A deputada federal Elcione Barbalho liderou o time de parlamentares que participaram da sessão. (Foto: Ricardo Amanajás/Diário do Pará) |
Prefeitos
de vários municípios que têm tradição na exploração mineral,
além de entidades correlatas, estiveram na Assembleia Legislativa do
Pará para um debate realizado ontem sobre as três Medidas
Provisórias que visam aprimorar a legislação que rege a atividade
em todo o país. Eles aproveitaram a ocasião para expor as situações
de necessidade enfrentadas por suas gestões em função da falta de
recursos. À ocasião, os deputados sugeriram oito emendas às MPs, e
prometem “ficar em cima” para vê-las incorporadas aos textos
finais.
A
deputada federal Elcione Barbalho (PMDB) capitaneou um time de
parlamentares para participar da sessão especial ontem -dentre eles
os senadores Flexa Ribeiro (PSDB-PA) e Paulo Rocha (PT-PA) e os
deputados federais Marcus Pestana (PSDB-MG) e Nilson Pinto (PSDB-PA).
Ela entende como um ponto de partida a mudança imediata na
legislação. “A questão toda é que não há fiscalização.
Conversando com um minerador, ele simplesmente disse: ‘Deputada,
cerca de 12 quilos de ouro saem diariamente de Cumaru’. Ou seja, é
muita coisa se perdendo. Os nossos minérios, de valor muito
significativo, estão indo pelo ralo”, destacou. “E o Governo
deixa de receber, pois é um imposto que deveria ser pago. Então, eu
acredito que deve ser feito um trabalho que envolva o Governo do
Estado, Governo Federal e nós, deputados, assumindo a
responsabilidade para mudar essa situação”, discursou.
Os
relatórios das três MPs devem ser lidas na Câmara Federal até
amanhã. A apreciação pelo Congresso Nacional, como um todo, tem
prazo para ocorrer até o fim do mês de novembro.
Para
o deputado estadual Raimundo Santos (PEN), da Frente Parlamentar da
Mineração no Pará e da Comissão de Representação da Casa, as
MPs têm um papel corretor fundamental e urgente. “Austrália e
Canadá cobram percentuais de 15% a 20% da receita bruta da
mineração. Cobramos a líquida, e menor que 4%, 3%”, justifica.
PROPOSTAS
Com
base nisso e em outros fatos, a Alepa propôs oito emendas às três
MPs: o aumento da alíquota para 4% sobre a receita bruta do que é
explorado; proibição da exportação do ouro em estado bruto,
propiciando assim emprego e renda localmente; pagamento da
compensação financeira em até um mês após a exploração -
atualmente é pago dois meses depois; mitigação do impacto social
nos municípios onde há minérios; verticalização e aprimoramento
da mão de obra local; capacidade legislativa para criar mecanismos e
instrumentos de fiscalização da atividade, como taxas; um assento
na diretoria da Agência Nacional de Mineração; e criação de um
fundo de desenvolvimento para favorecer municípios que são afetados
ambientalmente e socialmente pela exploração de minérios.
PREFEITO
COBRA POSICIONAMENTO DO ESTADO
O
deputado federal Marcus Pestana, relator da MP 789, reforçou o papel
dos Estados do Pará e de Minas Gerais para a atividade mineradora do
Brasil. “Temos de ter muita responsabilidade nessa condução.
Muitas MPs tramitam em silêncio, nós escolhemos fazer um processo
transparente, porque é assim que as MPs devem tramitar”, detalhou,
dizendo ainda que o resultado do trabalho que deve resultar na
aprovação das MPs será um “salto de qualidade na organização
institucional do setor público para a produção mineral”,
afirmou.
Jair
Martins (PMDB), prefeito de Conceição do Araguaia, entende como
indispensável o posicionamento da Alepa nesse momento. “Estamos
tendo de ‘parar a máquina’ e demitir gente ou não fechamos o
ano. Não dá para pagar salário e INSS ao mesmo tempo. Houve muito
prefeito afastado por apropriação indébita por conta disso”,
defendeu o gestor.
Presidente
da Federação das Associações dos Municípios do Estado do Pará,
Xarão Leão adianta que a entidade deve ter uma audiência ainda
este ano com o presidente da República, Michel Temer (PMDB), porque
a maioria dos municípios não tem mais como esperar. “Precisamos
desse apoio, a maioria não vai fechar suas contas no fim do ano.
Estamos focados em um objetivo, que é ir ao Temer para pedir mais um
FPM porque não estamos tendo mais continuar”, alarmou.
MEDIDAS
PROVISÓRIAS
As
mudanças se dão em três pontos específicos. A MP 789 revê a
compensação financeira para os estados mineradores, modificando
alíquotas e royalties da mineração.
A
790 faz alterações no regime de exploração; e finalmente a 791
cria a Agência Nacional de Mineração e extingue o Departamento
Nacional de Produção Mineral.
Por:
Carol Menezes/Diário do
Pará
Fonte:
DOL
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