Ela confessa assassinato brutal de enteada de 7 anos no DF e pode pegar até 40 anos.
![]() |
| (Crédito: Material cedido ao Correio) |
Rafaela Marinho de Sousa, a
vítima, foi encontrada pendurada em uma pilastra dentro da casa onde morava com
o pai e a madrasta. Segundo a delegada-chefe da 8ª DP, Iraci asfixiou a criança
com um cinto após tentar dopá-la com álcool no nariz, usando um pano. "A
autora confessou o crime à polícia e disse que o fez após ter ingerido bebida
alcoólica e ter feito uso de substância entorpecente. Ela a enforcou com o
cinto e, após, a suspendeu por uma corda", relatou a autoridade policial.
Iraci, que nega premeditação, afirmou em depoimento: "Não estava
planejando, nem pensando. [...] É, agora vou pagar pelo que fez",
demonstrando frieza ao descrever os passos, mas alegando arrependimento.
Histórico criminal: Foragida
desde homicídio em Castelo dos Sonhos
O caso ganhou contornos
ainda mais graves quando policiais descobriram, durante o depoimento, um
mandado de prisão preventiva expedido em março de 2024 pela Justiça do Pará,
registrado no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP). Iraci era procurada
por executar o ex-marido, Marcos Gomes, com um tiro na cabeça e incendiar parte
do corpo, em 17 de dezembro de 2023, no assentamento Brasília, distrito de
Castelo dos Sonhos (Altamira-PA).
De acordo com o relatório da Delegacia de Castelo dos Sonhos, obtido pelo Correio do Progresso, o crime ocorreu por volta das 2h, em uma fazenda onde o casal vivia. Testemunhas relataram que Iraci confessou o assassinato em ligações telefônicas pela manhã, admitindo ter "ceifado a vida de Marcos". No local, peritos encontraram uma espingarda calibre 28 com digitais da suspeita. A motivação, segundo investigações preliminares, pode envolver ciúmes relacionados à relação do marido com a filha dele de outro relacionamento. Após o ato, Iraci fugiu de ônibus para Brasília, deixando para trás quatro filhos do casal, com quem conviveu por mais de 23 anos. Ela nunca se apresentou à polícia paraense nem apresentou defesa, tornando-se foragida.
A denúncia do Ministério
Público do Pará (MPPA) concluiu que o incêndio visava destruir provas e dificultar
identificação, levando à prisão preventiva. Iraci, natural do Maranhão, nega
envolvimento no crime paraense, mas agora acumula acusações em dois estados.
Sinais de alerta ignorados:
A vítima implorava para não voltar
Rafaela morava com o pai e a
madrasta durante a semana escolar na Estrutural, voltando nos fins de semana
para a casa da mãe, Fabiana Marinho, 36, e irmãos em Valparaíso de Goiás (GO).
Na véspera do crime (quinta-feira, 20), a menina ligou para a mãe, pedindo para
não retornar à residência paterna. "Ela queria ficar mais comigo. Hoje
[sexta], eu já vinha buscar ela. No fim de semana, ela já estava ficando
comigo", contou Fabiana à TV Globo, em meio a lágrimas. "Eu falei:
'Amanhã a mamãe vai te buscar'. E fui buscar minha filha morta."
A irmã da vítima, que
prefere anonimato, relatou episódios anteriores de tensão. "Ela chorava
dizendo que não queria ir [para a casa do pai]. Uma vez, ela chegou em casa e
falou: 'Mãe, minha madrasta tentou matar meu pai, botou veneno para ele comer'",
desabafou. Fabiana acusa o ex-companheiro de negligência: "O pai dela foi
negligente de deixar minha filha com essa mulher. Disseram que essa mulher
estava drogada há três dias. Eu quero justiça, quero que ele pague também. Se
ele tivesse protegido ela, não tinha acontecido isso." O pai de Rafaela,
não identificado, saiu para trabalhar por volta das 7h de sexta e foi
notificado do crime horas depois. Vizinhos descreveram a relação aparente entre
Iraci e a criança como "rotineira", sem sinais evidentes de violência,
o que chocou a comunidade.
O homicídio ocorreu após uma
noite de consumo de drogas e álcool entre Iraci e o namorado, marcada por
ciúmes. A menina teria dito, em discussão, que "preferia morar com uma
vizinha", desencadeando o ato.
Consequências legais e
comoção social
Iraci foi transferida para o
Complexo da Polícia Civil do DF e passou por audiência de custódia no sábado
(22). O caso é enquadrado como homicídio qualificado por feminicídio, com
agravantes como meio cruel, motivo fútil, impossibilidade de defesa da vítima
(menor de 14 anos), relação de madrasta e asfixia. A Lei Henry Borel, que
endurece penas por violência contra crianças em contexto doméstico, será
aplicada, elevando a pena mínima de 12 para até 40 anos.
A remoção do corpo de
Rafaela pelo Instituto Médico-Legal (IML) gerou comoção na rua: moradores se
reuniram em silêncio, oferecendo apoio à família, enquanto gritos de
"justiça" ecoavam. A PCDF segue investigando o pai e testemunhas para
apurar negligência ou omissões. O Ministério Público do DF (MPDFT) deve
requisitar perícia toxicológica em Iraci e análise de histórico de violência
doméstica.
O duplo homicídio expõe falhas em sistemas de proteção à infância e rastreamento de foragidos interestaduais, demandando maior integração entre polícias. Até o fechamento desta reportagem, a defesa de Iraci não se manifestou.
Com informações de Portal Folha do Progresso

Nenhum comentário:
Postar um comentário