Decisão
restringe contato pessoal a advogados e familiares próximos
|
Foto: Gabriel de Paiva |
O
ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PR) foi preso pela Polícia
Federal (PF) na manhã desta quarta-feira (13), por volta das 10h30m,
na porta da Rádio Tupi, em São Cristóvão, Zona Norte do Rio, onde
apresenta seu programa diário de rádio. A Justiça condenou
Garotinho por compra de votos e determinou que ele cumpra prisão
domiciliar.
A
decisão estabelece ainda o uso de tornozeleira eletrônica, proíbe
a utilização de telefones celulares e restringe o contato pessoal a
advogados e familiares próximos — mãe, netos, filhos e a mulher,
a ex-governadora do Rio Rosinha Garotinho (PR). A medida será
cumprida em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, na casa que o
ex-governador mantém no bairro da Lapa.
No
entendimento da Justiça, o grupo comandado por Garotinho segue
cometendo crimes, como ameaça a testemunhas e destruição de provas
— há ainda uma denúncia, que está sendo apurada em outro
processo, de tentativa de suborno ao juiz Glaucenir de Oliveira,
quando ele esteve à frente da "Operação Chequinho".
Essas evidências, segundo a decisão, justificam a necessidade
imediata de prisão.
Além
da medida cautelar, Garotinho foi condenado à prisão em regime
fechado por corrupção eleitoral, associação criminosa e supressão
de documentos públicos. No entanto, esta condenação precisa ser
confirmada em segunda instância para que a reclusão passe a
vigorar.
Segundo
a sentença, assinada pelo juiz Ralph Manhães, da 100ª Zona
Eleitoral, a prefeitura de Campos, então comandada por Rosinha —
Garotinho era o secretário de Governo —, desembolsou R$ 11 milhões
entre junho e agosto do ano passado num esquema paralelo do programa
Cheque Cidadão.
O
processo traz notas fiscais registrando as transações. Os cartões
eletrônicos, cada um com R$ 200, foram distribuídos por candidatos
a vereadores aliados do casal a potenciais eleitores.
O
objetivo era montar uma base de sustentação na Câmara Municipal
para o candidato governista à prefeitura, Dr. Chicão (PR), que
acabou derrotado. Ao todo, 17.500 pessoas fizeram parte do cadastro
irregular.
IDEALIZADOR
DE ESQUEMA
Garotinho
foi apontado pela investigação, conduzida pela Polícia Federal e
pelo Ministério Público do Estado do Rio (MP-RJ), como o
idealizador do esquema.Ele convocou uma reunião em que o mecanismo
de atuação ficou definido. Um formulário foi criado e, à noite,
cabos eleitorais dos candidatos iam à prefeitura para recolher os
papéis, que eram levados para as bases eleitorais de cada um.
Após
serem preenchidos pelos interessados, os formulários eram levados de
volta para a sede da administração municipal, sempre fora do
horário de expediente.Doze digitadores foram contratados
especificamente para passarem ao computador os nomes dos
beneficiários que iriam compor o cadastro irregular.