Um dia após as manifestações contrárias a operação do Ibama que vinha sendo desenvolvida na região de Uruará, no sudoeste do Pará, os Agentes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) de Santarém, juntamente com policiais militares de dois Batalhões resolveram encerrar as fiscalizações naquela região e foram embora na manhã desta quarta-feira, 5 de junho.
A fiscalização na região durou 15 dias e resultou no fechamento de várias serrarias que vinham funcionando sem as devidas documentações ambientais, além da apreensão de mais de 3 mil metros cúbicos de madeira, sendo em toras e serradas. A maioria dessa madeira foi retirada de forma ilegal das Terras Indígenas Arará do Laranjal e Cachoeira Seca. Todas as madeiras apreendidas foram conduzidas em caminhões, escoltados por homens da Força Nacional, até o município de Altamira e foram doadas as prefeituras, entidades filantrópicas e a igreja.
A ação do Ibama fechou ao todo 28 serrarias. Dessas, duas tiveram a parte de serragem destruídas, uma no km 120 e a outra no km 140, devido estarem muito próxima das terras indígenas.
Na manhã de ontem, 04 de junho, o clima ficou tenso na cidade. Trabalhadores do setor madeireiro com apoio da população local, usaram pneus e madeira para interditar a rodovia Transamazônica e a estrada conhecida como “Chapadão”, que dá acesso ao município de Santarém. Os motoristas e passageiros que precisavam seguir viagem tiveram que aguardar por mais de 10 horas, gerando filas de veículos nos dois lados da pista. Já era noite quando a rodovia Transamazônica foi liberada.
Apesar das manifestações contrárias a operação, o chefe da fiscalização, Hugo Loss, disse em um vídeo que circula nas redes socais, que o fim das fiscalizações já estava previsto para o dia de ontem. “A gente está encerrando as atividades aqui. A gente já estava pronto para sair por volta do meio dia de ontem, quando ocorreu o bloqueio da estrada no sentido Rurópolis. Queremos informar aos manifestantes que em primeiro lugar não existe nenhuma possibilidade do Exército vir de Santarém com carretas e carregadeiras ou qualquer outro tipo de trator para vir arrancar nada em Uruará, isso aí está fora de qualquer cogitação. A gente não tem mais o que fazer em Uruará, então a gente não viria mais com essa estrutura. O que teve de ser feito foi feito com base na legislação, tudo dentro da legalidade. A madeira foi retirada e doada dentro da legalidade também, ficou madeira em Uruará para ajudar a prefeitura nas obras, nas pontes, então a prefeitura foi contemplada sim. A gente retirou bastante madeira de Uruará, mas tudo dentro da legalidade”, afirma o coordenador.
Comerciantes e políticos de Uruará dizem que ação do Ibama, que resultou no embargou de praticamente todas as madereiras, trará um grande desemprego e prejuízo para economia da cidade.
Fotos: Wilson Soares e Redes Sociais