Ato simbólico aconteceu no Dia do Índio (19 de abril) e contou com a presença de representantes de onze etnias de seis Estados
Cerca de 130 indígenas fizeram uma
manifestação em frente à Praça dos Três Poderes, em Brasília (DF), contra o
projeto de lei (PL 191/2020) que prevê o uso de terras demarcadas para a
extração de minério, petróleo e gás, além da construção de hidrelétricas. O ato
simbólico aconteceu no Dia do Índio (19 de abril) e contou com a presença de
representantes de onze etnias de seis Estados diferentes, incluindo os povos
Munduruku e Arapiuns do Pará.
Os manifestantes fizeram um grande círculo e
abriram suas faixas direcionadas ao Palácio do Planalto, Congresso Nacional e
Supremo Tribunal Federal (STF). Nas faixas, mensagens contra o garimpo em
terras indígenas, definido pelos indígenas como invasão, rechaço ao PL 191,
pedidos de apoio aos ministros do STF para que os direitos indígenas não sejam
violados por um governo distintamente anti-indígena, apelo ao caráter
originário do direito à terra e contra a tese marco temporal, que busca impor
restrições inconstitucionais à demarcação.
De acordo com os organizadores,
todos os participantes receberam as duas doses da vacina contra a Covid-19 - o
que possibilitou a realização do protesto, visto que indígenas fazem parte dos
grupos mais vulneráveis à pandemia. Ainda foi estabelecido um protocolo
sanitário com distanciamento social, máscaras e álcool em gel. A ação ocorreu
de forma pacífica e simbólica, sem aglomerações ou idas aos órgãos públicos.
Edinei Arapuin, cacique do povo
Arapuin, no Baixo Tapajós, explicou os riscos de massacre dos povos indígenas
com a aprovação do PL 191. "Hoje seria um dia em que o Congresso Nacional
estaria votando uma PL para liberação de mineração em terras indígenas. E a
gente veio lutar contra isso para que, justamente, os nossos povos indígenas
não sejam massacrados. Porque a partir do momento que a mineração for aprovada
em terras indígenas, isso nos afetará diretamente, porque nós teremos que ser
retirados para fazer a mineração do ouro e de qualquer outro minério que tiver
de baixo da terra", disse.
Ele destacou ainda a necessidade
de melhoria da saúde indígena durante a pandemia do Covid-19 e o retrocesso na
educação. "A gente também veio lutar pela melhoria da saúde indígena. Nós
temos uma secretaria especial de saúde indígena, que é a Sesai, e o governo
traz indígenas que, muitas vezes, não representam a totalidade, para fazer uma
comemoração de conquista, que, na verdade, é uma conquista de todos os indígenas.
Assim também como o retrocesso na nossa educação. Temos poucas oportunidades
nas universidades, e quando temos oportunidades, a gente é muito massacrado
pelo preconceito, tanto dos alunos quanto dos servidores. Então, a gente tenta
lutar por esses espaços, porque hoje nós não somos aquela imagem que foi
criada, de que o indígena só tem que estar no mato. A gente pode estar em
qualquer lugar e a gente vai lutar por isso até o final", reforçou.
Por: Thiago Vilarins (Da Sucursal
Brasília)
Fonte: O Liberal