Um levantamento da exploração de madeira no Pará, Estado apontado como
campeão do desmatamento no País, mostra que obras de infraestrutura têm
deslocado a atividade ilegal para o sudoeste paraense, ameaçando as
ações que têm reduzido o desmatamento em outras áreas. Mesmo com ligeira
queda, 60% da exploração de florestas locais ocorreu sem autorização
entre agosto de 2010 e julho 2011.
Segundo o estudo, produzido pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da
Amazônia (Imazon), 488 quilômetros quadrados foram desmatados sem o aval
da Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Pará (Sema). Cerca de 72%
da atividade foi realizada em áreas privadas, devolutas ou sob disputa. O
restante ocorreu em assentamentos de reforma agrária (20%) e em áreas
protegidas (8%).
Um dos responsáveis pela pesquisa, o engenheiro florestal e pesquisador
do Imazon André Monteiro, destaca que a queda do desmatamento, que havia
sido de 10% no período anterior, foi de apenas 5% neste levantamento.
"O relatório dá a indicação de algumas regiões críticas. A exploração
ilegal, que se concentrava no nordeste e sudeste, do Estado, está
crescendo no sudoeste", afirma Monteiro.
Uma das principais causas, segundo ele, é a melhoria da BR-163, rodovia
que vem sendo asfaltada para facilitar a ligação entre Santarém e
Cuiabá. "Como o remanescente florestal está se esgotando nas outras
regiões, a estrada asfaltada aumentou a circulação e facilitou a
extração ilegal ali", diz o pesquisador A participação da área no total
de exploração ilegal no Estado subiu de 15% para 30%.
Com isso, é possível que municípios como Uruará Altamira subam nos
índices de desmate ilegal. Outras obras que têm tido influência no
deslocamento da extração irregular, segundo o Imazon, incluem a
pavimentação da Transamazônica e a construção da usina de Belo Monte.
Redução
Nas estatísticas oficias do governo sobre o desmatamento na Amazônia
Legal entre agosto de 2011 e julho deste ano, o Pará aparece com o maior
índice de florestas derrubadas, com 1.699 quilômetros quadrados. A
secretaria de Meio Ambiente, porém, lembra que o Estado reduziu a taxa
em 44%, em relação ao ano anterior. "Estamos fazendo uma vigilância
contínua e os números mostram que o caminho é certo, porque estamos
vencendo", disse o secretário estadual de Meio Ambiente, José Colares,
por meio de nota.
O estudo do Imazon aponta que, além dos investimentos em infraestrutura,
a demora na regularização de áreas de floresta pública tem freado o
ritmo de queda no desmatamento. "Em locais como a zona de Itaituba 2
(uma Floresta Nacional), parece haver uma corrida dos invasores, que
tentam extrair o máximo antes de ser adquirida pelo governo", diz André
Monteiro.
Por: O Xingu
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