Sentença
afeta a vida de 54 famílias na mesma área em que a irmã Dorothy Stang foi
assassinada, em 2005
“Ele
vendeu a terra e os novos proprietários promoveram todos os ataques contra as
famílias. Por fim, a Justiça deu ganho a eles”, disse Erasmo Alves
Teófilo, camponês, defensor dos direitos humanos e que representa as
famílias. A decisão do juiz é datada de 28 de abril deste ano.
“Não
vamos aceitar reintegração de posse no Lote 96. Essa terra é da comunidade. Não
vamos aceitar que nosso cacau, açaí, pimenta e a nossa lavoura seja engolida e
destruída pelo gado”, afirmou. Erasmo informou que a comunidade tem sofrido
ataques. “O último agora foi a queima da casa de farinha da comunidade, um
ataque direto, feito por pistoleiros”.
“A
terra é pública, da União, e o juiz deu reintegração de posse em favor do
grileiro e contra a comunidade”, diz ainda Erasmo. Por causa da sua luta pelo
direito à terra, Erasmo está ameaçado de morte. E foi incluído no Programa
de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, da Secretaria de
Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup).
Ele e
a família tiveram que deixar o local há cinco meses. Ainda segundo Erasmo, a
Segup fez uma análise de segurança e entendeu que não é seguro ele retornar ao
lote neste momento. Mesmo sob ameaça de morte, Erasmo autorizou que seu nome
fosse publicado nesta matéria.
“A comunidade
não vai abrir, ninguém vai sair. Não acatamos ordem judicial, a não ser a ordem
da comunidade de ficar na terra. Vamos resistir”, garantiu.
“Ele
vendeu a terra e os novos proprietários promoveram ataques contra as famílias.
Por fim, a Justiça deu ganho a eles”, disse Erasmo Alves Teófilo,
camponês, defensor dos direitos humanos e que representa as famílias. “Não
vamos aceitar reintegração de posse no Lote 96. Essa terra é da
comunidade. Não acatamos ordem judicial, a não ser a ordem da comunidade
de ficar na terra. Vamos resistir”
Ação
diz que dono da terra passou a sofrer ameaças de invasão
A ação de reintegração de posse com pedido liminar foi ajuizada por Antônio
Borges Peixoto e tem como objeto do pedido a proteção possessória do imóvel
localizado no lote 96 da Gleba Bacajá com área superficial de 3 mil hectares,
no município de Anapu.
Em
síntese, a ação diz que o requerente é legítimo proprietário e possuidor do
imóvel, onde explora a agropecuária. Mas que, desde junho de 2013, passou a
sofrer ameaças de invasão. E que, em setembro de 2013, havia arrendado parte da
área de pastagem de seu imóvel para fins de exploração pecuária com permissão
para os arrendatários colocarem no pasto 250 cabeças de gado, e que a invasão
avançara com a construção de um barraco próximo à sede da fazenda e que os
ocupantes estariam fazendo ameaças aos funcionários da fazenda.
Na
sentença, o juiz Antônio Fernando de Carvalho Vilar escreve que a
terra cumpre os requisitos da função social e que faz jus o autor à proteção
possessória pretendida.
Lote é o mesmo onde missionária Dorothy Stang foi assassinada, em 2005 (Tomaz Silva/Agência Brasil) |
Camponeses não cumpriram função
social da terra, diz sentença
Destaca ainda que o município
de Anapu é alvo de constantes conflitos sociais pela posse da terra,
“conflitos estes que inclusive já chegaram a ter repercussão internacional,
como o fatídico caso envolvendo a irmã Doroty Stang… Sendo que, não por outro
motivo, este juízo se deslocou várias vezes até a área, dentre outros, para
mediar os conflitos pela posse da terra”, diz.
Segup
já repassou para a PM viabilizar as ações policiais competentes
Fonte: O Liberal
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