O
diretor do Instituto Evandro Chagas (IEC), Pedro Vasconcelos, que
participa diretamente do desenvolvimento da vacina contra o vírus
zika, em parceria com o Ministério da Saúde e a Universidade
Medical Branch do Texas (EUA), disse ontem que até o final do ano
devem ser iniciados os testes em humanos, com três fases a serem
vencidas. Não há data para a vacina estar pronta, o que deve
acontecer dois ou três anos após a conclusão dos estudos nos
humanos.
As
pesquisas foram iniciadas em abril de 2016 e estão na última fase
dos testes pré-clínicos. Após os experimentos eficazes em
camundongos e no mosquito aedes aegypti, estão sendo feitos testes
em macacos, cuja conclusão têm prazo final previsto para o início
de maio. Em seguida, há necessidade de aprovação junto à Comissão
Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) e à Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa), antes de serem iniciados os
testes clínicos em humanos.
Em
entrevista coletiva, Pedro Vasconcelos ressaltou que antes do prazo
definido de um ano, o IEC já estava apresentando os resultados
previstos sobre o vírus zika, um tipo de arbovírus transmitido pelo
mesmo mosquito vetor da dengue e da febre chikungunya, o aedes
aegypti. O Brasil registrou os primeiros casos da doença em 2015,
mas o nome do vírus só se tornou conhecido no País após ter sido
apontada pelo Ministério da Saúde a relação do zika vírus com a
microcefalia, e o desencadeamento de um surto da doença sobretudo na
região Nordeste.
O
diretor do IEC afirmou que a vacina em desenvolvimento tem o objetivo
de prevenir a ocorrência de microcefalia pelo zika vírus,
protegendo mulheres e jovens em idade fértil e crianças de 8 a 10
anos, antes da puberdade, o que garantiria defesa contra a
microcefalia antes de uma possível gestação.
Sobre
os testes, ele disse que 30 dias depois de receberem a vacina, os
ratos foram infectados em laboratório pelo vírus selvagem da zika,
num procedimento denominado pelos cientistas de “desafio”. O
resultado foi que todos os animais sobreviveram, sem apresentar
viremia (presença de vírus no sangue) ou lesão em órgãos,
mostrando que a vacina realmente protege contra o vírus.
Nos
macacos, os resultados ainda são preliminares, mas as respostas
também são muito boas. O que foi feito em camundongos está sendo
reproduzido em macacos-rhesus e verde-africanos, informou o
cientista, enfatizando que os macacos também serão submetidos à
fase do desafio.
Ele
explicou ainda que com primatas o prazo de espera para o desafio é
de 60 dias – e não de 30 dias como no caso dos camundongos -, até
que sejam infectados pelo vírus selvagem, que tem capacidade de
causar lesão em camundongos, macacos e humanos. “Estamos esperando
estes resultados para poder divulgar cientificamente. Inicialmente, a
vacina está funcionando nos macacos como esperávamos”, frisou
Pedro Vasconcelos.
Fonte:
ORM
Nenhum comentário:
Postar um comentário