Os empresários têm razão: o processo de licenciamento ambiental realmente é lento. Quem concorda com a queixa mais usada pelo setor privado para justificar os atrasos em obras de infraestrutura do País é a nova presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Marilene Ramos. Em sua primeira entrevista desde que assumiu o cargo, há duas semanas, Marilene disse que ocorrem situações em que empresários utilizam o licenciamento para esconder problemas internos e financeiros que afetam seus projetos, mas afirmou que, de fato, excessos são cometidos nas análises ambientais realizadas para autorizar o andamento das obras.
"O licenciamento é lento em muitas situações. Existem casos em que conseguimos reduzir esse prazo. Mas é mesmo lento, precisa ser mais rápido e focar naquilo que é importante para a questão ambiental", disse.
Nos últimos meses, o Ibama voltou a ser alvo frequente de críticas de diversos empreendedores, principalmente do setor elétrico, que alegam ter descumprido seus cronogramas na construção de usinas e linhas de transmissão por conta de complicações do licenciamento ambiental. O próprio Ministério de Minas e Energia (MME) acionou a Advocacia-Geral da União (AGU) para investigar se houve realmente atraso na emissão de licenças para grandes hidrelétricas em construção na Amazônia.