O vice-presidente da State Grid Brazil Holding, Ramon Haddad, anunciou após o fim da licitação da segunda linha de transmissão de Belo Monte nesta sexta-feira, 17, que a companhia conversará com players do mercado de transmissão brasileiro em busca de parceiros interessados na construção do empreendimento. De acordo com o executivo, a Eletrobras, parceira da State Grid na construção da primeira linha de transmissão de Belo Monte, será procurada "em especial".
"Nossa tentativa é de continuar negociando alguma parceria devido à complexidade do projeto. Parceria é um formato adequado para implementá-lo (o projeto) com sucesso. A busca continuará", afirmou Haddad.
De acordo com o executivo, a State Grid tinha intenção de repetir o acordo feito com a Eletrobras na disputa pela primeira linha de transmissão de Belo Monte, mas entraves vinculados ao cronograma do leilão impediram o avanço nas negociações. No leilão da primeira linha, realizado no início de 2014, a State Grid (51% de participação) formou o consórcio com as estatais Eletronorte e Furnas (24,5% cada uma), controladas da Eletrobras.
O projeto licitado hoje, avaliado em cerca de R$ 7 bilhões, deve estar concluído até o final de 2019. Segundo Haddad, a State Grid considera o prazo de 50 meses para a conclusão da obra "desafiador", mas possível de ser cumprido. O executivo também destacou o objetivo do grupo chinês em cumprir o cronograma da primeira linha de transmissão de Belo Monte, apesar do atraso no processo de licenciamento. A linha deve estar concluída já em 2016.
No caso do empreendimento licitado hoje, pode haver um descasamento de prazo entre a conclusão da linha de transmissão, no final de 2019, e o início da entrada de operações de grandes máquinas na hidrelétrica de Belo Monte, no mesmo ano. Para equacionar a situação, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aposta na utilização de outras rotas que garantam o escoamento de energia da hidrelétrica.
Para financiar o projeto da segunda linha de transmissão, a State Grid pretende contar com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no limite de até 50% do valor do projeto, da emissão de debêntures de infraestrutura e de outras linhas de crédito não reveladas por Haddad.
Geração e distribuição
A chinesa State Grid, vencedora dos mais importantes leilões recentes de transmissão do Brasil, também está interessada em ingressar nos mercados de geração e distribuição. De acordo com Haddad, a companhia analisa todas as oportunidades existentes no mercado nacional, desde os ativos de distribuição que serão colocados à venda pela Eletrobras até os futuros leilões de energia solar.
O vice-presidente de Desenvolvimento de Negócios e Administrativo da State Grid, Qu Yan, informou que, desde que a empresa ingressou no mercado nacional, em 2010, a intenção sempre foi a de atuar em diferentes segmentos, e não apenas na área de transmissão. Na geração, por exemplo, a companhia tem particular interesse em fontes renováveis, inclusive a energia solar.
Apesar da busca pela diversificação, a State Grid tem se notabilizado no Brasil pela participação nos leilões de transmissão. No início do ano passado, os chineses lideraram o consórcio vencedor da disputa pela primeira linha de transmissão responsável pelo escoamento da energia de Belo Monte. Na oportunidade, a empresa, que detinha 51% de participação no consórcio, se uniu às estatais Furnas e Eletronorte (24,5% cada) para apresentar uma proposta com deságio de 38% em relação ao valor máximo aceito pela Aneel. A Receita Anual Permitida (RAP) proposta foi de R$ 434,647 milhões,
Na disputa desta sexta-feira, a Eletrobras, representada por Eletronorte e Furnas, estava habilitada, mas não apresentou proposta. A espanhola Abengoa propôs uma RAP de R$ 1,049 bilhão, com deságio de 14% em relação ao valor máximo que era de R$ 1 219 bilhão, mas foi derrotada. A State Grid venceu a disputa ao propor uma RAP de R$ 988,030 milhões, com deságio de 19%.
De acordo com Haddad, a proposta mais agressiva foi possível porque as State Grid terá condições de captar sinergias com o projeto da primeira linha. O valor do investimento estimado nesta segunda linha de transmissão de Belo Monte é de cerca de R$ 7 bilhões.
fonte: Estadão Conteudo
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