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Foto: Marcelo Seabra / Ag.Pará |
Um centro de operações foi instalado para planejar, executar e monitorar as ações empregadas a fim de conter e evitar novos focos de incêndio e desmatamentos ilegais no Estado do Pará. Representantes do Governo, Exército, Marinha e Aeronáutica estiveram reunidos nesta manhã, 25, no local, para reforçar, de forma integrada, as medidas que já estão sendo tomadas. O centro está instalado na sede do Comando Militar do Norte, e é constituído por representantes das policiais militar e civil, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), Instituto de Terras do Pará (Iterpa), Marinha e Aeronáutica.
Aeronaves do Grupamento Aéreo de Segurança Pública (Graesp), vinculado à Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Pará (Segup) e do Exército sobrevoam as áreas consideradas mais vulneráveis para identificar os focos de calor. Mais de 300 equipamentos, entre caminhões com capacidade para 122 mil litros de água, drones, rádios comunicadores, e outros instrumentos começam a ser empregados também. Há previsão, ainda, de acréscimo no número de aeronaves. A ação, além de ser repressiva, age de maneira preventiva, considerando o período do término de setembro e o início de outubro mais propensos para a queimada.
Aproximadamente 90% dos pontos de incêndio e/ou desmatamento existentes hoje, no Estado, seFoto: Marcelo Seabra / Ag.ParáFoto: Marcelo Seabra / Ag.Pará concentram em três municípios, sendo eles Altamira (39%), Novo Progresso (29%) e São Félix do Xingu (20%), no eixo da Rodovia BR 163 e 230, a Transamazônica, que são considerados os locais que precisam de mais atenção. Para os dois últimos serão deslocados 80 brigadistas de incêndio como reforço.
“É necessário compreender que temos que combater o desmatamento e o incêndio, que estão entrelaçados, na maioria das vezes. Para isso é preciso trabalhar a fiscalização e monitoramento para identificar e acompanhar os focos, e atendendo estes locais identificados. Agir para conter os incêndios. Pensar de maneira estruturada para se tornar recorrente”, informou o Governador do Estado, Helder Barbalho.
Para ampliar o número de agentes envolvidos na operação, 600 brigadistas civis treinados pelo CBM poderão ser convocados, por intermédio das Forças Armadas, além de 400, que estão aptos e já começaram a ser contactados para verificar a disponibilidade para atuar de maneira distribuída e conter os 10 mil pontos de incêndio espalhados por áreas de florestas, no Pará. Apesar da quantidade, os focos se caracterizam como pequenos e espalhados.
Desde o início do ano, teve início a potencialização nas ações de monitoramento e fiscalização, além da sinalização de dados e da preocupação com a proximidade do período mais crítico do ano, tanto para as instituições a nível estadual, quanto na esfera federal.
“Não houve nenhuma demora de medidas. Estamos desde o início do ano alertando os órgãos federais já que a maior parte ocorre em áreas federais. Nós estamos, também, fazendo recorrentes operações onde já fizemos diversas apreensões com estrutura do Estado para demonstrar que não pactuamos com a cultura do desmatamento e estamos viabilizando ações que possam prosseguir com as iniciativas que demonstram que no Estado do Pará nós desejamos a preservação da floresta. E que essa floresta seja tratada com uma atividade econômica sustentável”, afirmou o Governador.
Para conter os focos de queimadas, com a contribuição da Lei da Garantia da Ordem, que autoriza o emprego das Forças Armadas, assinada na última sexta-feira, 23, pelo Presidente da República, o Estado ganha mais força para o enfrentamento não apenas dos focos de incêndio, mas também de desmatamento ilegal e outros crimes ambientais.
O CMN dispõe de 15 mil militares na Amazônia Oriental, e especificamente em Belém, são 10 mil que destes, parte do efetivo, poderá ser empregado para cumprir a missão de forma integrada com o Governo do Estado no combate aos focos de incêndio, levando em consideração a necessidade. “Desde os primeiros sinais de que essa operação iria acontecer, nós já estamos tratando com os órgãos estaduais, agências governamentais aqui no Pará, traçando algumas ações. A partir de agora vamos somar os planejamentos para efetivação de todas elas. A vinda da comitiva estadual caracteriza a importância do assunto e a integração”, ressaltou o general do CMN, Paulo Sérgio, que informa, ainda, que solicitará ao Ministério da Defesa, dentro do orçamento da operação, a possibilidade de aquisição de equipamentos para reforçar a tropa.
Para o governo, esse acréscimo possibilitará uma ação mais rápida e eficaz. “Este incremento, da parceria do Governo Federal de maneira ostensiva, por meio da GLO, é um importante reforço. Primeiro institucional, para mostrar para aqueles que estão apostando na impunidade de que não há campo fértil para isso. Todos os poderes constituídos estão imbuídos com a lógica de quem estiver dentro da legalidade, terá a proteção da lei. Quem estiver infringindo a lei, terá a repressão adequada. E por outro lado, a ostensiva, com a repressão dos focos de desmatamento e o combate aos pontos de incêndio”.
Em relação ao desmatamento e à atividade pecuária no Estado, o governador ressalta que o desenvolvimento pode ser atrelado à sustentabilidade. A cultura de que é preciso desmatar, para mais produzir, é um engano. “Todo pecuarista sabe a extensão territorial que permite ou não o desmatamento. O que não podemos permitir é que se avance o desmatamento ilegal. A área antropizada no nosso país e, particularmente, no nosso Estado é absolutamente suficiente para a produção da pecuária. Pra você ter uma ideia, nós temos 21 milhões de cabeças de gado e temos aqui uma média por hectare de 0,9 cabeças de gado. Isto demonstra que se houver investimento em tecnologia, em estratégia de intensidade na pecuária, o Estado pode triplicar sua produção sem desmatar uma árvore. Eu digo triplicar porque em São Paulo a média por hectare é de 5 cabeças. Portanto, se passarmos de 0,9 para 3 cabeças por hectare, o Pará subirá de 21 milhões para 60 milhões e será o maior rebanho bovino do Brasil”.