A
campanha nacional de vacinação contra a gripe do Ministério da
Saúde se encerra no próximo dia 26, mas a adesão é considerada
baixa em todo o país. Do total de 54,2 milhões de pessoas
esperadas, somente 28,7 milhões foram vacinadas, o que representa
53% do público-alvo.
A
virologista Marilda Siqueira, chefe do Laboratório de Vírus
Respiratório e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), da
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), avalia que o pouco destaque que o
vírus Influenza teve
na mídia este ano e o recente surto de febre amarela contribuíram
para desviar o foco da atenção das pessoas da campanha contra a
gripe. Isso porque, em estados com registros de morte pela doença,
como o RJ, a população se preocupou mais em correr aos postos para
receber a imunização contra a febre amarela. A vacina contra a
gripe está disponível nos postos de vacinação desde 17 de abril.
“Mas
isso não tira de maneira nenhuma a importância de tomar a vacina
contra a gripe”, adverte Marilda. A virologista explica que é
importante tomar a dose anualmente uma vez que a vacina contra o
vírus Influenza,
causador da gripe, não oferece uma imunidade duradoura. Outro
fator importante é que o vírus pode apresentar mutações de um ano
para outro em seu genoma e as vacinas são "atualizadas"
para garantir uma proteção mais ampla à população. “Então,
tem que tomar este ano, de novo”, diz.
A
Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro reafirmou que a
baixa procura pelos postos de saúde é motivo de preocupação entre
especialistas, uma vez que, até o início desta semana, seis em cada
dez pessoas que fazem parte dos grupos prioritários ainda não se
vacinaram.
“Vivemos
um momento em que as medidas preventivas são fundamentais. A baixa
adesão à campanha ainda nos preocupa e precisamos alertar a
população. Sabemos que a gripe é uma doença aparentemente
simples, mas que pode evoluir gravemente, principalmente entre os
grupos mais vulneráveis. A vacina é segura e está disponível em
todas as redes municipais de saúde. É preciso entender que a
prevenção é a melhor forma de evitar a doença”, alertou o
secretário de estado de Saúde, Luiz Antonio Teixeira Jr.
Inverno
A
proximidade do início do inverno, em 21 de junho, reforça a
necessidade de ampliar a imunização. “O vírus Influenza já
está circulando em várias regiões e as pessoas têm que ficar
atentas para se protegerem”, insiste a virologista. Ela lembra que,
no ano passado, mais de 2 mil pessoas morreram por Influenza no
Brasil. Grande parte dos óbitos foi de pessoas elegíveis para tomar
a vacina, ou seja, maiores de 60 anos de idade, crianças menores de
4 anos e pessoas com problemas de imunodeficiência, respiratórios
ou cardíacos crônicos, além de diabéticos.
Neste
ano, além dos profissionais de saúde, a campanha de vacinação
incluiu o grupo dos professores para tomar a vacina. “Porque nós
sabemos que, em qualquer país do mundo, os grandes distribuidores
que espalham o vírus Influenza,
no primeiro momento, são crianças em idade escolar. Como estão em
ambientes fechados, elas contribuem muito para o espalhamento do
vírus porque uma passa para a outra, para a professora, para a casa,
para os pais. Elas contribuem muito no primeiro momento, assim que se
inicia uma pandemia”, explica Marilda.
Mitos
Marilda
Siqueira descarta a possibilidade de uma pessoa tomar a vacina e
ficar gripada. A fórmula da vacina, esclareceu, é o vírus
inativado, isto é, morto. Além disso, as proteínas do vírus são
separadas. “Não tem como ele se multiplicar dentro da gente”.