Reunião com produtores faz parte do Projeto "Bioeconomia Pé
no Chão", que visa desenvolver todo o potencial da cadeia produtiva do
estado
O encontro faz parte do Projeto “Bioeconomia Pé no
Chão”, criado a partir de demanda do governo do estado para atender, facilitar
e potencializar a produção do cacau, pimenta e castanha no Estado. Entre os
principais aspectos levantados na reunião que podem beneficiar o setor estão o
investimento em tecnologia para o desenvolvimento genético da qualidade das
amêndoas produzidas no estado e o apoio aos produtores com capacitação técnica
e subsídios para exportação do produto, certificação de origem orgânica e
rastreabilidade ambiental do cacau paraense. Entre os produtores, o consenso é
o de que os gargalos tecnológicos e operacional são atualmente os principais
entraves do setor. O Projeto “Bioeconomia Pé no Chão” nasceu a partir de estudo
realizado por Salo Coslovsky, professor da Universidade de Nova Iorque (NYU),
que identificou que, apesar do seu grande potencial, a participação do Pará e
da Amazônia neste biomercado ainda é muito pequena.
As diversas situações apresentadas durante a
reunião por produtores de diferentes regiões do estado ajudam a traçar um
panorama da situação do mercado paraense e a desenvolver um programa para
beneficiar o setor. Raul Protázio Romão, Secretário Adjunto de Gestão de
Recursos Hídricos e Clima da Semas, afirma que a articulação iniciada nesta
oficina vai impulsionar esta cadeia produtiva. “Esta ação do estado parte de
uma oportunidade vislumbrada por um estudo da universidade de Nova York (Amazônia
2030), que mostra baixa participação do estado do Pará no comércio mundial de
produtos amazônicos. O Pará, como segundo maior estado amazônico, tem ínfima
participação no mercado mundial de exportação de alguns produtos, como cacau,
açaí, pimenta-do-reino, por exemplo. Nós decidimos então, a partir de
orientação do governador, de que Semas, Sedap e Sedeme irão atuar em conjunto
em ações de fortalecimento da produção estadual, para que ela possa atender ao
padrão internacional de qualidade. É interessante como produtores e
cooperativas de diferentes locais apresentam problemas completamente
diferentes, mas abrangentes. E este mapeamento é de fundamental importância
para a produção. Vamos incrementar a capacidade de articulação entre banco,
produtor e governo do estado e alavancar a participação do Pará no acesso a
este mercado internacional de cacau.”
A capacitação dos produtores é ponto fundamental
para alavancar a produção do estado, como afirma Lucas Vieira, secretário
adjunto da Sedap. “Vamos dialogar para que a gente possa melhorar cada vez mais
a cadeia produtiva de cacau do Pará. Em nossos projetos tem a parte da
internacionalização do cacau, para que possamos aumentar a exportação deste
produto. A gente já tem avançado neste trabalho, precisamos capacitar cada vez
mais, temos que fazer nosso dever de casa, capacitar nossos produtores e nos
capacitarmos para que a gente possa valorizar cada vez mais e o mercado possa
procurar cada vez mais a gente. Por isso, estamos capacitando cada vez mais
nossos produtores ao mercado internacional, devido à importância desta cadeia
produtiva para o Brasil. Temos previsto para os próximos meses uma capacitação
dos produtores na internacionalização da cadeia produtiva do cacau. Vamos
selecionar cooperativas e produtores para que gente possa desenvolver este
projeto para divulgar nosso cacau em alguns países, como França, Holanda, uma
ação que iniciamos em 2019. A nossa produção de cacau fino ainda não é tão
grande, vamos começar de forma pequena para depois chegar a outros países.”
A atuação direta junto às cooperativas faz parte da
estratégia elaborada pelos órgãos de estado para desenvolver o mercado e a
produção, como afirma Rafaela Pimentel, diretora de Projetos Estratégicos da
Sedeme. “A Sedeme está realizando trabalho junto a cooperativas, vamos colocar
à disposição nosso portfólio junto às cooperativas, temos ações de crédito
junto a produtores. Em relação à exportação, estamos com um trabalho muito
forte, realizado por intermédio da coordenação entre o mercado e o comércio
exterior.”
A valorização do produto e apoio à comercialização
são alguns dos pontos centrais para o desenvolvimento do setor, como afirmou o
produtor rural Pedro Santos. “Quando a gente fala de qualidade e preço, a nossa
grande dificuldade é a questão de valorizar este produto e apresentar um
produto de alta qualidade. Quando o produtor tem o cacau seco, ele quer
entregar e receber. A cooperativa não tem poder de investimento de pagar um
cacau de qualidade, de receber e exportar, de fazer o destino final. E o
produtor não consegue andar só, sem auxílio, o melhor caminho é o coletivo.
Temos que criar um aporte financeiro para fazer este produto chegar lá na
ponta. A bomba está quase para explodir e esta explosão é de qualidade para o
nosso estado. Nós provamos que o nosso potencial é muito grande. Agora é pegar
esta qualidade e valorizar para que este produto chegue na ponta. A nossa
região, tanto na Transamazônica, quanto sudeste, sul e nordeste paraense têm
potencial. Temos que organizar este nosso potencial para valorizar esta
qualidade e o valorizar o trabalho do produtor.”
O estudo desenvolvido pelo professor Salo Coslovsky
mostra que, apesar de possuir 30% das florestas tropicais do planeta, a
Amazônia Legal tem apenas 0.17% de participação no mercado internacional da
bioeconomia, considerando os produtos que já exporta. Um dos casos examinados
pela pesquisa é o da Bolívia, o maior exportador mundial de
castanhas-do-brasil. “O cacau do Pará é hoje o produto certo, no local certo. A
impressão é de que se trata de fenômeno de potencial gigantesco. Queremos saber
o que podemos fazer para apoiar, para que os produtores possam fazer mais e
fazer melhor. Queremos saber quais instrumentos estão à disposição do governo,
além dos que ele já dispõe, para desenvolver este potencial. A Amazônia exporta
produtos da floresta, como castanha, cacau, que já proporcionam recursos
razoáveis. No entanto, a região gera uma receita média de 300 milhões de
dólares com a exportação de produtos da floresta, mas o mercado global destes
produtos é de quase 200 bilhões de dólares”, afirmou Coslovsky.
Fonte: Agência Pará
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