Começou na manhã de quarta-feira, dia
3, no Fórum de Marabá, o julgamento dos irmãos José Rodrigues Moreira e
Lindonjonson Silva Rocha e Alberto Lopes do Nascimento, acusados do assassinato
de José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo Silva, em 24 de maio
de 2011. Movimentos sociais pretendem fazer manifestações em frente ao fórum e
circula em Marabá a possibilidade do fechamento de uma das pontes sobre o Rio
Itacaiúnas, localizada ao lado do fórum, como forma de chamar a atenção da
comunidade para o bárbaro assassinato.
O Tribunal do Júri da Comarca de
Marabá, presidido pelo juiz Murilo Lemos Simão. O crime ocorreu no Projeto de
Assentamento Praia Alta Piranheira, na zona rural de Nova Ipixuna, a 46
quilômetros de Marabá.
José Rodrigues é acusado de ser o
mandante do crime, enquanto Lindonjonson e Alberto são apontados como os
executores no duplo homicídio. O casal, conhecido por defender a floresta, foi
assassinado em uma vicinal que dá acesso ao assentamento, a 6 km de casa. Os
dois iam de motocicleta para Nova Ipixuna e, ao diminuírem a velocidade para
passarem por uma ponte, foram surpreendidos pelos disparos. O casal morreu
ainda no local e José Cláudio teve, inclusive, uma das orelhas decepadas pelos
pistoleiros.
Nas investigações policiais consta que
José Rodrigues comprou ilegalmente um terreno no assentamento
que era ocupado por três famílias. Ele teria expulsado essas famílias do local, mas elas acabaram retornando com o apoio de José Claudio e Maria, desagradando o acusado e resultando na decisão de executá-los.
que era ocupado por três famílias. Ele teria expulsado essas famílias do local, mas elas acabaram retornando com o apoio de José Claudio e Maria, desagradando o acusado e resultando na decisão de executá-los.
Em março os três acusados foram
pronunciados pela prática de homicídio triplamente qualificado. Ou seja, motivo
torpe, meio cruel – já que uma das orelhas de José Cláudio foi cortada – e
recurso que dificultou ou impossibilitou a defesa das vítimas,
referindo-se à emboscada.
NEGATIVA DE AUTORIA
Os advogados dos três acusados informaram que negarão a autoria do crime perante o corpo de jurados convocado. Wandergleisson Fernandes, que representa os irmãos José Rodrigues Moreira e Lindonjonson Silva, atualmente recolhidos no Centro Regional de Recuperação Agrícola “Mariano Antunes” (CRRAMA), afirmou que a defesa está à vontade, tranquila e confiante. “É muito fácil defender alguém de quem você tem certeza da inocência”, declarou.
Os advogados dos três acusados informaram que negarão a autoria do crime perante o corpo de jurados convocado. Wandergleisson Fernandes, que representa os irmãos José Rodrigues Moreira e Lindonjonson Silva, atualmente recolhidos no Centro Regional de Recuperação Agrícola “Mariano Antunes” (CRRAMA), afirmou que a defesa está à vontade, tranquila e confiante. “É muito fácil defender alguém de quem você tem certeza da inocência”, declarou.
Para o advogado, são claros, dentro do
processo, os indícios de inocência dos clientes. “Um dos indícios
é público e notório porque tem ampla quantidade de vídeos das vítimas dizendo que estavam sendo ameaçadas e indicando de quem partiam as ameaças.
é público e notório porque tem ampla quantidade de vídeos das vítimas dizendo que estavam sendo ameaçadas e indicando de quem partiam as ameaças.
De acordo com a própria vítima [José],
as ameaças partiam de madeireiros, carvoeiros e fazendeiros. Em qual perfil meu
cliente se encaixa?”, questionou, acrescentando que José Rodrigues não é
fazendeiro,
carvoeiro e nem madeireiro.
carvoeiro e nem madeireiro.
