Brasil Novo Notícias: Engenheiro Agrônomo Jailson Brandão, responde aos agricultores sobre doença que está matando lavouras de cacau em Uruará

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Engenheiro Agrônomo Jailson Brandão, responde aos agricultores sobre doença que está matando lavouras de cacau em Uruará

A nossa reportagem ouviu nesta terça-feira o engenheiro agrônomo e chefe do escritório da CEPLAC em Uruará, Jailson Brandão, que nos falou sobre a doença encontrada em várias lavouras de cacau de propriedades da zona rural do município de Uruará, o segundo município em produção de cacau no estado, o agrônomo diz que a doença já foi identificada e existem meios de combatê-la.
“A preocupação dos agricultores com esta doença ( procede, apesar de não ser um problema novo. Nós temos lavouras de cacau no município que já foram bastante reduzidas, agricultores que já perderam mais de 5 mil pés de cacau no espaço de alguns anos, agora o que a CEPLAC precisa esclarecer aos agricultores é que este não é um problema novo ou uma doença nova que está chegando, é um problema que já existe há muitos anos e ele está se agravando justamente porque o fungo que causa esta doença ele é considerado um fungo oportunista, essa morte do cacaueiro ela é provocada por uma doença que  gente chama de Morte Progressiva do Cacaueiro ou Morte Descendente causada por um fungo que é secundário, ele se instala principalmente nas lavouras que estão submetidas a situação de grande pressão, problemas de seca, ataque intenso de pragas, baixa fertilidade de solo, manejo deficiente em alguns aspectos. Assim o fungo aça se tornando agressivo o bastante para causar os danos que está causando em Uruará, mas normalmente isto não acontece. Essa doença Morte Descente tem formas de controle, a CEPLAC inclusive já recomenda alguns produtos e algumas práticas, o grande problema é que essas práticas são onerosas que complica ainda mais as condições dos produtores de cacau. Além dos conselhos e recomendações da CEPLAC os agricultores devem procurar mecanismos, meios, de através de parcerias inclusive com o próprio governo, com os agentes financeiros, conseguir recursos necessários para fazer a recuperação dessas lavouras numa condição mais favorável, porque nós sabemos que fazer isso na realidade de hoje com recurso próprio não é fácil”, esclareceu o agrônomo.
O fungo mencionado por Jailson Brandão é o Lasiodiplodia Theobromae, segundo pesquisas, para o controle do mesmo em áreas com alta incidência de morte descendente é necessário a adoção das seguintes práticas:
Eliminar as plantas doentes e retirá-las da área; Fazer três aplicações em todo o plantio de fungicida a base de cobre, na proporção de 6g do produto comercial/litro de água, em intervalos mensais; Realizar inspeções em toda área e principalmente ao entorno das plantas mortas, a fim de verificar novos focos da doença.
No caso de plantas com sintomas iniciais da doença:
Podar os ramos atacados 10 a 15 cm abaixo das lesões; Com auxílio de um facão, remover os cancros dos troncos das plantas onde a doença esteja nos seus estágios iniciais; Após os trabalhos de remoção das partes afetadas, aplicar uma solução a 3% de fungicida a base de cobre ou fungicida a base de tebuconazole, na dosagem de 3ml do produto comercial/litro de água; Todas as ferramentas, como podões e facões, utilizados para a realização de atividade nas áreas focos, deverão ser desinfetados utilizando-se solução de água sanitária a 10%.
Ainda de acordo com as pesquisas divulgadas pela CEPLAC, como medida complementar as aplicações de fungicidas deve-se eliminar as causas que estejam ocasionando estresse nas plantas.
Os agricultores, João Alcides, Nelson Nardini e Augusto Pereira, que já perderam milhares de pés de cacau nas suas lavouras, com apoio da Coopertiva Coomavur através do presidente Cirilo Nicolodi, irão levar nessa quarta-feira o problema da doença para debate na Festa do Cacau que está acontecendo na cidade de Medicilândia. Os produtores querem sensibilizar o governo para a gravidade de problema.
A doença nas propriedades em Uruará – Em 3 propriedades produtoras de cacau as margens da Transamazônica, km 193, zona rural do município de Uruará a 13 quilômetros do centro urbano as lavouras de cacau de ambas as propriedades tem uma doença que está se espalhando rápido matando o cacaueiro, cerca de 20 mil pés de cacau já foram consumidos pela doença, o pé de cacau seca começando pelas folhas, tal doença vem gerando grande preocupação nos cacauicultores, João Alcides (o Ivo), Augusto Pereira e Nelson Nardine, donos das propriedades visitadas, que até o momento não tiveram o auxílio dos órgãos de pesquisa envolvidos com a cultura do cacau.
Quando essa doença Começou teve técnico que falou que era devido ser cacau híbrido e que o cacau híbrido era programado para durar só 35 anos, de fato o cacau está completando os 35 anos, mas isso não é problema da idade porque tem cacau com 10 anos está morrendo, com 6 anos está morrendo, com 12 anos está morrendo, então não é porque o cacau é híbrido, o problema é a doença mesmo que precisa ser identificada o mais rápido possível para se encontrar uma solução, do contrário seremos obrigados a abandonar a propriedade. Não sabemos o que fazer e estamos esperando ser socorridos”, disse o cacauicultor João Alcides.
Aqui na minha lavou já morreram 6 mil pés de cacau e a doença continua avançando, se não tivermos uma resposta rápida dos órgão competentes vamos perder a nossa lavoura e seremos forçados a mudar de atividade agrícola”, afirmou o cacauicultor Augusto Pereira.
Essa doença está afetando a todos os produtores aqui dessa localidade, ela deve ter começado aqui na minha propriedade há 20 anos e agora está se espalhando”, concluiu o produtor Nelson Nardini.
O presidente da Cooperativa Coomavur, Cirilo Nicolodi, que também é produtor de cacau, esteve junto com os produtores visitando as lavouras afetadas. “Vendo esse problema enfrentado pelos nossos produtores a gente também fica preocupado, acredito que possa acontecer no cacau o que aconteceu com o baquearão, que no início começou em algumas propriedades e hoje já alastra por todo o estado e nós queremos levar esse fato aos órgãos competentes para que se faça uma pesquisa e descubra uma maneira de manter a lavoura cacaueira sem que ela se acabe”, frisou Nicolodi.
Na propriedade de João Alcides ele está derrubando com um trator as árvores infectadas e irá queimá-las para plantar banana no lugar. As terras de ambas as propriedades são de excelente qualidade que proporciona produções satisfatórias, o que deixa os produtores ainda mais intrigados. Na propriedade de Augusto Pereira ele substitui o cacau por açaí numa parte onde a doença consumiu o cacaueiro e na propriedade de Nelson Nardini ele substituiu o cacau por árvores de Teka, mas ambos os produtores preferiam continuar com suas lavouras de cacau a trocá-las por atividade agrícola.

Por: Joabe Reis
Fonte: Sistema Regional de Comunicação

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