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© (Carlos BarriaReuters) Donald
Trump se encontra com Jair Bolsonaro
na Casa Branca, em Washington - 19/03/2019
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O presidente Jair Bolsonaro assumiu
como erro nesta terça-feira, 19, sua declaração de que a maior parte dos
imigrantes que se mudam para os Estados Unidos “tem más intenções”, feita em
entrevista à emissora Fox News exibida na noite anterior. Em entrevista a
jornalistas brasileiros depois de seu encontro com o presidente americano, Donald Trump,
na Casa Branca, ele pediu desculpas.
“Boa parte (dos imigrantes) tem
boas intenções. A menor parte, não. Eu peço desculpas”, disse, ao ser
questionado sobre o assunto. Foi “um equívoco, um ato falho cometido na
entrevista de ontem”, completou.
Em conversa com a jornalista
Shannon Breen exibida na segunda-feira na televisão americana, Bolsonaro
defendeu a construção do muro proposto por Trump na fronteira dos Estados
Unidos com o México e disse que “a maioria
dos imigrantes não tem boas intenções”.
O presidente do Brasil falou à
imprensa depois de sua reunião na Casa Branca e de uma visita ao Cemitério de
Arlington, em Washington, onde estão sepultados muitos dos veteranos de guerra.
O brasileiro agora participa de um encontro com lideranças religiosas na Blair
House, residência para hóspedes do governo americano.
Bolsonaro também comentou sobre
algumas das principais questões discutidas com Donald Trump em sua reunião
privada. O presidente negou que o Brasil esteja oferecendo muito aos Estados
Unidos e recebendo pouco em troca, com concessões unilaterais, como a isenção
de visto para turistas . “Alguém tem que estender o braço primeiro e quem
estendeu as mãos em primeiro lugar fomos nós”, disse.
O líder brasileiro defendeu o
acordo assinado entre os dois governos ontem para que Washington use
comercialmente a base de lançamentos de foguetes de Alcântara, no Maranhão.
Segundo ele, o local estava ocioso e que poderá gerar ganhos para o Brasil.
Bolsonaro também argumentou a
favor da decisão brasileira de isentar turistas americanos de visto no Brasil,
argumentando que a medida poderá aumentar os ganhos do setor de turismo.
Economia
O presidente disse que não
tratou em profundidade com Trump sobre questões relacionadas à Organização
Mundial do Comércio (OMC), após o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmar
que os Estados Unidos querem que o Brasil deixe uma lista de beneficiados da
OMC em troca do apoio americano à entrada brasileira na Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Em entrevista ao lado de
Bolsonaro após a reunião entre ambos, o presidente americano disse que os
Estados Unidos apoiam a entrada brasileira na OCDE.
O presidente lembrou ainda que a
China, que atualmente trava uma guerra comercial com os Estados Unidos, é o
principal parceiro comercial do Brasil e disse que visitará o país asiático no
segundo semestre deste ano.
Venezuela
Em sua coletiva de imprensa ao
lado de Trump na Casa Branca, Bolsonaro sinalizou
com a possibilidade de o Brasil aderir a uma solução militar dos Estados Unidos
para a crise da Venezuela. O presidente americano voltou a dizer que “todas as
opções estão sobre a mesa”.
pós o encontro, contudo, o
brasileiro afirmou que a diplomacia “está em primeiro lugar” para o Brasil,
evitando responder novamente de forma concreta se discutiu com Trump a
possibilidade de apoiar uma intervenção militar no país sul-americano.
“O que ele conversou comigo
reservadamente, me desculpem, mas não poderei entrar em detalhes”, afirmou.
Otan
Sobre a possibilidade anunciada
por Trump de os Estados Unidos designarem o Brasil seu principal aliado fora da
Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Bolsonaro disse que “existe
um aceno positivo de ambas as partes” e garantiu que a questão será aprofundada
“nas próximas semanas”.
“Temos a ganhar nas parceiras no
tocante a material de defesa e energia”, afirmou.
Na coletiva na Casa Branca,
Donald Trump chegou, inclusive, a sugerir a possibilidade de o Brasil integrar
formalmente a Otan. A organização militar foi formada por países da Europa e da
América do Norte, com origem na oposição ao socialismo liderado, na época, pela
União Soviética, hoje extinta.