Os indígenas se juntaram a um grupo de pescadores que já estão acampados
na região desde o dia 17 de setembro em protesto pela demora no
cumprimento de acordos firmados em um documento que resultou no PBA –
Plano Básico Ambiental assinado por várias autoridades além da Norte
Energia, empresa responsável pela implantação, e funcionamento da Usina.
Foto: Felype Adms. |
Após várias reuniões realizadas em Altamira e Brasília, a respeito das
condicionantes impostas pelo IBAMA para a mitigação dos impactos às
populações tradicionais, as lideranças Xipaia, Arara da Cachoeira Seca,
Curuaia, Juruna e Caiapós ameaçam atear fogo nas máquinas do sítio
Pimental caso os Presidentes da Norte Energia, FUNAI, IBAMA não
compareçam para negociar o cumprimento das condicionantes.
“A gente não quer mais acordo, não dá pra acreditar nesse ‘pessoal’, ou
eles começam os serviços e as benfeitorias prometidas agora ou então
vamos derramar sangue no Xingu, todo mundo aqui está pronto pra guerra”
Disse o Cacique Jair Xipaia.
Os índios ameaçam invadir os escritórios do consórcio e prometem
pressionar o governo federal se necessário com detenção de operários. Em
entrevista, as lideranças atacam o governo federal e dizem que estão em
seu território que foi “invadido” pelas máquinas.
As chaves dos veículos foram tomadas pelos índios, mais de 30 veículos
foram apreendidos, as lideranças pretendem juntar mais de 500 índios
guerreiros nos próximos dois dias e iniciar o que eles chamam de guerra
pela vida dos povos tradicionais.
“Nós moradores aqui a milhares de anos, nunca imaginávamos que
seriamos expulsos, hoje nossos direitos não estão sendo respeitados,
ninguém aqui invadiu a obra, a obra é que está dentro da nossa casa” Disse Juma Juruna.
Foto: Felype Adms. |
Além dos acordos firmados no PBA e as condicionantes indígenas, as
lideranças cobram em caráter de emergência acesso às aldeias, perfuração
de poços artesianos, navegabilidade próximo as ensecadeiras atendimento
à saúde indígena, alimentos, comunicação via rádio, energia elétrica,
reforma e construção de casa de apoio em Altamira.
O acampamento montado próximo ao sítio Pimental pelos pescadores da
Colônia Z 57 continua com pelo menos 20 pessoas, segundo Lúcio Vale
presidente da Colônia o momento é de cobrar ações, pois já foram feitas
inúmeras reuniões e até esta data nada foi resolvido.
“Na reunião feita com a gente, prometeram ações e navegabilidade para
os pescadores já a partir de setembro, já estamos em outubro, as obras
estão avançando rápido e a gente está ficando para trás, mentiram pra
todos nos aqui” Disse Lúcio.
Sobre a invasão, o Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM), responsável
pelas Obras na volta grande do Xingu, informou que paralisou as
atividades no canteiro por questões de segurança.
A Norte Energia, empresa responsável pela construção, operação e
funcionamento de Belo Monte, informou em nota que ingressará na comarca
de Altamira com ação que visa à reintegração de posse do canteiro
ocupado.
www.oxingu.com
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