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quarta-feira, 8 de junho de 2016

OPERAÇÃO SEM-TERRA 2: PRESO EM CURIONÓPOLIS SUSPEITO DE ENVOLVIMENTO EM ASSASSINATOS

José Carlos, preso em Curionópolis. Foto: Divulgação/PC.
Na manhã do último domingo (07/02) as Polícias Civis (PC) de São Félix do Xingu (PA) e de Curionópolis (PA) com o apoio e investigações da Delegacia Especializada em Conflitos Agrários (DECA) e da Delegacia de Homicídios da Capitaldeflagraram a “Operação Sem-terra 2” na zona rural de Curionópolis resultando na prisão do nacional José Carlos Custódio, acusado de participação em homicídios e tentativas de homicídios em maio do ano passado numa fazenda de São Félix do Xingu.
A prisão de Custódio foi comandada pelo Delegado Lenildo Mendes Sertão após intensa investigação e monitoramento do suspeito. A localização de Custódio foi confirmada nas imediações da cidade de Curionópolis, numa fazenda a 45 km da sede. A DECA e a PC de São Félix do Xingu buscaram na Operação o apoio da equipe do delegado local, Heitor Magno, autoridade imprescindível para a realização da prisão na manhã do último dia 07. O suspeito foi preso logo nas primeiras horas da tarde do último domingo.
AS AMEAÇAS
Em novembro de 2014, José Carlos Custódio, na época gerente da Fazenda Santa Terezinha, havia procurado a Delegacia de Polícia (DEPOL) da cidade de São Félix do Xingu para registrar um novo Boletim de Ocorrência alegando está sendo ameaçado de morte por membros do Movimento de Trabalhadores Sem-terra acampados na referida propriedade. Quando do registro, Custódio citou o nome de quem supostamente estaria por trás das ameaças, e disse que tudo começou depois que alguns barracos dos sem-terra foram queimados, no dia 5 do mesmo mês. José Carlos havia pedido providências da justiça local a fim de evitar uma tragédia envolvendo sua vida.
No dia 27 de novembro do mesmo ano, Custódio havia procurado a mesma DEPOL para relatar um conflito entre seguranças da Fazenda e invasores acampados dentro da área. Segundo relatou Custódio, numa ronda e rotina os seguranças abordaram os invasores e pediram para que os mesmos retornassem ao acampamento, houve discussão e o clima ficou tenso por vários minutos. Não houve agressões, mas o clima de ‘ameaças’ ficou subtendido pelo então gerente da Fazenda.
O(S) CRIME(S)
João Miranda, morto a bala na Fazenda
Santa Terezinha, em São Félix do Xingu.
Foto: Reprodução/Blog Edmar Brito.
Custódio era tido como gerente da Fazenda Santa Terezinha, localizada a 14 km da sede do município de São Félix do Xingu, local onde em meados do ano de 2015 ocorreu um conflito agrário que culminou em dois homicídios e três tentativas de homicídios. Durante as investigações realizadas PC de Redenção (PA) e com o apoio da DECA as primeiras pistas apontavam que dois homens teriam alvejado os trabalhadores sem-terra João Miranda Holouka, 35 anos, e a esposaCleonice Araújo Gomes, por volta das 10h do dia 15 de maio de 2015, dentro da Fazenda Santa Terezinha. João veio a falecer e Cleonice, mesmo ferida, conseguiu escapar ao se esconder dentro de um barraco.
João Miranda era membro do Movimento dos Sem-terra (MST) de São Félix do Xingu, mantinha-se ligado à Federação dos Trabalhadores da Agricultura local e era responsável também pelo acampamento do MST montado dentro da Fazenda Santa Terezinha, que já durava dois anoe.
Otaviano, genro do dono da Fazenda
Santa Terezinha, assassinado em
 maio de 2015. Foto: Reprodução.
Por volta de uma hora depois, Otaviano Félix Nere, 31 anos, foi assassinado numa via de acesso a uma propriedade vizinha à Fazenda Santa Terezinha. A vítima foi baleada quando conduzia uma caminhonete acompanhada da esposa e do sogro Francisco Mendes, que era proprietário da Fazenda Santa Terezinha, além do cunhado Felipe Mendes, que seguia em uma motocicleta ao lado do veículo e também ficou ferido.
AS INVESTIGAÇÕES E PRISÕES
Wedson, acusado de atuar como
pistoleiro no interior da fazenda Santa
Terezinha. Foto: Reprodução/PC.
Nos primeiros dias de julho de 2015 Wedson Santos Conceição, 19 anos, foi preso acusado de atuar como pistoleiro nas proximidades e no interior da Fazenda Santa Terezinha. O mandado de prisão preventiva expedido pela Justiça à época dava Wedson como suspeito de participação nas mortes de João Miranda e Otaviano Félix.

A PC de Tucumã, sudeste paraense, em cumprimento de mandado de prisão temporária, prendeu na segunda quinzena julho de 2015, o agricultor Nilton Esteves de Matos, de apelido “Gaúcho”, acusado de envolvimento na morte de João Miranda. A ordem de prisão foi expedida pela Justiça em decorrência de investigações presididas pela DECA de Redenção. À época as investigações apontavam o envolvimento de Gaúcho e outro comparsa no assassinato do trabalhador sem-terra João Miranda e na tentativa de homicídio de Cleonice Araújo.

Nilton Esteves, o “Gaúcho”,
acusado de envolvimento na morte de
João Miranda em maio de 2015, em
São Félix do Xingu. Foto: Reprodução/PC.
Com a prisão de Custódio no último domingo em Curionópolis as investigações se encaminham para um possível desfecho e elucidação dos fatos que mancharam de sangue as terras da Fazenda Santa Terezinha.
Pará é o estado que concentra os casos de assassinatos por conflito agrário no Brasil, segundo um recente levantamento da Comissão Pastoral da Terra, divulgado em abril 2015. Em 2014, das 36 vítimas registradas no país, nove mortes ocorreram no Pará. Historicamente marcado por crimes ligados a conflitos agrários, o Pará apresentou crescimento de 50 % no número de assassinatos: foram seis casos em 2013, contra 9 em 2014.

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