O Pará este ano alcançará pela
primeira vez o topo do ranking de produção de cacau no Brasil. A tomada de
dianteira ainda é temporária. Isso porque a Bahia, o maior produtor do País,
sofreu com a forte estiagem deste ano e teve uma quebra na safra prevista.
Ainda com uma área plantada maior que a do Pará, que é hoje o segundo maior
produtor nacional de cacau, estima-se que a Bahia se recupere dos efeitos da
seca - o que permitirá que retome a liderança ainda na próxima safra.
Ainda que provisória, a chegada do
Pará à liderança da produção cacaueira nacional é um grande termômetro dos
avanços significativos colhidos pela lavoura paraense nos últimos cinco anos –
mesmo que o Estado agora seja favorecido pelo revés climático sofrido pela
Bahia. Ela expõe um panorama onde, encostando cada vez mais nas lavouras
baianas, o Pará deve, em breve, se firmar definitivamente no primeiro lugar da
produção cacaueira nacional. E isso está acontecendo através de uma peculiar
combinação de esforços cooperados e condições muito oportunas para a produção
paraense.
Além de parcerias entre o Governo
do Estado e entidades governamentais, privadas e do terceiro setor para que a
assistência técnica chegue às lavouras,o protagonismo da rede de pequenos
produtores - que é a grande força da produção paraense -, as boas experiências
do cacau em modelos agroflorestais de plantio e as condições geográficas, de
solo e clima da Amazônia, são hoje os grandes trunfos da virada do cacau
paraense, esperada para breve.
Em cinco anos, a produção cacaueira
do Pará cresceu de 68,4 mil toneladas produzidas ao ano para 105,8 toneladas
anuais – o que confere ao Estado uma participação de 42% na produção nacional.
O crescimento médio da produção local é de 13% ao ano. Além disso, houve uma
expansão de 38% da área cultivada paraense desde o início do Programa de
Desenvolvimento da Cacauicultura no Pará (Prodecacau), em 2011.
A renda circulante da produção
cacaueira entre os produtores do Estado também cresceu 146%, em especial como
reflexo da progressiva elevação do preço do cacau no mercado internacional.
"Essa assunção do Pará frente à Bahia ainda é episódica, determinada por
fatores climáticos que causaram uma brutal queda da produção baiana este ano.
Mas é importante ressaltar, apesar disso, a consistência do crescimento da
produção paraense de 2011 para cá, após a implementação do Programa de
Desenvolvimento da Lavoura Cacaueira no Pará", destaca o secretário
Hildegardo Nunes, que está à frente da Secretaria de Desenvolvimento
Agropecuário e da Pesca do Pará (Sedap).
"Com isso, temos apresentado
crescimento médio constante, de 10% a 13% ao ano. E isso tem permitido que já
se pense em antecipar para 2020 a projeção de que até 2023 o Pará passe a ser o
maior produtor de cacau do Brasil, superando a Bahia”.
Este ano a produção paraense será
de 120 mil toneladas de amêndoas de cacau, enquanto a Bahia espera produzir
entre 107 mil e 110 mil toneladas. Em 2015, o Pará produziu entre 105 mil e 110
mil toneladas do produto, enquanto a Bahia produziu cerca de 160 mil toneladas.
A queda da produção baiana, causada pela estiagem, foi significativa, mas os
números mostram como o Pará está se aproximando rapidamente do topo da produção
cacaueira nacional.
Há tempos o cacau é uma importante
fonte de riqueza para o Estado. No século XVIII, o fruto chegou a ser o
principal produto de exportação do Estado do Grão Pará. Na época, a grande
demanda do mercado europeu motivou até a instalação de uma linha marítima
regular ligando Belém e Lisboa (Portugal). Hoje, olhando para o futuro, uma das
grandes metas do Pará é seguir ampliando a oferta de assistência técnica a
produtores.
No estado, cerca de 80% da
produção cacaueira é derivada de pequenas propriedades baseadas na agricultura
familiar, estabelecidas predominantemente em solos de média a alta fertilidade
do Estado.
Uma proposta de intensificação
desse atendimento será apresentada no próximo dia 9 de agosto, em reunião do
Conselho Gestor do Fundo de Apoio à Cacauicultura do Estado do Pará (Funcacau).
Ao todo, cerca de 1.500 famílias de pequenos agricultores produtores de cacau
deverão ser beneficiadas até 2019, planeja a Empresa de Assistência Técnica e
Extensão Rural e Assistência Técnica do Estado do Pará (Emater-Pará).
É mais um passo desde que o
Governo do Estado do Pará definiu a cacauicultura como um dos segmentos
prioritários da política agrícola estadual, ainda em 2011, através da então
Secretaria de Agricultura. Em parceria com a Comissão Executiva do Plano da
Lavoura Cacaueira (Ceplac), foi nessa época que surgiu o Programa Estadual de
Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Cacau (Prodecacau), que quer dinamizar e
consolidar esta cultura.
PRODUTIVIDADE
Hoje a produção paraense de cacau,
baseada na pequena agricultura familiar, já é uma das mais competitivas do
mundo, com a produtividade média das terras plantadas de 903 quilos por hectare
e o baixo custo de produção da lavoura paraense (US$ 750 por tonelada). O
Estado hoje soma um universo de 30 mil produtores que têm relação com o cultivo
do cacau.