Brasil Novo Notícias: Movimentos sociais temem o fim da Casa de Governo de Altamira

quinta-feira, 16 de junho de 2016

Movimentos sociais temem o fim da Casa de Governo de Altamira

"A casa de governo é um instrumento que deixou a população dessa região em pé de igualdade com o governo, e com as grandes empresas que se instalaram aqui para usufruir dos nossos recursos”, a frase é do ativista Iury Paulino, representante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), durante coletiva à imprensa para tratar da desmobilização da Casa de Governo de Altamira. Os movimentos sociais acreditam que a entidade está ameaçada de extinção, e o sinal de alerta foi ligado após a exoneração do chefe regional, Márcio Hirata.
Criada em 2011, após uma forte pressão popular, a Casa de Governo está ligada ao Ministério de Planejamento, e representa um braço do Governo Federal na região, respondendo por demandas sociais importantes, como ações da reforma agrária, o andamento do programa Luz Para Todos, e principalmente as pautas relacionadas às condicionantes da Usina Hidrelétrica Belo Monte. Com a desmobilização dos servidores, e a possível extinção da entidade, o diálogo entre a região e o governo ficará enfraquecido.
Durante a coletiva concedida à imprensa no fim da tarde de ontem (15), na sede da Casa de Governo de Altamira, Márcio Hirata, terceiro gestor a coordenar a entidade, lembrou os avanços em negociações antigas, que não caminhavam por falta de representatividade do governo na região. Bastante surpreso com a notícia da exoneração, Márcio agradeceu o apoio e a parceria construída com os movimentos sociais. “Eu espero que o novo governo seja coerente, e que reconheça esse espaço de diálogo que foi criado de forma democrática”, lembrou.

Em meio a uma difícil discussão com a empresa que constrói a usina Belo Monte, o Movimento dos Atingidos por Barragens está descrente quanto à permanência da instituição, e teme a perda de ações importantes. Para Iury Paulino, a população é a principal afetada pela decisão do governo, a quem ele atribui a responsabilidade pelo fim do diálogo com as populações atingidas: “Esse governo prega o Estado mínimo, e nesse caso, o mínimo é para os menos favorecidos, porque a capital do país é perto dos grandes centros, mas bem longe da população”, criticou.
A decisão de extinguir a Casa de Governo em Altamira ainda não foi oficialmente anunciada pelo governo interino de Michel Temer (PMDB), mas a exoneração dos coordenadores seria uma forma de enfraquecer a entidade, e tirar de sua responsabilidade discussões importantes. João Batista Uchôa, coordenador da Fundação Viver Produzir e Preservar, não aceita o fim da entidade, acredita em retaliação por conta do afastamento da presidente Dilma Rousseff (PT), e fala em mobilização como resposta: “Nossa reação é de mobilização, de organização de manifestos em repúdio as ações desse governo que não nos representa. A possibilidade da extinção da Casa de Governo tem um papel simbólico negativo, revelando o peso que o Governo interino de Michel Temer dá para as regiões Transamazônica e Xingu. O fim deste órgão é rejeitado por todos os movimentos sociais do entorno de Belo Monte e, que já articulam manifestos e um abaixo-assinado. A exoneração do Chefe da Casa de Governo em Altamira – Sr. Márcio Hirata aumentou nossa frustração. No entanto, sua extinção coloca em risco conquistas importantes, como o avanço de políticas e ações como o Luz Para Todos, questões fundiárias e indígenas, Saúde Regional e Hospital do Mutirão, Retorno dos Ribeirinhos ao Rio, remoção dos atingidos pela cota 100 no bairro Jardim Independente II, entre outras pautas relevantes para a região. Os números existentes, servem para comprovar a importância de conquistas recentes, além de estabelecer as bases necessárias para visualizar caminhos a seguir.”, declarou.
Durante a coletiva, um morador do bairro Jardim Independente II, periferia de Altamira, interrompeu pedindo informações sobre o processo de indenizações de famílias de uma área de risco, que está parado, aguardando a produção de um relatório. Apesar de estar afastado, Márcio Hirata respondeu ao morador, enquanto os representantes de movimentos sociais fizeram um novo alerta. “Essa é apenas uma das agendas da Casa de Governo, outro problema está a caminho, Belo Sun, e aí, quem vai dialogar com essa gente?”, questionaram ao citar o projeto de mineração da Volta Grande do Xingu, que aguarda licenciamento.
Por: Karina Pinto
Fonte: O Xingu

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