Brasil Novo Notícias: Operários ateiam fogo em galpões

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Operários ateiam fogo em galpões


Uma manifestação de operários da construção civil terminou com o incêndio de quatro galpões dos canteiros Belo Monte e Pimental, no último final de semana, que integram o projeto da usina hidrelétrica de Belo Monte, no município paraense de Altamira. A categoria protestou contra a proposta de aumento salarial apresentada pelo Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM). A primeira ação ocorreu na noite de sexta-feira, 9, quando foram incendiados quatro galpões do almoxarifado após a informação de que o aumento proposto pela empresa seria de apenas 7%. Já no sábado, 10, os protestos tomaram conta do canteiro de Pimental, que, de acordo com uma liderança dos trabalhadores, teve instalações e alojamentos destruídos. "Por volta das 16 horas, o Sindicato da Construção Pesada do Pará (Sintrapav) foi ao Pimental e anunciou que havia fechado um acordo com o CCBM de aumento de 11%. Em nenhum momento, esta proposta foi discutida com as bases. Foi um acordo a portas fechadas entre sindicato e empresa, e os operários se revoltaram", disse o trabalhador Emiliano de Oliveira.

De acordo com Oliveira, os diretores do sindicato foram expulsos do canteiro juntamente com toda a equipe administrativa do Sítio Pimental, mas houve uma rápida intervenção da Polícia Militar e da Força Nacional de Segurança. "Ocorreram prisões e sabemos que há trabalhadores feridos, mas estamos sem nenhum apoio do sindicato e não sabemos quantos são, quem são e onde estão", afirma o trabalhador.

Segundo os trabalhadores, a categoria tem três reivindicações principais, que não foram negociadas ainda pelo sindicato: aumento salarial acima do oferecido já que, segundo a categoria, a inflação em Altamira chegou aos 30% em 2012, equiparação salarial entre os canteiros de obras – há denúncias de que operários com a mesma função recebem salários diferentes nos canteiros de Pimental e Belo Monte, e mudança de regras da baixada (folga para visitar as famílias). "O aumento que estão oferecendo é ridículo. Pode até ser que a inflação no país tenha sido de cerca de 5%, mas em Altamira a coisa é diferente. Um prato feito chega a custar R$ 17", relatou outro trabalhador.

Sem solução desde as paralisações do início deste ano, de acordo com os operários de Belo Monte, a baixada continua diferenciada em relação às demais obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). "Enquanto em todas as demais obras a baixada de dez dias acontece a cada três meses, em Belo Monte eles só nos liberam de meio em meio ano. Também só têm baixada os profissionais como pedreiro, motorista e carpinteiro. Ajudantes e serventes não têm esse direito. E agora o CCBM quer mudar as regras e só pagar passagem de avião pra quem mora a mais de 1,5 mil quilômetros de Belo Monte. Os outros teriam que ir de ônibus, o que só de ida e volta consome mais da metade da baixada, em muitos casos", explica Oliveira.

Segundo os trabalhadores, as forças policiais continuam guardando o canteiro de Pimental, mas o CCBM já teria avisado que todos os operários devem retomar as atividades hoje, sob pena de demissão sumária. "O problema é que Pimental está destruído, não tem como trabalhar. Na prática, o canteiro já está em greve. Mas o clima está tenso. Helicópteros da polícia sobrevoam seguidamente a cidade de Altamira, e estamos sem proteção nenhuma do sindicato", afirma um trabalhador. Alguns dos operários afirmaram que a proposta de greve por tempo indeterminado deve ser votada até o final desta semana, com ou sem apoio do sindicato.


O Liberal

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