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Agente alega suicídio, mas familiares apontam que a relação entre os dois estava conturbada há dias (Foto: Reprodução) |
Um agente do Detran Pará foi
preso em flagrante por crime de feminicídio neste domingo (31), em Parauapebas,
município do sudeste paraense. Segundo a Polícia Civil do Estado, Diógenes dos
Santos Samaritano foi autuado por matar a esposa Dayse Dyana Sousa e Silva, de
35 anos.
O
crime ocorreu pela manhã, quando o agente de trânsito teria empurrado a esposa
do segundo andar da casa onde moravam, na Rua Canindé, bairro do Parque dos
Carajás. Ele foi preso no início da tarde por policiais civis do município.
Conforme o delegado Gabriel Costa, titular da Seccional, o acusado foi preso no
escritório de seus advogados e chegou a negar o crime, afirmando que Dayse
havia cometido suicídio.
A
família da vítima acusa Diógenes pelo assassinato. O agente já havia sido
denunciado várias vezes por Dayse por violência doméstica e os dois viviam um
relacionamento conturbado.
Conforme
o delegado, não houve qualquer apresentação espontânea por parte do acusado.
"Desde as 11:30 da manhã, estou na campana e consegui informações de que
ele estava lá", detalha o delegado. Segundo o policial civil, há fortes
indícios de que ele é o autor da morte da esposa.
A
Polícia Civil requisitou à perícia de local de crime na residência. O filho do
casal foi encontrado na casa de uma babá. Informações iniciais são de que o
casal havia se separado recentemente.
A
vítima, dessa forma, mudou-se para Marabá com a mãe e teria dado início à uma
ação de divórcio. Porém, poucos dias atrás, Dayse voltou a morar com Diógenes,
em Parauapebas.
Pelas
primeiras informações apuradas, na noite de sábado, ao saber do pedido de
medida protetiva feito pela esposa, o agente de trânsito teria cometido o
crime. No entanto, o acusado, por sua vez, alega que a ex-mulher teria cometido
suicídio. As investigações continuam. O filho do casal foi ouvido por uma
equipe multidisciplinar e ficou de passar por exames médicos. Por enquanto, o
agente continua preso.
Feminicídios
no Pará e no Brasil
Segundo
os dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup)
mais recentes, entre 2017 e 2018, os casos de feminicídios no Pará aumentaram
em quase 50%. De janeiro a junho de 2018 foram registrados 25 casos de
feminicídio em todo o estado do Pará. No mesmo período de 2017 foram registradas
17 ocorrências no estado, o que gera um aumento de 47% dos casos.
De
acordo com a organização dos Estados Americanos, o Brasil concentra 40% dos
feminicídios de toda a América Latina.
Dados
inéditos revelam que 92.323 denúncias foram registradas e encaminhadas pelo
Ligue 180, canal do agora Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos
Humanos — 25,3% a mais do que no ano anterior.
Em
2018, foram 73.669. Para se ter dimensão da barbárie, 391 mulheres foram
agredidas por dia em dezembro, mês no qual 12.123 se tornaram vítimas de todo o
tipo de violência. Em relação ao mesmo período de 2017, o número mais que
dobrou. À época, 6.024 denunciaram abusos.
As
26 páginas do balanço comparativo do Ligue 180 escancaram um cenário que exige
atenção. O assassinato de mulheres também cresceu.