Trigo, ovos e muita festa. A mistura que tem a cara do evento mais esperado por milhares de estudantes que passaram todo o ano de 2016 se preparando para disputar uma vaga nas instituições de ensino superior do Pará. Assim foi a manhã de 3.695 calouros do vestibular 2017 da Universidade do Estado do Pará (Uepa). O resultado deste ano foi ainda mais especial para a instituição, pois do total de aprovados, quase 63% são oriundos da rede pública de ensino, resultado da ampliação da política de cotas sociais na Uepa. Os calouros devem ficar atentos para o período de matrícula, que vai de 3 a 7 de fevereiro, e à lista de documentos exigidos no edital específico para este fim.
A movimentação de candidatos e familiares no prédio da Reitoria da Uepa começou por volta das 7h30, quando também já se posicionavam as equipes das rádios que fazem a tradicional leitura do listão. Agarrada a um terço benzido, Rosangela Cordovil orava pela aprovação do filho Francisco, que fez vestibular para Matemática. “Estou muito esperançosa. Ele estudou bastante e acho que vai conseguir”, resumiu.
Às 9h, o reitor Juarez Quaresma recebeu a imprensa para anunciar os primeiros colocados. Os calouros Angélica Leite de Alcântara, Matheus Ferreira Santos da Cruz e Luciano Sami de Oliveira Abraão alcançaram as primeiras posições do Prise, enquanto Beatriz Sayuri Vieira Ishigaki, Murillo Nasser Rayol da Silva e Gabriela Sobral Santos Andrade lideraram o ranking do Prosel. Beatriz Ishigaki faturou o primeiro lugar geral do Vestibular 2017 na Uepa, com impressionantes 918,32 pontos. Todos os primeiros colocados são do curso de Medicina.
“Tivemos todas as vagas preenchidas. O processo seletivo deste ano transcorreu de forma tranquila, com a realização do segundo ano de seleção especial para os alunos de Letras – Libras, que é algo muito demandado por eles. Quero ainda parabenizar a equipe da Diretoria de Acesso e Avaliação e, em especial, os calouros, que a partir de hoje iniciam uma nova etapa das suas vidas”, disse o gestor. Entre os aprovados do Prosel, quase 69% são oriundos de escolas públicas, já no Prise, 54% vem da rede estadual.
Os calouros de Letras – Libras, aliás, foram responsáveis por grande parte da festa na rua do Una, em frente à Reitoria, que seguiu ao som da bateria da Atlética Búfalos da Medicina. A família inteira de Caio Zaidan, de 17 anos, compareceu para a comemoração, regada a ovos e choro, mas de felicidade, pela conquista. Surdo desde o primeiro ano de vida, o filho da servidora pública Soraya Zaidan, de 52 anos, é um milagre para ela. “Ele nasceu de cinco meses. Tomou medicações muito fortes, mas era isso ou a morte. Ele sobreviveu e até hoje só me trouxe alegrias e orgulho”, contou ela, que confessou ter passado uma noite insone hoje. A ansiedade da mãe contrastava com a serenidade do filho. “Estou muito tranquilo. É a primeira etapa de um sonho, mas ainda há muito a realizar”, disse o rapaz.
Os pais de Beatriz Ishigaki também não conseguiam conter-se em orgulho da filha, que aos 16 anos e prestando vestibular pela primeira vez, obteve uma pontuação invejável. “Ela estuda muito e é bastante dedicada. Estou feliz demais, nem sei o que dizer”, exclamou a mãe Cléia Vieira, ao ver a filha concedendo entrevistas e recebendo os parabéns pessoalmente do reitor. A menina se declarou como uma estudante dedicada, mas confessou a surpresa com o resultado. “Eu já imaginava que seria aprovada, mas nunca pensei que teria o primeiro lugar”, observou.
