As
organizações de saúde ao redor do mundo têm se mobilizado de
forma consistente na adoção de medidas para o combate às mudanças
do clima. Na região Norte do Brasil, o Hospital Regional Público da
Transamazônica (HRPT), em Altamira (PA), implantou um projeto que
trabalha a reciclagem de resíduos resultantes dos serviços de saúde
oferecidos na unidade.
Há
cerca de sete meses, a unidade vem transformando as mantas SMS em
outros produtos que agora são utilizados na instituição.
Originalmente usadas para proteger e manter o processo de
esterilização das caixas de instrumentos cirúrgicos, por meio da
reciclagem as mantas viram bolsas para acompanhantes, aventais, sacos
para coleta de roupa hospitalar e lençóis para uso em macas e no
necrotério do hospital.
O
coordenador de Enfermagem no Centro Cirúrgico, Romerito Margotti,
conta que já são reciclados em média 150 quilos de mantas por mês.
O fluxo do processo é relativamente simples. Depois que os materiais
cirúrgicos são retirados das mantas, uma instrumentador dobra o
tecido e o acondiciona em um saco limpo. Só então o SMS é
encaminhado ao Serviço de Processamento de Roupas (SPR) da unidade.
“Depois que as caixas com os instrumentos cirúrgicos são abertas,
a manta perde a finalidade, mas o tecido continua estéril, sem
nenhum tipo de contaminação”, explica.
Com
a garantia de que as mantas não estão contaminadas, o tecido passa
pela reciclagem comandada pelas costureiras do SPR, utilizando assim
a própria mão de obra do hospital. O HRPT não precisou contratar
novos colaboradores para o serviço.
A
reciclagem é fruto de uma parceria entre a Comissão de
Gerenciamento de Resíduos, a coordenação do Centro Cirúrgico e o
Serviço de Processamento de Roupsas. A diretora de Enfermagem da
unidade, Luciane Cristina Ramos, diz que sem o projeto a unidade
descartaria o material no meio ambiente. “Para nós, este projeto é
fundamental, porque representa o nosso compromisso com a
sustentabilidade. Hoje vemos alertas nos meios de comunicação sobre
a importância de se manter o meio ambiente seguro. Este material,
antes, iria para resíduo”, disse.
Para
o coordenador de Enfermagem, Romerito Margotti, que é um dos autores
do projeto, a reciclagem engloba duas frentes importantes: a
sustentabilidade e a redução de custos. “Com o projeto melhoramos
a qualidade dos recursos aplicados e reafirmamos o compromisso da
instituição com o meio ambiente. Ao invés de comprar, nós estamos
produzindo novos materiais e poluindo menos o meio ambiente”,
ponderou.
Exemplo
de sustentabilidade
A
reciclagem de resíduos hospitalares é uma realidade em grandes
instituições brasileiras de saúde como o Hospital Israelita Albert
Einstein, em São Paulo (SP). A exemplo do que é feito em Altamira,
a unidade também recicla as mantas utilizadas nos centros
cirúrgicos.
O
Einstein começou sua experiência em 2012, com base na logística
reversa exigida pela Política Nacional de Resíduos Sólidos, lei de
2010, que prevê a participação e responsabilidade do fabricante ou
fornecedor em todo o ciclo de vida de seus produtos, incluindo
pós-uso. A partir daí, o hospital em parceria com a fabricante
Kimberly-Clark passou a reciclar as mantas.
A
iniciativa surgiu de um projeto de gerenciamento de resíduos sólidos
do centro cirúrgico da instituição. Um levantamento mostrou que as
mantas correspondiam a 19% dos resíduos gerados nas salas de
cirurgia.
O
fabricante foi acionado para, junto com o hospital, buscar
alternativa para o descarte ambientalmente correto do material. Um
reciclador passou a receber e processar o tecido, que transformado em
pellets - pequenos filamentos de polipropileno - podem ser utilizados
na confecção de novos produtos.
A
experiência do Einstein foi apresentada pelo gestor da área de
resíduos de saúde, Neilor Cardoso, durante o I Seminário Amazônico
de Hospitais Saudáveis, realizado em Belém (PA), pela Pró-Saúde
Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar, em
março. Mensalmente três toneladas de SMS, que antes eram
encaminhadas para tratamento como resíduo infectante, são
destinadas à reciclagem no Einstein.
Prática
No
Pará, outros três hospitais públicos gerenciados pela Pró-Saúde
têm apresentado importantes avanços na promoção da
sustentabilidade. São eles: o Hospital Regional do Baixo Amazonas
(HRBA), em Santarém, o Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo,
em Belém, e o Hospital Público Estadual Galileu (HPEG), também na
capital paraense. Todas eles são signatários do Pacto Global da
Organização das Nações Unidas (ONU), que incentiva a adoção de
práticas de negócios balizadas por valores e princípios
fundamentais nas áreas de direitos humanos, relações de trabalho,
meio ambiente e combate à corrupção.
O
diretor Operacional da Pró-Saúde no Pará, Paulo Czrnhak, explica
que a entidade tem na sustentabilidade um princípio, na qual busca
fomentar o desenvolvimento sustentável nas unidades que gerencia, e
assim, contribuir para uma melhor qualidade de vida, respeitando o
meio ambiente e otimizando os recursos financeiros. “Quando nos
preocupamos com o meio ambiente, o maior beneficiado é o cidadão,
afinal, as boas práticas contribuem para a redução de doenças, e
assim, há mais prevenção, sendo possível, viver melhor. E nós,
queremos contribuir para a educação em saúde, de forma que todos,
tenham essa cultura de que o melhor remédio, é a prevenção”,
comentou o diretor.
Por:
Thaís Portela (ASCOM - Pró-Saúde).
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