Conflitos
vêm se arrastando desde a semana passada. Grupo teme por
represálias.
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Divulgação/Arquivo |
Indígenas
da etnia Tembé, da aldeia Tekohaw, denunciam a tensão com
madeireiros, que vem se arrastando há pelo menos uma semana no
município de Paragominas, no sudeste paraense. O grupo indígena se
mobiliza para coibir a invasão madeireira na área, que ocorre de
forma constante. Duas grandes apreensões de maquinários ocorreram
no local e, desde a manhã de ontem (23), dois madeireiros estão
como reféns dos indígenas, que temem por represálias.
Cerca
de 80 indígenas se organizam para um possível confronto na aldeia,
segundo a liderança indígena Wendel Tembé. O grupo teme ataques
armados principalmente de madeireiros da cidade de Nova Esperança do
Piriá, que seriam os proprietários dos armamentos apreendidos pelo
grupo. As lideranças acreditam que o cacique Sérgio Tembé seria o
principal alvo dos madeireiros.
De
acordo com Cláudia Kawage, do Instituto de Desenvolvimento Florestal
e da Biodiversidade do Pará (Ideflor-bio), o grupo indígena já
apreendeu tratores, carros e skinners de pessoas ligadas à extração
madeireira na região, mas teme pela segurança e pede reforço no
policiamento.
"Eles
estão em movimento forte para parar com a invasão. Na semana
passada, acharam madeireiros explorando madeira na área e
pacificamente detiveram os madeireiros e apreenderam ferramentas.
Depois disso, houve reunião com o Ministério Público Federal (MPF)
e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) pra tratar plano de
ação na quarta-feira (19). Apesar disso, ontem as mulheres
indígenas relataram que os guerreiros entraram na mata para tentar
coibir novamente a entrada dos madeireiros, onde ocorreu o confronto.
", relata ela. Ainda segundo Kawage, a preocupação dos
indígenas é que haja ataque às aldeias e por isso o policiamento é
tão importante para o grupo neste momento.
Jalva
Braga, técnica do Idelfor-bio que está no local, também destaca a
preocupação do grupo. "Até agora não veio policiamento
nenhum. Como não veio, eles estão indo para a mata para tentar
impedir que os madeireiros venham atacar a aldeia. Precisa que esse
policiamento chegue aqui para que eles possam sair da mata. São
muito jovens, sem experiência, mas são os que estão aqui. Até as
mulheres do Tekohaw foram para dentro da mata para tentar apoiar a
luta lá(...)
A
Polícia Militar informou que tomou conhecimento do caso apenas na
manhã de hoje (23) e avalia a situação para tomar providências.
Ainda segundo a PM, o Comando de Policiamento Regional VI foi
informado pela Prefeitura de Paragominas há pouco tempo, mas ainda
não há informações sobre deslocamento de equipes ao local, que
fica a uma hora e meia da sede do município.
A
Tekohaw é a maior aldeia das 26 que compõe a terra indígena
Alto Rio Guamá, que está presente nas cidades de Santa Luzia, Nova
Esperança e Paragominas. O último confronto, que ocorreu ontem
(22), pode ter resultado na morte de uma pessoa, mas até o momento a
informação não foi confirmada pela Polícia Militar.
A
Fundação Nacional do Índio (FUNAI) de Marabá e de Brasília foi
acionada e está ciente da situação.
A
Redação Integrada ORM acompanha o caso.