Nesta sexta-feira (22) completa
um mês do naufrágio do navio Capitão Ribeiro, que resultou na morte de 23
pessoas no Pará. O navio transportava 52 pessoas pelo rio Xingu, e afundou em
uma área denominada Ponte Grande do Xingu, entre os municípios de Porto de Moz
e Senador Porfírio, sudoeste do Pará. O Ministério Público instaurou um
inquérito no dia 24 de agosto e ainda investiga a responsabilidade dos
envolvidos naufrágio.
A embarcação saiu de Santarém, no
oeste do estado, no dia 21 de agosto com destino a Vitória do Xingu. Segundo a
Marinha do Brasil, o navio estava autorizado a trafegar até o município de
Prainha, mas o barco iria na verdade percorrer um trecho três vezes maior que o
permitido, com 384 km a mais do que o indicado. Além disso, a Agência Estadual
de Regulação e Controle de Serviços Públicos (Arcon-PA) afirmou que a embarcação
não estava autorizada a transportar passageiros.
Sobreviventes disseram que chovia muito quando o barco virou e que a embarcação chegou a ser atingida por uma tromba d'água - fenômeno similar a um tornado. "A tripulação disse ter visto, no horizonte, algo com o formato de um funil, acompanhado de muita chuva e vento forte, e que teria pego o barco pela popa e o afundado. A embarcação girou e afundou em seguida", afirmou o delegado Élcio de Deus, de Porto de Moz.
Sobreviventes disseram que chovia muito quando o barco virou e que a embarcação chegou a ser atingida por uma tromba d'água - fenômeno similar a um tornado. "A tripulação disse ter visto, no horizonte, algo com o formato de um funil, acompanhado de muita chuva e vento forte, e que teria pego o barco pela popa e o afundado. A embarcação girou e afundou em seguida", afirmou o delegado Élcio de Deus, de Porto de Moz.
Irregularidades nos rios
Cerca de 15 rios cortam o estado
do Pará, o que torna o transporte fluvial um meio de transporte muito usado
pelos paraenses. No entanto as irregularidades das embarcações ainda fazem
parte desse cenário e ameaçam a segurança de quem depende dos rios para de seslocar.
No período de um mês da tragédia em Porto de Moz, 21 embarcações foram apreendidas no Pará, de acordo com a Marinha do Brasil.
No período de um mês da tragédia em Porto de Moz, 21 embarcações foram apreendidas no Pará, de acordo com a Marinha do Brasil.
No mesmo mês, seis embarcações
foram envolvidas em quatro acidentes registrados: colisões em Cametá e no Rio
Amazonas, além e dois naufrágios em Marituba, na Grande Belém, e Alenquer, no
oeste do Pará. Segundo a Marinha, todos os passageiros e tripulantes foram
resgatados com vida e sem ferimentos.
Investigações
Até o momento, 22 pessoas já
prestaram depoimento, entre elas o dono da embarcação, Alcimar Almeida da
Silva. A Secretaria de Estado de Segurança Pública e da Defesa Social (Segup)
diz que já haviam provas suficientes da responsabilidade pelas mortes o que
levou Alcimar a ser investigado com base no artigo 261 do Código Penal
Brasileiro (CPB). De acordo com a lei "expor a perigo embarcação ou
aeronave, própria ou alheia, ou praticar qualquer ato tendente a impedir ou
dificultar a navegação marítima, fluvial ou aérea" prevê pena de reclusão,
de dois a cinco anos.
O Barco não tinha autorização para transportar passageiros (
No dia do naufrágio, Alcimar
disse à Marinha do Brasil que levava apenas 2 passageiros. Depois disso, o dono
da embarcação confirmou à Polícia que transportava cerca de 50 pessoas naquela
terça-feira (22) e que não havia controle de quantas embarcavam em Santarém, no
oeste do estado. Segundo ele, cerca de 50 passageiros estariam no navio, sendo
36 adultos, seis crianças e oito funcionários da tripulação. Um deles, o
comandante da embarcação, que morreu afogado.
