Nos
10 primeiros meses de 2017, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e
Sustentabilidade (Semas) realizou operações de combate ao
desmatamento, o que gerou altos números de apreensões de madeira,
embargos de áreas, fechamento de serrarias, entre outras ações,
informou o órgão nesta terça-feira (28). Só de áreas embargadas
foram aproximadamente 48 mil hectares.
Além
disso, foram apreendidos 35 mil m³ de madeira em tora, o que
corresponde a aproximadamente 1.800 caminhões cheios e 4 mil m³ de
madeira serrada (200 caminhões). Cinco serrarias foram desmontadas,
20 empreendimentos fechados, 38 caminhões que faziam transporte
ilegal apreendidos, assim como quatro tratores, 12 balsas e sete
rebocadores. Para o sucesso das ações, a Semas diz que vem
empregando recursos logísticos, como aeronaves, embarcações,
lanchas e outros veículos e equipamentos, sempre com apoio de outros
órgãos como Secretaria da Fazenda (Sefa) e da Secretaria de
Segurança Pública e Defesa Social (Segup), por meio do Comando de
Policiamento Fluvial e Ambiental.
“Nosso
trabalho se inicia sempre com a criação do Programa de Operações
Anuais (POA), onde definimos as ações de fiscalização que
faremos, locais por onde as equipes passarão e de que forma serão
realizadas as abordagens. Além disso, atendemos também as denúncias
que chegam a qualquer instante, seja da sociedade civil ou de
instituições como o Ministério Público”, explicou Jorge Antônio
Dias, diretor de fiscalização da Semas.
Outro
instrumento que ajudou bastante nas fiscalizações durante este ano,
foi o início das operações do Centro Integrado de Monitoramento
Ambiental do Pará (Cimam). O espaço foi criado com o propósito de
desenvolver novas metodologias para produção de conhecimentos na
esfera ambiental, e uma delas é o sistema automatizado de
acompanhamento e controle do desmatamento, que utiliza imagens de
satélite com precisão de até três metros. “Essa tecnologia
serve de insumo para o trabalho de monitoramento, que pode ser
realizado em tempo real, possibilitando uma ação preventiva do
Estado quanto aos crimes ambientais”, complementou Jorge Antônio.
Destinação
O
material apreendido não fica guardado em galpões, pelo contrário,
boa parte é encaminhada a construção de pontes, reforma de escolas
e outros locais, assim como serve de ferramenta para a inclusão
social.
De
acordo com a legislação, o material apreendido pode ter três
destinações: alienação (venda por meio de leilão, onde os
recursos retornam para o Estado), doação (para associações,
autarquias, instituições sem fins lucrativos, prefeitura e outros
órgãos do Governo) e destruição, alternativa não aplicada pelo
Governo do Pará. “Nossa preocupação é dar um destino adequado a
toda essa madeira, por isso nada é destruído. Este ano, por
exemplo, as prefeituras de Rondon do Pará, de Breves, Jacundá,
Tucuruí, Dom Eliseu, já receberam madeira apreendida por meio das
doações”, destacou.
A
Organização Pará 2000, responsável pela administração da
Estação das Docas e do Parque Mangal das Garças, ambos em Belém,
também foi beneficiada, inclusive utilizou o material para reformar
diversas pontes do Mangal. A Escola Salesiana do Trabalho, Fundação
Pro Paz e a Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado do
Pará (Susipe) também são outros exemplos de instituições que
receberam o material.
No
caso específico da Susipe, um trabalho vem proporcionando novas
oportunidades a diversos homens e mulheres privados de liberdade. No
Centro de Reabilitação do Coqueiro (CRC), dezenas de internos
trabalham com a transformação de madeira em objetos e,
consequentemente, trazendo esperança para suas vidas.
Um
desses exemplos é Toni Max, de 31 anos. Preso há seis anos no CRC,
hoje trabalha na marcenaria da cadeia e transforma matéria bruta em
objetos úteis. “É uma felicidade trabalhar na marcenaria. Lá
fora eu era pedreiro, encanador e eletricista, mas estou aprendendo
coisas diferentes. Está sendo ótimo ter uma nova profissão. Quando
sair daqui, quero fazer isso e sei que terei uma boa fonte de renda”,
comemorou.
Alexandre
Santos, há cinco anos na coordenação da marcenaria do CRC, comenta
as possibilidades que os presos têm de aprender uma nova função.
“Para um detento iniciar qualquer trabalho dentro do Centro de
Recuperação é necessário que passe por entrevistas e avaliações
psicológicas, para saber de fato se ele quer e está apto a função,
só depois fazem os cursos e iniciam o trabalho de fato. Hoje, a
maioria que inicia na marcenaria nem conhece a função, mas sai
construindo os mais diversos tipos de objetos. Aqui produzimos mesas,
cadeiras, armários, bancos, estantes e tudo que se possa imaginar de
objetos em madeira”, informou Alexandre.
Todos
os materiais produzidos pelos presos são expostos em várias feiras
de diversos órgãos do Estado como o Ibama e a própria Susipe, onde
são vendidos e uma parte dos recursos arrecadados serve para manter
a marcenaria e outra parte vira recursos para o Estado. “O trabalho
é muito gratificante para nós que estamos aqui, principalmente
quando eles abraçam a causa. Ficamos felizes de ver alguns que saem
da cadeia tendo aprendido um novo ofício, e mudando suas vidas. Esse
trabalho aqui não é benéfico só para o detento, mas também para
as famílias, que ficam felizes com a mudança dessas pessoas”,
finalizou.
Fonte:
G1 Pará
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