BRASIL NOVO NOTÍCIA: NO INTERIOR DA AMAZÔNIA, HOSPITAL REGIONAL DE ALTAMIRA ADOTA PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS RECICLANDO MANTAS DE SMS 

terça-feira, 11 de abril de 2017

NO INTERIOR DA AMAZÔNIA, HOSPITAL REGIONAL DE ALTAMIRA ADOTA PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS RECICLANDO MANTAS DE SMS 

As organizações de saúde ao redor do mundo têm se mobilizado de forma consistente na adoção de medidas para o combate às mudanças do clima. Na região Norte do Brasil, o Hospital Regional Público da Transamazônica (HRPT), em Altamira (PA), implantou um projeto que trabalha a reciclagem de resíduos resultantes dos serviços de saúde oferecidos na unidade.
Há cerca de sete meses, a unidade vem transformando as mantas SMS em outros produtos que agora são utilizados na instituição. Originalmente usadas para proteger e manter o processo de esterilização das caixas de instrumentos cirúrgicos, por meio da reciclagem as mantas viram bolsas para acompanhantes, aventais, sacos para coleta de roupa hospitalar e lençóis para uso em macas e no necrotério do hospital.
O coordenador de Enfermagem no Centro Cirúrgico, Romerito Margotti, conta que já são reciclados em média 150 quilos de mantas por mês. O fluxo do processo é relativamente simples. Depois que os materiais cirúrgicos são retirados das mantas, uma instrumentador dobra o tecido e o acondiciona em um saco limpo. Só então o SMS é encaminhado ao Serviço de Processamento de Roupas (SPR) da unidade. “Depois que as caixas com os instrumentos cirúrgicos são abertas, a manta perde a finalidade, mas o tecido continua estéril, sem nenhum tipo de contaminação”, explica.
Com a garantia de que as mantas não estão contaminadas, o tecido passa pela reciclagem comandada pelas costureiras do SPR, utilizando assim a própria mão de obra do hospital. O HRPT não precisou contratar novos colaboradores para o serviço.
A reciclagem é fruto de uma parceria entre a Comissão de Gerenciamento de Resíduos, a coordenação do Centro Cirúrgico e o Serviço de Processamento de Roupsas. A diretora de Enfermagem da unidade, Luciane Cristina Ramos, diz que sem o projeto a unidade descartaria o material no meio ambiente. “Para nós, este projeto é fundamental, porque representa o nosso compromisso com a sustentabilidade. Hoje vemos alertas nos meios de comunicação sobre a importância de se manter o meio ambiente seguro. Este material, antes, iria para resíduo”, disse.
Para o coordenador de Enfermagem, Romerito Margotti, que é um dos autores do projeto, a reciclagem engloba duas frentes importantes: a sustentabilidade e a redução de custos. “Com o projeto melhoramos a qualidade dos recursos aplicados e reafirmamos o compromisso da instituição com o meio ambiente. Ao invés de comprar, nós estamos produzindo novos materiais e poluindo menos o meio ambiente”, ponderou.
Exemplo de sustentabilidade
A reciclagem de resíduos hospitalares é uma realidade em grandes instituições brasileiras de saúde como o Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo (SP). A exemplo do que é feito em Altamira, a unidade também recicla as mantas utilizadas nos centros cirúrgicos.
O Einstein começou sua experiência em 2012, com base na logística reversa exigida pela Política Nacional de Resíduos Sólidos, lei de 2010, que prevê a participação e responsabilidade do fabricante ou fornecedor em todo o ciclo de vida de seus produtos, incluindo pós-uso. A partir daí, o hospital em parceria com a fabricante Kimberly-Clark passou a reciclar as mantas.

A iniciativa surgiu de um projeto de gerenciamento de resíduos sólidos do centro cirúrgico da instituição. Um levantamento mostrou que as mantas correspondiam a 19% dos resíduos gerados nas salas de cirurgia.
O fabricante foi acionado para, junto com o hospital, buscar alternativa para o descarte ambientalmente correto do material. Um reciclador passou a receber e processar o tecido, que transformado em pellets - pequenos filamentos de polipropileno - podem ser utilizados na confecção de novos produtos.
A experiência do Einstein foi apresentada pelo gestor da área de resíduos de saúde, Neilor Cardoso, durante o I Seminário Amazônico de Hospitais Saudáveis, realizado em Belém (PA), pela Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar, em março. Mensalmente três toneladas de SMS, que antes eram encaminhadas para tratamento como resíduo infectante, são destinadas à reciclagem no Einstein.
Prática
No Pará, outros três hospitais públicos gerenciados pela Pró-Saúde têm apresentado importantes avanços na promoção da sustentabilidade. São eles: o Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), em Santarém, o Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo, em Belém, e o Hospital Público Estadual Galileu (HPEG), também na capital paraense. Todas eles são signatários do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU), que incentiva a adoção de práticas de negócios balizadas por valores e princípios fundamentais nas áreas de direitos humanos, relações de trabalho, meio ambiente e combate à corrupção.
O diretor Operacional da Pró-Saúde no Pará, Paulo Czrnhak, explica que a entidade tem na sustentabilidade um princípio, na qual busca fomentar o desenvolvimento sustentável nas unidades que gerencia, e assim, contribuir para uma melhor qualidade de vida, respeitando o meio ambiente e otimizando os recursos financeiros. “Quando nos preocupamos com o meio ambiente, o maior beneficiado é o cidadão, afinal, as boas práticas contribuem para a redução de doenças, e assim, há mais prevenção, sendo possível, viver melhor. E nós, queremos contribuir para a educação em saúde, de forma que todos, tenham essa cultura de que o melhor remédio, é a prevenção”, comentou o diretor.


Por: Thaís Portela (ASCOM - Pró-Saúde).

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