Moradores da cidade de Altamira, no sudoeste do Pará, temem o desaparecimento das ilhas no entorno do município com o avanço das obras de construção da hidrelétrica de Belo Monte. As mudanças na economia local e no ecossistema, como na reprodução de peixes, e o desmatamento de áreas de vegetação já estão sendo sentidos pela comunidade. As informações são do G1 Pará.
"Hoje não tem mais serviço, né? Todo mundo antes trabalhava com os fretes, era o pessoal das colônias, das ilhas, dos ribeirinhos, e ficava aquele movimeto. Hoje você vê um monte de voadeira parada porque não tem mais outra opção, não tem o que fazer", reclama o piloto de embarcações Antônio Gomes, que conta que assim como ele, muitas outras pessoas dependem do rio Xingu para sobreviver.
Enquanto isso, o trabalho de desmatamento já está quase concluído: das 30 ilhas que circundam o rio Xingu, apenas uma ainda está com parte da floresta em pé. Ao todo, 4.800 hectares de vegetação foram retirados, o que equivale a quase 5 mil campos de futebol. Todo o procedimento foi realizado com autorização do Ibama. E o que restar deve desaparecer completamente quando o lago da hidrelétrica estiver cheio, causando o apodrecimento de arbustos e folhagens, que podem contaminar o rio.
"Fundamentalmente por uma questão de garantia da manutenção de qualidade da água no corpo hídrico ou seja, no rio Xingu, onde vai ser formado o reservatório principal", afirma Ricardo Alves, superintendente de socioeconomia da Norte Energia.