Com o objetivo de acalmar o mau humor do mercado em relação à Petrobras, o governo estuda um aumento "simbólico" no preço dos combustíveis ainda neste ano.
A decisão ainda não está tomada e depende da palavra final da presidente Dilma, que pode vir nesta semana em reunião com o ministro Guido Mantega (Fazenda).
A Folha apurou que o aumento, se concedido neste ano, será menor do que o reivindicado pela Petrobras. O número que a presidente da companhia, Graça Foster, comentava em reuniões da cúpula da estatal era 10%.
A opção por um ajuste menor que o pedido visa evitar impacto inflacionário significativo neste fim de ano. Um aumento elevado poderia levar a inflação a estourar o teto da meta em 2014, de 6,5%.
Alívio na defasagem
Outro motivo para o reajuste menor é que a defasagem dos preços da gasolina e do diesel cobrados no mercado interno em relação aos preços internacionais de petróleo e derivados, que chegou a 20% em alguns períodos no ano, praticamente não existe desde o início deste mês.
A queda no preço do barril de petróleo, que despencou do patamar de US$ 100 para cerca de US$ 85, levou o preço da gasolina brasileira a ficar 2,8% acima do preço internacional, e o diesel, 3,5% abaixo, segundo o Centro Brasileiro de Infraestrutura.
Por causa da queda no preço, setores do governo consideram que, neste momento, o reajuste dos combustíveis dentro do Brasil seria dispensável, o que ajudaria a combater a inflação em 2014 num momento de dólar em alta.
Mas a estatal argumenta que, embora tenha estancado as perdas financeiras diárias com a venda de derivados, precisa ainda reduzir os prejuízos passados, estimados em R$ 60 bilhões desde 2011, segundo avaliação da corretora Gradual.
Por isso, o reajuste ainda é necessário para reforçar a geração de caixa da companhia. É desse caixa que saem recursos para investimentos, pagamento de dívida e remuneração dos acionistas.
Caso seja aprovado, técnicos defendem que a data do reajuste seja no final de novembro, exatamente para evitar maiores impactos inflacionários ainda neste ano.
Tecnicamente, a decisão de reajuste é da diretoria da Petrobras.
Na prática, porém, é da presidente da República. A União controla a empresa e é dona de 28,7% de suas ações. Considerando os fundos de pensão de estatais e o BNDES, essa participação chega a 48,8%.
Tradicionalmente, o reajuste só é anunciado ao mercado depois de a diretoria apresentar o percentual ao conselho de administração, que, no entanto, não participa do processo decisório.
Procurada, a Petrobras não comentou a questão.
Por: Samantha Lima do Rio e Valdo Cruz de Brasília
Fonte: Folha de S. Paulo
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