Foto: Davi Pinheiro/Governo do Ceará |
"A
necessidade de medidas de distanciamento social para o controle da propagação
do coronavírus paralisaram temporariamente algumas atividades econômicas, o que
também influenciou na decisão das pessoas de procurarem trabalho. Com o
relaxamento dessas medidas ao longo do ano, um maior contingente de pessoas
voltou a buscar uma ocupação, pressionando o mercado de trabalho”, disse a
analista da pesquisa, Adriana Beringuy.
No
intervalo de um ano, a população ocupada caiu 7,3 milhões de pessoas, chegando
ao menor número da série anual. “Saímos da maior população ocupada da série, em
2019, com 93,4 milhões de pessoas, para 86,1 milhões em 2020. Pela primeira vez
na série anual, menos da metade da população em idade para trabalhar estava
ocupada no País. Em 2020, o nível de ocupação foi de 49,4%”, informou Adriana.
Essa
queda da ocupação foi disseminada por todos os trabalhadores. O número de
empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado (fora
trabalhadores domésticos) teve redução recorde em um ano de 2,6 milhões, recuo
de 7,8%, ficando em 30,6 milhões de pessoas. Os trabalhadores domésticos (5,1
milhões) também tiveram a maior queda já registrada, de 19,2%.
Houve
também redução de 1,5 milhão de pessoas entre os trabalhadores por conta
própria, que somaram 22,7 milhões, uma retração de 6,2% em relação a 2019. O
número de empregados sem carteira assinada no setor privado (9,7 milhões) caiu
16,5%, menos 1,9 milhão de pessoas. Até o total de empregadores recuou 8,5%,
ficando em 4,0 milhões.
A
taxa de informalidade passou de 41,1% em 2019 para 38,7% em 2020, o que
representa 33,3 milhões pessoas sem carteira assinada (empregados do setor
privado ou trabalhadores domésticos), sem CNPJ (empregadores ou empregados por
conta própria) ou trabalhadores sem remuneração.
Os
desalentados, aqueles que desistiram de procurar trabalho devido às condições
do mercado, somaram a 5,5 milhões de pessoas 2020, uma alta de 16,1% em relação
ao ano anterior.
“Com
os impactos econômicos da pandemia, muitas pessoas pararam de procurar trabalho
por não encontrarem na localidade em que vivem ou por medo de se exporem ao
vírus. Durante o ano de 2020, observamos que a população na força de trabalho
potencial cresceu devido ao contexto. Esse processo causado pela pandemia,
somado às dificuldades estruturais de inserção no mercado de trabalho, podem
ter reforçado a sensação de desalento”, afirmou a analista da pesquisa.
Em
um ano de perdas generalizadas, a exceção entre as atividades foi a
administração pública, que cresceu 1%, com mais 172 mil trabalhadores,
impulsionada pelos segmentos de saúde e educação. Construção fechou 2020 com
perda de 12,5% na ocupação, seguido de comércio (9,6%) e indústria (8,0%). Os
serviços foram os mais afetados, com destaque para alojamento e alimentação
(21,3%) e serviços domésticos (19,0%). Outros serviços reduziram 13,8% e
transportes, 9,4%. Os menores percentuais ficaram com agricultura (2,5%) e
informação e comunicação (2,6%), que, inclusive, interrompeu três anos seguidos
de crescimento da ocupação.
Queda no desemprego no quarto trimestre
No
último trimestre de 2020, a taxa de desocupação caiu para 13,9%, depois de
atingir 14,6% no terceiro trimestre, encerrado em setembro, o maior patamar já
registrado na comparação trimestral.
“O
recuo da taxa no fim do ano é um comportamento sazonal por conta do tradicional
aumento das contratações temporárias e aumento das vendas do comércio. É
interessante notar que mesmo num ano de pandemia, o mercado de trabalho mostrou
essa reação”, explicou a analista da pesquisa.
Nos
últimos três meses do ano foi registrado aumento na ocupação em quase todos os
grupos de atividades: agricultura (3,4%), indústria (3,1%), construção (5,2%),
comércio (5,2%), alojamento e alimentação (6,5%), informação e comunicação
(5,8%) outros serviços (5,9%), serviços domésticos (6,7%) e administração
pública (2,9%). Apenas transporte ficou estável.
Fonte:
MSN/ESTADÃO
Nenhum comentário:
Postar um comentário