As
buscas por desaparecidos no rio Xingu, após o naufrágio da
embarcação “Capitão Ribeiro”, foram encerradas, conforme
informou o secretário adjunto de Segurança Pública e Defesa Social
(Segup), André Cunha. O órgão informou na noite desta sexta-feira,
25, que o último sobrevivente foi encontrado, contabilizando 29
sobreviventes e 23 mortos.
Os
corpos de duas crianças foram as últimas vítimas do naufrágio.
Agora os trabalhos seguem para a etapa de rescaldo da operação e
continuará o trabalho de investigação.
No
início da tarde foi confirmado mais um sobrevivente, Israel da Silva
Souza. Após o naufrágio, ele seguiu para Vitória do Xingu onde
recebeu atendimento médico e depois foi para Altamira. A partir de
então ele foi dado como desaparecido até o início desta tarde
quando foi encontrado.
O
último sobrevivente encontrado é Francisco Paiva, que foi resgatado
por ribeirinhos e seguiu para o município de Uruará, onde foi
localizado.
Sobreviventes,
a dona de casa Carla Conceição de Souza, 38 anos, e seu filho
Carlysson Souza, de 11 anos, viveram na última terça-feira (22) o
pior drama de suas vidas. Eles estavam na embarcação “Capitão
Ribeiro”, indo do município de Porto de Moz para Altamira. Após o
naufrágio a mãe perdeu o contato com o filho. Minutos depois de
gritar na escuridão pelo nome ele reapareceu e os dois sobreviveram.
Eles fazem parte do grupo de 28 sobreviventes contabilizados até
esta sexta-feira (25). Para atendê-los após o trauma, um grupo de
trabalho interdisciplinar foi formado pelo Governo do Estado e
Prefeitura de Porto de Moz.
Ela
conta que naquela noite tudo começou com um temporal muito forte.
“Eu chamei meu filho e pedi para ele colocar o colete, foi quando o
barco começou a virar. Eu afundei e quando retornei ele não estava
mais do meu lado, foi quando começou o desespero”, recorda.
Depois
de muito lutar por sua vida, ela o reencontrou após gritar seu nome
no meio da escuridão. “Escutar a voz dele respondendo foi o
momento mais maravilhoso da minha vida”,comenta. Os dois, juntos
com outros sobreviventes ficaram a deriva em torno de seis horas, até
chegarem na margem.
Outro
sobrevivente que relembra os momentos de horror é Risinaldo Cardoso,
24 anos. Eu ia a trabalho para Senador José Porfírio e fiquei preso
dentro do barco em uma escuridão total. Consegui sair e chegar até
o bote e na margem às seis horas da manhã. O momento mais
traumático foi o barulho forte que ouvi, parecia que o barco estava
partindo”, lembra.
É
para estes sobreviventes da tragédia que o grupo de trabalho está
sendo formado. “O trabalho a principio foi permitir que estas
pessoas extravasassem os sentimentos após o trauma”, explica o
psicólogo Ary Georg que participou da linha de ações de
assistência às pessoas afetadas pela tragédia. Ele explica que o
choro após a situação pode trazer benefícios, pois exterioriza os
sentimentos negativos. “Após ele retornar ao juízo de realidade
deverá passar por um processo de avaliação e pode ser encaminhado
a tratamento psicológico, pois está suscetível a desenvolver um
estado depressivo, por exemplo”, comenta.
A
secretária de estado de Trabalho e Assistência Social, Ana Cunha,
que coordena através da Seaster, o grupo de trabalho de apoio aos
sobreviventes e familiares de vítimas do naufrágio, explica que os
cuidados devem ser iniciados logo depois de encerradas as buscas. “O
estado está tomando cuidado para atender todas as demandas que
posteriormente podem vir a afetar estas pessoas que passaram por um
momento tão delicado”, ressalta a titular da Seaster, ao explicar
também que está incluso neste atendimento a regularização da
documentação perdida pelos sobreviventes.
Por
Márcio Flexa
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