A
interdição da BR-230 na altura do município de Rurópolis, localizado no
oeste do Pará, desde a última segunda-feira, 19, tem gerado muita
polêmica para quem precisa transitar pela rodovia. A Transamazônica foi
ocupada por cerca de 500 agricultores de pelo menos quatro municípios da
região (Rurópolis, Trairão, Aveiro e Itaituba) como forma de protestar
contra o governo e cobrar por melhorias. Entre as exigências estão a
abertura e conservação de estradas e ramais, asfaltamento de trechos das
rodovias Transamazônica e Santarém-Cuiabá, implantação do programa "Luz
para todos" do governo federal e construção de escolas e postos de
saúde.
Na segunda-feira a situação ficou
complicada por horas. Caminhoneiros queriam romper, à força, a barreira
imposta pelos ocupantes, mas foram impedidos. Segundo os manifestantes,
até uma arma de fogo foi sacada por um dos motoristas. No final da
tarde, depois de negociações entre os sindicalistas e a Policia
Rodoviária Federal, ficou acertado que os manifestantes iriam dar uma
trégua de algumas horas para que as filas de veículos que estavam nos
dois sentidos da rodovia pudessem passar. A estrada voltou a ser fechada
novamente na terça-feira de manhã.
Para hoje está prevista uma reunião na
Câmara dos Vereadores de Rurópolis entre os representantes da Rede
Celpa, EletroNorte e os manifestantes para tratar sobre a questão de
fornecimento de energia para os municípios afetados. Este é apenas um
dos vários pedidos feitos pelos integrantes do movimento.
Quem precisou passar pela rodovia
reclamou do bloqueio realizado. "Estou vindo de longe, trazendo tomate,
que é uma carga com prazo curto de validade. Se eu tiver que esperar
mais tempo aqui a carga vai acabar se perdendo", disse o caminhoneiro
José Luiz. Ele transporta 600 caixas de tomate para Itaituba. O valor da
mercadoria é de R$ 21 mil. Assim como José Luiz, dezenas de
caminhoneiros estão preocupados em como chegar ao seu destino final sem
que haja prejuízo.
O presidente do Sindicato dos
Trabalhadores de Rurópolis, Marciano Lira, que é um dos líderes do
movimento, afirma que a região está em total abandono por parte do
governo federal. "Estamos com uma pauta de reivindicações que já não é
novidade, não estamos pedindo nada demais, estamos apenas cobrando uma
dívida que o governo tem com o povo da região. Temos um plano de
desenvolvimento da BR-163 que não foi atendido até o momento, queremos
que este plano entre em ação", disse Marciano Lira. Ele ainda
acrescentou que a questão do asfaltamento da BR é um fator de destaque, e
que o governo deve, também, concluir as pontes que nos últimos meses
têm causado acidentes graves.
Participam da mobilização os
trabalhadores organizados nos Sindicatos dos Trabalhadores e
Trabalhadoras Rurais de Rurópolis, Itaituba, Trairão e Aveiro, além de
movimentos sociais como o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), a
Comissão Pastoral da Terra (CPT), Comissão Justiça e Paz e associações
de agricultores.
FONTE: WD Notícias/WIlson Soares
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