O percurso de 3,5km entre a Catedral da Sé e a Basílica Santuário, percorrido por milhares de fieis e romeiros na grande procissão do Círio de Nossa Senhora de Nazaré foi cumprido em pouco menos de seis horas (5'45") e marcado pela tranquilidade. A berlinda com a imagem da padroeira dos paraenses chegou à Praça Santuário ao meio dia, encerrando a romaria de número 222.
De acordo com o coordenador do SAMU, Guataçara Gabriel, este foi um dos círios mais rápidos e com menos incidentes graves da história. Em um balanço parcial, feito logo após a chegada da berlinda à Praça Santuário, foram contabilizados 270 atendimentos médicos em todo o trajeto da procissão. Destes, oito, foram transferidos para os hospitais Metropolitano e de Pronto Socorro da 14 de Março. Entre eles estavam uma ocorrência de corte profundo, causado pela utilização de objetos cortantes na corda, e um princípio de aborto.O baixo índice de atendimentos, explicou Guataçara, deveu-se ao menor tempo de procissão. “Quanto mais rápido a berlinda chega, menor é um número de pessoas machucadas ou que apresentam mal estar. Esta é uma prova de que precisamos nos organizar, junto com a diretoria da Festa, para que a procissão chegue sempre cedo no CAN”, explicou.
Profissionais do 1º Centro Regional de Saúde (CRS), vinculado à Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), destacou 177 servidores, entre médicos, enfermeiros e técnicos de Enfermagem, para prestar atendimento médico nas doze romarias que integram o calendário oficial do Círio, além das 15 noites em que ocorrerão os shows do Círio Musical, na Praça Santuário.
O atendimento foi feito em parceria com os voluntários da Cruz Vermelha e teve a retaguarda do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) 192 e de hospitais públicos e particulares. Sete postos fixos (ambulâncias) foram instalado em todo o trajeto da procissão, munidos de toda estrutura de urgência e emergência, incluindo equipamentos como desfibriladores, oxímetros e cilindros de oxigênio, e três postos móveis, com ambulâncias disponíveis em pontos estratégicos ao longo do percurso.
Para a secretária geral da Cruz Vermelha, Daniele Silva, o trabalho de parceria com Sespa garantiu a estrutura, assim como medicamentos, para o trabalho desenvolvido pelo voluntariado durante o Círio.” Ocorreu tudo dentro do esperado. Foram muitos casos de hipertensão e desidratação, mas graças à rapidez com que a berlinda chegou ao final da procissão foi tudo mais tranquilo”, comentou.
Segurança – Como em todas as procissões, tropas da Polícia Militar, somando seis mil homens, e o efetivo da Polícia Civil atuarão nas doze procissões que integram a programação do Círio. Ao todo, mais de 27 mil profissionais, incluindo os da área da saúde, atuarão no esquema especial.
A PM contou com o reforço de 80 homens, que vieram dos municípios de Castanhal e Barcarena para garantir a seguranças de romeiros e turistas.
O trabalho foi cooordenado pela Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) e integrou as ações da PM, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros, Departamento de Trânsito do Estado (Detran), Centro Integrado de Operações (Ciop), Guarda Municipal de Belém, Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana (Semob) e Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Bombeiros - O Corpo de Bombeiros Militar do Pará atuou no Círio de Nazaré com um efetivo de 1.436 homens, nos serviços de prevenção e combate à incêndio, salvamento, atendimento de urgência e emergência, controle de pânico, vistorias em edificações, arquibancadas e queima de fogos de artifícios, entre outras atividades. O objetivo é preservar a integridade patrimonial e física do público que acompanha a programação.
Segundo o major Jaime Benjó, do Corpo de Bombeiros, ao longo de todo o trajeto não foi registrado nenhum incidente. “A maior parte dos atendimentos foi de ocorrências de desmaios e queda da pressão arterial devido ao calor”, explicou. A procissão desta manhã mobilizou 239 homens da corporação.
Cultura – Organizado pelo Instituto de Artes do Pará (IAP) e já tradicional nas programações do Círio, o Grand Coral encantou quem passou pela avenida Presidente Vargas. O coral é composto por cantores profissionais e amadores de Belém e também por idosos. Durante quase dois meses eles se prepararam para a apresentação deste domingo, que contou com um repertório de canções marianas como “Senhora da Berlinda” e “Maria, Maria”, que incluiu o samba-enredo de 1975, composto por Dominguinhos do Estácio para homenagear a “Festa do Círio de Nazaré”.
Devoção – O menor tempo de procissão também aliviou o sofrimento dos pagadores de promessas que fizeram de sua participação uma forma de agradecimento. Foi o caso da dona de casa, Ruthlena Ribeiro, que há quatro anos acompanha o Círio de joelhos. “Eu pedi uma casa e minha família de volta e consegui. Graças a Nossa Senhora eu agora tenho um lar e não preciso mais ficar de favor pela casa dos outros”, comentou.
A mesma fé também levou o autônomo Paulo Lima a acompanhar a procissão de joelhos. “há oito anos minha esposa engravidou de gêmeos e perdeu os bebês. Ao mesmo tempo ela foi assaltada e teve uma crise de pânico, não conseguia mais engravidar. Eu pedi a Nossa Senhora que intercedesse por nós. Um dia ela acordou sem dores e há três anos eu sou pai”, testemunhou.
AP
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