que acontece?”.
Para evitar que os registros deixassem de ser feitos, a Secretaria de Saúde do município improvisou, as mães recebem uma tabela feita em uma folha de papel, impresso no próprio hospital. O documento é precário, e em alguns casos já está todo amaçado e borrado, um risco para quem realiza o controle das doses. No posto de vacinação do hospital municipal São Rafael, em Altamira, Sudoeste do Pará, a fila é sempre grande, mas as mães nunca estiveram tão estressadas. Sem as cadernetas, elas dizem correr um grande risco, muitas temem perder o papel, outras afirmam não confiar que os registros serão realmente válidos.

Célia Ferreira acaba de dar à luz um menino, e na segunda ida ao posto de vacinação, ela esperava receber a caderneta do filho. Mas, segundo a vendedora, tudo o que recebeu foi um rabisco em uma folha de papel. “Eles não dizem nada, não informam a gente, isso é uma falta de respeito muito grande, esse documento serve para comprovar que meu filho tem todas as suas vacinas em dia, eles têm obrigação de me dar uma explicação”, reclamou a mãe, bastante nervosa ao mostrar o papel com os dados do filho, e as informações sobre o teste do coração, que também foram registradas de forma improvisada.
A caderneta de saúde da criança é fornecida pelo Ministério da Saúde, sendo utilizada para acompanhar o número de nascimentos, o andamento das vacinas e dados importantes sobre a saúde do bebê. Com os dados atualizados fornecidos pelas secretarias de saúde em todo o território nacional, o ministério tem como prevê onde há uma maior propensão para alguns tipos de viroses, e organizar campanhas de vacinação, evitando epidemias. O documento ainda é utilizado por programas sociais, como o ‘Programa Bolsa Família’, que exige a carteira de vacinação das crianças em dia, para todos os beneficiários.
O problema é pontual, apenas Altamira, na região da Transamazônica e Xingu, não está disponibilizando o documento para os recém-nascidos, nos outros 10 municípios da região, o registro das vacinas segue normalmente. Sem conseguir o cartão do filho, a doméstica Gerlane Lima de Sousa, viajou até o município de Pacajá, 220 km de distância, para solicitar o documento. Feliz, ela mostra o cartão com todas as doses, “agora tá tudo certinho”, destacou, aliviada.
A Secretaria de Saúde de Altamira informou que o documento é impresso pelo próprio ministério da saúde, e que ele possui um número de série, impedindo que possa ser impresso, ou copiado pelas secretarias. O secretário Valdecir Maia ainda explicou que já fez vários pedidos de reposição, mas até agora, eles não receberam nenhuma resposta.
Por e-mail, e por telefone, solicitamos informações sobre o atraso do envio do material para Altamira, mas a assessoria de comunicação do Ministério da Saúde não respondeu.
Fonte: O Xingu

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