No Pará, a média de
sucesso da polícia nos esforços de recuperação de veículos roubados ou furtados
no Estado é hoje de 72,33%. Isso representa aproximadamente 355 veículos
recuperados por mês – ou o equivalente a 12 casos solucionados por dia, um a
cada duas horas.
O
Centro de Perícias Criminais (CPC) Renato Chaves tem sido fundamental para
esses números. Ele ajuda a desvendar e confirmar crimes relacionados ao furto e
adulteração de registros de veículos – em um trabalho, realizado em parceria
com vários órgãos que fazem parte da Secretaria de Estado da Segurança Pública
e da Defesa Social do Pará (Segup), como o Departamento de Trânsito do Estado
do Pará (Detran-PA) e a Polícia Civil.
As
adulterações variam conforme o nível de habilidade dos criminosos, tipo de
veículo, região, etc. Existem situações em que um comprador, desconfiado da
procedência do carro, moto ou de qualquer outro veículo, solicita uma
verificação minuciosa. Do mesmo modo, a polícia ou o Detran podem perceber
características que indiquem algum tipo de falsificação na “identidade” do
carro. Para esclarecer a suspeita, o CPC investiga o caso para comprovar a
alteração e também confirmar a identidade do verdadeiro dono do veículo.
“Sempre
dizemos que o crime, geralmente, se especializa. E a polícia precisa se
especializar também. Por isso é necessário que o perito também seja um
especialista em verificar estas alterações”, diz Rildo Platino, perito e
responsável pela Gerência de Perícias Veiculares (GPV), departamento do CPC que
atua desde os anos 1990, dedicado exclusivamente a perícias em veículos. “Entre
as diversas análises que fazemos, cerca de 50% da nossa demanda é de perícias
na área criminal”.
Alguns
destes criminosos se especializam em tipos específicos de adulteração, como as
feitas em caminhões de uma determinada marca e ano. O perito Reinaldo Faial
narra a história de um falsário que só adulterava caminhões modelo Mercedes ano
1996. Ele era um dos melhores daquela época. “Era muito criativo e fazia um
trabalho que poucos peritos conseguiam perceber. Por fazer tão bem esse tipo de
serviço, vários peritos não viam detalhes mínimos deixados por ele”.
Especialista
em motores que há 24 anos trabalha no CPC, o engenheiro mecânico Faial alerta:
o olhar do perito é algo que precisa ser treinado durante anos para perceber
esses tipos de minúncias. Foi a sua equipe que conseguiu prender o falsário que
driblava perícias. “Esse tipo de criminoso, mesmo que seja muito bom, deixa a
sua marca. E como nossa equipe possui um nível de experiência e treinamento
alto, conseguimos desvendar esses quebra-cabeças e ajudar a polícia a encontrar
os verdadeiros donos destes veículos”.
Entre
os principais veículos roubados estão motos e bicicletas. De acordo com dados
do CPC, nove em cada dez veículos roubados são motos. E graças às investigações,
mais de 90% delas hoje são recuperadas. “As motos e bicicletas são os
principais alvos dos bandidos, devido o tamanho e a quantidade que temos na
cidade. Mas o roubo é só parte da cadeia criminosa. Há também a receptação, a
falsificação e a venda para o cliente, que, em alguns casos, inclusive não sabe
que está comprando um produto roubado”, explica o perito Rildo Plantino.
Serviço
Especializado
As
demandas de perícia criminal ligadas a veículos são encaminhadas principalmente
pela Delegacia de Repressão e Roubos e Furtos de Veículos (DRFV), vinculada à
Divisão de Repressão. É na DRFV que o resultado das perícias se transformam em
ações diretas que ajudam a capturar toda a rede que envolve o roubo e a
receptação de veículos roubados e com identificação adulterada.
As
quadrilhas de veículos geralmente roubam nas capitais. Depois, adulteram os
chassis e vendem esses veículos em municípios distantes, muitas vezes até em
outros estados, onde aquele carro não é procurado. E esses crimes aumentam à
medida que a frota de veículos aumenta no Estado. “Hoje nós já temos um banco
de dados desses roubos, que nos ajuda a cruzar informações e saber onde ocorreu
a falsificação e o trajeto que esse produto roubado percorreu até a venda”,
explica o delegado titular da DRFV, Raphael Cecim.
O
delegado também detalha que estes grupos têm características próprias. Possuem
vínculos momentâneos – ou seja, unem-se para fazer alguns roubos por encomenda
e se separam -, algo bem diferente do que acontece entre os ladrões de banco,
por exemplo. Daí o produto segue para um falsificador, que o vende em algum
lugar muito distante da cidade onde foi roubado.
“Neste
ponto, a perícia do CPC é essencial para o nosso trabalho. Estamos treinando
cada vez mais nossos policiais para perceber os diversos tipos de falsificações
de veículos, como carros, motos e caminhões. Mas é com base na análise feita
por estes profissionais que conseguimos reunir informações suficientes. E não
apenas para revelar os verdadeiros donos destes produtos roubados, mas também
para conseguir pistas da identidade desses criminosos”, explica o delegado
Raphael Cecim.
Por: Diego Andrade
Nenhum comentário:
Postar um comentário