Alcimar admitiu, em entrevista à
TV Liberal, que transportava passageiros sem licença mesmo depois de ter sido
notificado pela Arcon. Mesmo assim, ele diz que não teria culpa. "Teve uma
rajada muito forte de vento. A gente não teve chance. Foi um acidente, não
posso dizer que eu tenho culpa", alegou.
Naufrágio Porto de Moz completa um mês nessa sexta-feira
Naufrágio Porto de Moz completa um mês nessa sexta-feira
No entanto a Polícia Civil
entendeu que, antes da conclusão das investigações, já havia elementos
suficientes para provar que Alcimar expôs a vida de mais de 50 pessoas ao
perigo. O secretário adjunto de gestão operacional da Segup, André Cunha, disse
na época que a principal responsabilidade sobre o que ocorreu notadamente recai
sobre o empresário, que, de maneira intencional, omitiu informações que deveria
prestar às autoridades.
"Quando ele vai à Marinha do
Brasil e diz que vai fazer um trecho de Santarém para Prainha, ele é o
principal responsável. Quando ele faz isso intencionalmente a bem de uma
economia financeira e faz um percurso muito maior do que ele informou, ele está
expondo aquelas pessoas a risco", disse André Cunha.
O dono do barco se justifica: "a crise que a gente está passando. O custo da folha de pagamento no final do mês que é alto". Segundo ele o barco já viaja há cerca de 3 anos com autorização da Marinha até Prainha (PA).
O dono do barco se justifica: "a crise que a gente está passando. O custo da folha de pagamento no final do mês que é alto". Segundo ele o barco já viaja há cerca de 3 anos com autorização da Marinha até Prainha (PA).
Percurso não autorizado
A Marinha informou que o percurso
de uma embarcação deve ser informado no "despacho de saída", feito
para que uma embarcação se desloque. No caso do Capitão Ribeiro (navio), foi
emitido um "despacho por período" com prazo até 20 de outubro de 2017
para o trajeto Santarém - Prainha (PA), de 170 km. Alcimar confessou, então,
que estava fazendo o trajeto muito maior que o autorizado.
Segundo a Polícia, a embarcação
transportava ilegalmente um carro e duas motos. Além disso não possuía lista
oficial de passageiros e armazenava mercadorias de forma irregular.
Alcimar disse que foram vendidos 13 bilhetes em Porto de Moz e que havia aproximadamente 20 passageiros. Ele confessou que não tinha autorização para transportar veículos e alegou que "foi a primeira vez que transportava um carro", enfatizando que estava posicionado e amarrado de forma perpendicular ao barco, no convés principal.
Alcimar disse que foram vendidos 13 bilhetes em Porto de Moz e que havia aproximadamente 20 passageiros. Ele confessou que não tinha autorização para transportar veículos e alegou que "foi a primeira vez que transportava um carro", enfatizando que estava posicionado e amarrado de forma perpendicular ao barco, no convés principal.
A promotora de Justiça de Porto
de Moz, Juliana Félix, disse, à época, que as investigações policiais, quando
concluídas, devem ser encaminhadas ao MP. "Ai a gente vai analisar a
propositura de uma denúncia criminal", disse.
As vítimas.
As vítimas.
O trabalho de identificação dos
corpos das vítimas era feito no ginásio da cidade, por equipes do Instituto
Médico Legal de Belém e Altamira. Após a identificação, os corpos eram
liberados para os familiares fazerem o sepultamento.
No dia 24 de agosto a Prefeitura
de Porto de Moz organizou um velório coletivo no ginásio. Depois da cerimônia,
as primeiras vítimas já foram enterradas, a maioria era morador do município.
