O Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM), responsável pelas obras na
Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu (PA), informou que está
tomando as medidas judiciais cabíveis contra uma nova greve de seus
funcionários, deflagrada nesta segunda-feira (22) pelo Sindicato dos
Trabalhadores da Construção Pesada do Pará (Sintrapav-PA).
Segundo o Consórcio, a paralisação surgiu do não atendimento pelo CCBM
de reivindicações realizadas fora da data-base da categoria e "em plena
vigência" de Acordo Coletivo de Trabalho, que tem validade até outubro
de 2012. "Por esta razão, amparado na legislação vigente, (o CCBM) está
tomando todas as medidas judiciais visando o encerramento do movimento
e o retorno dos funcionários ao trabalho", diz o consórcio, em
comunicado.
O CCBM também diz que "segue, como sempre esteve, aberto ao diálogo com
seus trabalhadores" e afirma esperar que o movimento grevista
"transcorra em clima de normalidade, sem atos de vandalismo".
No final de março, trabalhadores de Belo Monte paralisaram as
atividades de algumas das cinco frentes de trabalho da construção da
hidrelétrica, após trabalhadores das usinas do Rio Madeira (RO) Santo
Antonio e Jirau terem iniciado movimento semelhante visando melhoria
salarial e de condições de trabalho. O CCBM exigiu o retorno dos
operários ao trabalho para iniciar as negociações.
Segundo trabalhadores entrevistados pelo Grupo Estado, na última rodada
de negociação, na semana passada, o CCBM teria proposto um aumento do
vale-alimentação para R$ 110, ante os atuais R$ 95 ainda assim abaixo
do valor pedido pelos trabalhadores, de R$ 300. Além disso, sugeriu
manter os seis meses entre os recessos para os trabalhadores visitarem
as famílias, rejeitando o pedido de redução do tempo de "baixada". Na
pauta de reivindicações dos trabalhadores constam, ainda, a melhoria
nos transportes (troca de ônibus), revisão de salários (equiparação
salarial) e cumprimento de cláusulas do acordo coletivo.
Após a última reunião, realizada na terça-feira passada, os
trabalhadores decidiram, em assembleias realizadas em cada um dos
canteiros de obras - Porto e Acessos, Canais e Diques, Pimental, Belo
Monte e Infraestrutura -, não aceitar a contraproposta apresentada pelo
CCBM e cruzar os braços por tempo indeterminado e o Sintrapav notificou
os empreendedores e o Ministério do Trabalho sobre a greve.
Atualmente, as obras de construção de Belo Monte contam com cerca de 7
mil trabalhadores contratados, além de aproximadamente 2 mil
terceirizados. Segundo o Sintrapav-PA, apenas seguem trabalhando cerca
de 800 pessoas, que atuam na prestação de serviços considerados
essenciais, como alimentação e limpeza.
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