Indignada com o resultado do exame, ela recorreu à ouvidoria da prefeitura de Guarujá, no litoral paulista.
Imagina o susto ao receber um exame em que você, além de
testar positivo, aponta que você está morto. Foi o que aconteceu com a
argentina Ailin Rocino de Aguiar Leite, uma assistente administrativa de 33
anos que mora no Brasil.
Um teste que Ailin fez para covid-19, no dia 15 de fevereiro,
além de apontar a presença do vírus, diz que ela havia “morrido” devido à
doença. "Meu medo foi de ter sido declarada morta, estando viva", diz
a argentina. A Prefeitura de Guarujá, no litoral paulista, alega que foi apenas
um erro de digitação.
Após sintomas, Ailin procurou atendimento no PAM
Rodoviária, acompanhada de uma amiga também com sintomas.O médico que a
atendeu, diz Ailin, solicitou exame para Covid-19, receitou dipirona e deu um
atestado de cinco dias. O resultado sairia em dez dias úteis. No dia 1º de
março, acompanhada pela amiga, já sem sintomas, ela foi pegar o exame.
"Entregamos nossa identidade, e o rapaz que nos
atendeu foi ao local onde ficam os exames. Quando saiu, chamou nossos nomes e
disse que os dois exames deram positivo, os entregando nas nossas mãos. Se ele
avisou que deu positivo, achei que tinha lido. Como me entregam um exame
dizendo que eu estou morta, sendo que estou ali, pessoalmente, para pegar o
exame? Como eu estava melhor, só peguei o exame sem olhar, guardei na bolsa e
fui embora", diz.
Morta?
Em casa, ela leu. "Estava escrito 'Covid-19 -
Óbito'. Fiquei indignada e preocupada, porque sou estrangeira, natural da
Argentina, e meus documentos têm validade. Existem muitas complicações para
mim, porque nós, estrangeiros, sempre temos que prestar contas à Polícia
Federal. E eu sou leiga, não sei que dimensão tem esse resultado de exame, para
onde seria divulgado, ou de que forma foi contabilizado", explica.
Ailin não deixou a sua “morte” por menos. Recorreu à
ouvidoria da prefeitura. Quatro dias depois da denúncia teve um retorno
inconclusivo. "Eles só diziam que foi erro de digitação, mas ninguém
mandava um novo documento com uma correção, dizendo que eu estava viva",
diz.
Resposta
A Prefeitura de Guarujá não viu a situação com a mesma
gravidade. Informou em nota que foi apenas um erro de digitação, e que o
documento não era um atestado de óbito, mas um exame. O município ainda afirma
que, "evidentemente, não incluiu o resultado nas estatísticas de óbito que
são enviadas diariamente ao Ministério da Saúde, e que o laudo foi, portanto,
classificado como caso confirmado de covid-19".
Ailin rebate: "E as pessoas que não sabem ler, que
não têm a mesma instrução que eu, o que pode acontecer com um erro desse no
exame? Pode até passar despercebido. Então, mesmo que seja, realmente, apenas
um erro de digitação, isso não pode acontecer."
Fonte: O Liberal
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