Vítimas trabalhavam em garimpo com sede na fazenda Rio Preto, no município de Santa Maria das Barreiras; não tinham repouso semanal e nem Carteira de Trabalho assinada.
O resgate ocorreu no dia 27 de outubro e faz parte da operação “Terra Desolata”, deflagrada pela Polícia Federal (PF) em conjunto com o MPT. O objetivo é combater e desarticular acusados de crimes ambientais, lavagem de dinheiro e exploração de ouro em garimpos clandestinos.
A
ação também confirmou a prática dos crimes de redução de pessoa a condição
análoga à de escravo e de tráfico de pessoas. Quando os órgãos responsáveis
chegaram ao local, os trabalhadores não tinham ciência das condições
degradantes de trabalho e alojamento em que eles mesmos viviam.
Alojamentos e segurança
De
acordo com o MPT, os trabalhadores estavam alojados em condições degradantes. A
maioria estava em barracos cobertos com lona e palha, que não protegiam
contra chuvas, animais peçonhentos e nem mesmo da entrada dos porcos que
transitavam pela propriedade.
Outros
ficavam na sede da fazenda, em redes instaladas dentro de um galpão sem móveis
e aberto para o ambiente, sujeito também a chuvas e entrada de animais.
Durante
a fiscalização, foi constatado que a área das frentes de garimpo eram de
difícil acesso e não possuíam rede de comunicação. Assim, no caso de acidente
ou de ataque de animais não haveria como os trabalhadores se comunicarem ou se
deslocarem para serem socorridos.
Ainda
segundo o órgão, que participou da operação, o banheiro era improvisado e
consistia em um ‘cercadinho’ coberto de lona e sobre um buraco, onde os
trabalhadores faziam suas necessidades fisiológicas.
O levantamento feito do local também constou que não havia espaços minimamente apropriados para preparo de alimentos, higiene pessoal, lavagem de roupas e utensílios. Para dormir, existiam apenas redes, adquiridas pelos próprios trabalhadores, sem fornecimento pelo empregador de roupa de cama ou coberta.
Além
disso, os fiscais notaram que nenhum dos empregados recebeu equipamentos de
proteção individual e não tinham treinamentos de segurança. Além disso, os
resgatados estavam sujeitos à contaminação por metais pesados, altamente
tóxicos, como o mercúrio, substância que pode ocasionar doenças autoimunes,
leucemia, câncer de fígado e de pulmão.
Jornada
exaustiva e bloqueio de bens
Segundo
informações do Ministério Público do Trabalho, as jornadas de trabalho na
fazenda Rio Preto eram exaustivas. Para obter o máximo da extração ilegal do
ouro, os trabalhadores exerciam suas atividades em turno de revezamento 12×12,
com pagamento por produção, o que os estimulava a trabalhar por muitas horas.
Eles trabalhavam de
domingo a domingo, sem repouso semanal remunerado e sem Carteira de Trabalho
assinada ou recolhimentos fundiários e previdenciários.
O
empregador, responsável pelo garimpo e pela Fazenda Rio Preto, foi preso pela
PF durante a operação. O MPT ingressou com ação cautelar e conseguiu a determinação
de bloqueio de bens e dinheiro dos investigados no valor de 5 milhões de reais
pela Justiça do Trabalho, para assegurar os pagamentos das verbas trabalhistas
aos resgatados e das indenizações por danos morais individuais e coletivos.
Fonte:
G1 Pará
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