A
Divisão de Prevenção e Repressão a Crimes Tecnológicos (DPRCT)
apura declarações racistas atribuídas a uma aluna do Instituto de
Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal do Pará (UFPA).
E-mail enviado na madrugada de domingo, 17, a professores e à
direção do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) os
ameaçava por causa da política de cotas: “Estou mandando esse
e-mail para que os coordenadores da UFPA saibam que se continuarem
admitindo negros através de processo seletivo, cotas e outros
assistencialismos de m*** do gênero, serei obrigada a ameaçar os
coordenadores da universidades. A vontade que eu tenho é de ir pra
aula com uma 9 mm e fazer um MASSACRE (…)”.
Responsável
pelas investigações, a delegada Vanessa Lee não deu entrevistas.
Segundo a estudante, um perfil falso criado em seu nome divulga
ideias de ódio contra negros, mulheres e gays. O Portal ORM não
conseguiu falar com ela.
De
acordo com o professor Dr. José Ricardo Vieira, diretor geral do
ICB, as denúncias contra a aluna vêm de algum tempo, por causa de
um blog associado a ela, com declarações polêmicas. “Nós
sabemos que é um caso mais antigo e que isso não é de agora. Já
nos reunimos com a aluna, que informou que já registrou um boletim
de ocorrência, mas não temos mais informações sobre a denúncia”,
conta.
A
aluna nega a autoria das declarações. “Já temos um
posicionamento da própria aluna, que nega ter escrito os textos”.
As denúncias, segundo ele, foram enviadas à Polícia Federal. Em
nota, a Universidade Federal do Pará informou apenas que solicitou
apoio da PF para a apuração do caso.
No
blog “Natureza Feminina”, criado em abril deste ano, supostamente
pela estudantem há publicações de cunho racista, machista e
declarações ultraconservadoras. Na descrição da suposta
escritora, Daniela Feliz Barbosa Guerreira, a ênfase às convicções
preconceituosas. “Defensora do patriarcado, da supremacia da raça
branca e combatente da degeneração social”, diz o texto. No
contato da estudante, um domínio incomum chama atenção:
ProntonMail, serviço de correio eletrônico criptografado e mais
“seguro”, cujas informações são enviadas em código.
Um
dos textos mais compartilhados do blog questiona as cotas raciais na
UFPA: “(…) o que hoje eu vejo são apenas negros e mestiços, que
entram por COTA; ou seja, mesmo com baixo rendimento acadêmico, seja
no ENEM ou em qualquer outro Processo Seletivo, estes cotistas,
negros pobres, conseguem entrar na UFPA, por completo desmérito, com
aquele velho pretexto da “dívida histórica” que a comunidade
afrodescendente tanto clama”, diz um trecho da publicação de 5 de
junho deste ano.
Declarações
racistas, entretanto, não são o único tipo de opressão
compartilhada no blog. Em outro post, a supremacia masculina é
reforçada: “Uma mulher que não é fiável, não há mais sentido
ou propósito de família. Postulado isto, mulheres vagais e
hedonistas não merecem viver, e é um erro deixá-las viver em uma
sociedade, pois elas conduzem a mesma sociedade à degeneração. Uma
mulher do Mundo, não serve nem presta, nenhum homem que tenha
amor-próprio quererá. Um homem de bem não se relaciona com uma
mulher que não se valoriza”, escreveu. A Polícia Civil informou
que a aluna será ouvida novamente para esclarecer os fatos e dar
continuidade à apuração.
O
Liberal
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