Sobre a disputa de terra que
supostamente havia entre José Rodrigues e as famílias, na qual os extrativistas
teriam se envolvido, Wandergleisson informou que ela era inexistente. “Eles não
tinham disputa. Eles pouco se conheceram, pouco se encontraram. Eles viviam em
uma mesma região, mas as propriedades de um e de outro eram muito distantes.
Eles nunca conflitaram”.
Sobre as pessoas ouvidas pela polícia e
em juízo, o advogado destacou que não existem testemunhas oculares do crime e
as demais, que afirmam ter percebido a presença de uma dupla estudando a área
nos dias anteriores ao crime, não apontam claramente para Lindonjonson e
Alberto. “Existe uma testemunha que afirma ter visto uma pessoa branca e uma
pessoa negra, apenas. E foi o que gerou o retrato falado. O interessante ainda
é que esse retrato foi feito depois que a polícia já possuía fotos dos
suspeitos”. Wandergleisson diz ainda que Lindonjonson estava em Novo
Repartimento no momento do crime e que possui testemunhas e provas técnicas
disso. “Tem muita carta na manga e tem muita coisa que ainda vai aflorar”.
A defesa do réu Alberto Lopes será
feita pelo advogado Erivaldo Santis, que também se diz tranquilo em
relação ao processo. “A própria estrutura do processo de acusação nos dá uma tranquilidade de dizer que nessa acusação ele realmente é inocente”. Alberto está preso em Tucuruí, onde já respondia por um crime de assalto e de onde estava foragido no dia do assassinato. Segundo o advogado a acusação é de crime de pistolagem, mas a modalidade, de forma geral, não acontece da maneira como se deram as execuções.
relação ao processo. “A própria estrutura do processo de acusação nos dá uma tranquilidade de dizer que nessa acusação ele realmente é inocente”. Alberto está preso em Tucuruí, onde já respondia por um crime de assalto e de onde estava foragido no dia do assassinato. Segundo o advogado a acusação é de crime de pistolagem, mas a modalidade, de forma geral, não acontece da maneira como se deram as execuções.
“Eles foram mortos de tocaia e
pistoleiro não age dessa maneira”. Ele explicou, ainda, que a movimentação das
vítimas dentro do projeto de assentamento fugia à rotina comum daquela manhã,
outro ponto positivo na defesa de Alberto. “Ao cair da tarde anterior, eles [o
casal] pediram dinheiro emprestado para determinada pessoa que ligou para a
cidade, conseguiu os valores e ficou combinado que o José Claudio iria apanhar
essa quantia pela manhã. Esse era um diálogo que estava restrito a três
pessoas, então como os acusados poderiam saber que eles iriam, naquele momento,
passar naquele local?”, questionou.
Ele destaca ainda a perícia realizada
em uma máscara de mergulho encontrada no local do crime e que
apontou DNA compatível com os irmãos acusados. “Desta máscara foi coletado DNA e foram encontrados quatro pelos diferentes, dois de animais e dois de seres humanos. Do Alberto também foi coletada amostra e não bateu”, disse.
apontou DNA compatível com os irmãos acusados. “Desta máscara foi coletado DNA e foram encontrados quatro pelos diferentes, dois de animais e dois de seres humanos. Do Alberto também foi coletada amostra e não bateu”, disse.
Ele afirmou, também, que Lindonjonson
havia se machucado dias antes e não poderia estar pilotando moto e, em tese,
Alberto seria o piloto durante o crime. Mas, de acordo com o advogado, seu
cliente não sabe pilotar. Santis ressalta que Alberto não foi reconhecido pela
testemunha responsável pela confecção do retrato falado. “Está comprovado pelo
depoimento da testemunha que o Alberto não era a pessoa que estava no bar. Ela
ajudou na confecção do retrato falado e não o reconheceu”. O advogado chega a
acreditar que o próprio Ministério Público, responsável pela acusação, poderá
solicitar a absolvição de Alberto. “Não é possível que o MP não perceba a real
situação processual do rapaz. Não vejo o órgão como opositor e sim como um
parceiro da verdade real”.
Fonte: Zé Dudu
Por: Ulisses Pompeu – de Marabá
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