Nesta sexta-feira
(22), é celebrado o Dia Mundial Sem Carro, data para deixar o automóvel em casa
e usar meios de locomoção alternativos. Os benefícios de deixar o hábito de
locomover-se de carro, segundo especialistas, são tanto para o meio ambiente
quanto para a cidade de Belém, que atualmente tem 431.482 automóveis, e cuja
região metropolitana terá mais de um milhão de veículos em circulação no ano de
2021, segundo estudo realizado pelo Departamento de Trânsito do Pará
(Detran-PA).
Ainda segundo o
estudo do Detran, a velocidade média do trânsito na RMB vai cair de 40km/h para
20km/h no período. A pesquisa projeta também que 68,46% da frota de veículos
será formada por motocicletas em 2021.
“Não há espaço
viário que suporte toda essa frota se deslocando o tempo todo”, alerta Paulo
Ribeiro, arquiteto e urbanista especialista em Planejamento de Transporte
Urbano e professor da Universidade Federal do Pará. “É preciso investir no
transporte público e faixas exclusivas. Esporte ativo deve ser priorizado, seja
a pé ou de bicicleta. Isso é fundamental para melhora da mobilidade”, frisa.
Segundo o
especialista, na pesquisa realizada em 2000 para o Plano Diretor de Transporte
Urbano, moradores de 7% dos domicílios visitados na Região Metropolitana de
Belém informaram usar a bicicleta para o transporte. “Esse é um dos maiores
índices do Brasi8l e, certamente hoje em dia, o percentual deve ser maior”,
diz.
“Em Belém, a nossa
área de centro até a avenida Perimetral, um raio de 7 km, a bicicleta consegue
fazer o trajeto no mesmo tempo que o carro. Nessa área é preciso dar ênfase e
condições, criar infraestrutura, ciclovias, ciclofaixas e bicicletários”,
destaca Ribeiro.
A insegurança no
trânsito e a falta de infraestrutura, no entanto, são obstáculos que freiam a
adesão da população de Belém ao uso de transportes ativos. “Segundo a mesma
pesquisa feita em 2000, não é o clima quente ou qualquer outro fator que mais
causa problema ao usuário de bicicleta, o maior problema apontado é a
insegurança no trânsito, a falta de vias voltadas para os ciclistas que faz com
que eles tenham de se arriscar no trânsito”, diz Ribeiro.
Para Paulo Ribeiro,
é preciso que os órgãos públicos invistam na mudança do que ele chama de
“cultura do carro”. “Parece mais fácil usar o carro, mas isso traz problemas de
mobilidade profundos e também gera impacto ao meio ambiente. O deslocamento a
pé ou por bicicleta é eficaz e saudável. No entanto, ss calçadas são
impróprias, irregulares, sem padrão. Então as pessoas têm obstáculos pra andar
na calçada. E o transporte público, que também é mais adequado que o carro
particular, é de qualidade precária”, critica.