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quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

GÊMEAS QUE NÃO ACORDAM DESDE O NASCIMENTO INTRIGAM MÉDICOS NO PARÁ

Foto: Reprodução G1
Após seis meses sem acordar em estado semelhante ao coma, as gêmeas Ana Júlia e Ana Sofia continuam sem diagnóstico. Elas realizaram exames extras nesta sexta-feira (6), que foram encaminhados ao laboratório especializado em São Paulo, segundo o Hospital Regional Público do Araguaia (HRPA), em Redenção, no sul do Pará. O caso raro deixou profissionais de saúde intrigados na cidade por elas não esboçarem reação desde o parto.
Segundo os médicos, as pacientes têm apenas reflexos primitivos e estão em sono profundo. As duas também não conseguem respirar sem a ajuda de aparelhos. A alimentação é feita por um composto desenvolvido especialmente para elas, através de sonda gástrica. “Elas só têm os reflexos primitivos, não acordam e têm convulsões constantes”, relata a médica Helena Coelho, pediatra intensivista da UTI.
Ainda não foi dado um diagnóstico, mas o hospital informou que as pacientes apresentam suspeitas de “erro inato do metabolismo”, desordem genética rara que ocorre quando o corpo não consegue, de forma correta, transformar os alimentos em energia. “É uma doença genética que pode ter resultado de vários fatores que comprometam o metabolismo. O paciente tem quadro neurológico afetado, comprometimento da respiração e quadro comatoso. Mas a gente ainda tem que fazer exames mais específicos que não temos como fazer no nosso hospital”, diz Helena.
Ambas foram cadastradas no Serviço de Informação de Erros Inatos de Metabolismo (Siem), vinculado à Universidade do Rio Grande do Sul e ao Ministério da Saúde, que está orientando as condutas a serem adotadas, segundo o Governo do Estado.
Em nota, a hospital informou que tem dado todo o suporte necessário e que as irmãs têm recebido assistência de equipe multidisciplinar, composta por pediatras, neurologistas, nutricionista, fonoaudióloga e outros profissionais. A unidade disse ainda que segue trabalhando arduamente, empenhada em prover a melhor pesquisa, elucidação diagnóstica e tratamento das gêmeas.
Exames
De acordo com o hospital, os exames adicionais realizados nesta sexta incluem estudo molecular, investigação de epilepsia, dosagem de amônia na urina, entre outros. Anteriormente, na primeira bateria de exames, a unidade já havia solicitado exames básicos laboratoriais; cromatografias; dosagem de ácido orotio na urina; teste do pezinho plus e máster; e rotina de líquor.
Hipóteses
Como ainda não há diagnóstico, a equipe do HRPA trabalha com as hipóteses de encefalopatia epiléptica neonatal, provavelmente genética, não metabólica; deficiência de piridoxina; deficiência de glut4, hiperglicemia não cetótica; deficiência de serina, displatia cortical; e sequela de anoxia e micro deleção.
Mãe fica à espera de respostas
A mãe, Luana Tintiliano da Silva, acompanha as filhas no hospital e aguarda pelo diagnóstico. Durante a gestação, ela passou por uma cirurgia de apêndice quando estava grávida de três meses, além de ter sido diagnosticada com miomas no útero. Os médicos descartaram qualquer relação da cirurgia que ela passou durante a gravidez com o quadro atual das crianças.
Mesmo após o parto, Luana disse que não tem dormido regularmente. Ela fica em uma cadeira reclinável, onde passa as noites no hospital. Os médicos ainda não explicaram a causa da falta de sono. Ela disse que já chegou a ficar até cinco dias sem dormir.
“Eu tinha miomas no útero e não sabia que estava grávida. Comecei a passar mal e fui para o hospital. Chegando lá descobri que estava grávida de gêmeas. Eu sentia muita dor na barriga e os médicos não entendiam o motivo. Então, decidiram abrir a minha barriga para encontrar a causa. Fui avisada do perigo desse tipo de cirurgia, principalmente porque eu estava grávida e isso nunca tinha sido feito em Redenção”.
Quando a cirurgia foi feita, os médicos constataram a apendicite. “Eu fiquei bem após a cirurgia e até o nascimento das crianças, que nasceram aos oito meses por decisão médica. Quando elas nasceram, as meninas não choraram, e isso assustou os médicos. Elas não se mexiam, não esboçaram nenhuma reação. Tinha uma mulher no laboratório que disse ficou impressionada, não estava entendendo porque elas não se mexiam”, contou Luana.
Fonte: G1/PA

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