Mortos identificados:
•Luciana Pires, 28 anos
•Neiva Nonato Romano, 18 anos
•Maria Edna Duarte, 57 anos
•Aurilene Sampaio Miranda, 35 anos
•Lucivalda Marques Oliveira, 42 anos
•Rosiene dos Santos Leite, 35 anos
•Weivon Leite de Oliveira, 5 anos
•Orismar Ribeiro Miranda, 61anos
•Sebastião Soares Batista, sem idade confirmada
•Sergio Henrique Sousa, 1 ano
•Leomi Almeida Pereira, 28 anos
•Leticia Pires Pereira, 4 anos
•Maria Eduarda Sampaio Miranda, 5 anos
•Paulo Roberto Viana Mendes, 25 anos
•Auzilene Andrade Sousa, 17 anos
•Salete Machado, adulto sem idade confirmada
•Nicole Oliveira dos Passos, 2 anos
•Alexandre Sampaio Sales, 22 anos
•Maiara Santos da Silva, 19 anos
•Graziela Duarte, 10 anos
•Weligton Mendonça, idoso sem confirmação de idade
•Nicolas Oliveira dos Passos, 2 anos
•Tais Oliveira dos Passos, 5 anos
•Neiva Nonato Romano, 18 anos
•Maria Edna Duarte, 57 anos
•Aurilene Sampaio Miranda, 35 anos
•Lucivalda Marques Oliveira, 42 anos
•Rosiene dos Santos Leite, 35 anos
•Weivon Leite de Oliveira, 5 anos
•Orismar Ribeiro Miranda, 61anos
•Sebastião Soares Batista, sem idade confirmada
•Sergio Henrique Sousa, 1 ano
•Leomi Almeida Pereira, 28 anos
•Leticia Pires Pereira, 4 anos
•Maria Eduarda Sampaio Miranda, 5 anos
•Paulo Roberto Viana Mendes, 25 anos
•Auzilene Andrade Sousa, 17 anos
•Salete Machado, adulto sem idade confirmada
•Nicole Oliveira dos Passos, 2 anos
•Alexandre Sampaio Sales, 22 anos
•Maiara Santos da Silva, 19 anos
•Graziela Duarte, 10 anos
•Weligton Mendonça, idoso sem confirmação de idade
•Nicolas Oliveira dos Passos, 2 anos
•Tais Oliveira dos Passos, 5 anos
Confusão de números
As primeiras informações sobre o
acidente informavam que haviam 70 pessoas à bordo do navio, das quais 25 teriam
sobrevivido. De tarde, a Secretaria de Segurança Pública informou que seriam 15
sobreviventes e 10 mortos resgatados.
Ainda na quarta, o Corpo de Bombeiros informou que o número de resgatados subiu para 19.
Ainda na quarta, o Corpo de Bombeiros informou que o número de resgatados subiu para 19.
Na manhã desta quinta-feira, a
secretaria informou que, segundo o dono do barco, havia 48 pessoas na
embarcação.
A pasta, porém, informou que trabalhava com o número de 49 pessoas: 10 mortos, 23 sobreviventes e 16 desaparecidos.
Na manhã de quinta o governo informou que 9 corpos foram localizados, elevando o número de vítimas para 19.
A pasta, porém, informou que trabalhava com o número de 49 pessoas: 10 mortos, 23 sobreviventes e 16 desaparecidos.
Na manhã de quinta o governo informou que 9 corpos foram localizados, elevando o número de vítimas para 19.
Ao final da manhã de quinta, mais
dois corpos foram encontrados, totalizando 21 mortos e 23 sobreviventes. No
início da noite, a Segup informou que foram localizados 27 sobreviventes e 4
pessoas continuavam desaparecidas.
Na manhã desta sexta-feira foram
encontrados mais dois corpos, totalizando 23 vítimas. A Segup trabalha com o
número de 52 pessoas, sendo 27 sobreviventes e dois desaparecidos.
Fonte: Porto de Moz em Foco/G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário