![]() |
(Foto: Divulgação) |
O Conselho Universitário (Consun) da Universidade
Federal do Pará rejeitou, por unanimidade, nesta segunda-feira (23), a proposta
do Programa “Future-se”, do Ministério da Educação (MEC).
Em nota, a instituição rejeita a proposta de estimular a captação de recursos
privados nas universidades públicas. Outras universidade federais do Brasil
também fizeram a recusa.
Um
debate de mais de três horas sobre o assunto foi realizado no prédio da
reitoria, no campus Guamá, em Belém. Professores, estudantes e técnicos se
posicionaram contra o programa do governo federal, considerando um “retrocesso
para a educação superior, em particular na previsão de criação de Organizações
Sociais para a gestão das universidades. Segundo a nota, foram criticadas as
decisões do MEC em relação aos bloqueios de recursos financeiros das
universidades e de corte de bolsas de pesquisas.
O
Future-se é uma iniciativa proposta pelo MEC, com o objetivo de aumentar a
autonomia administrativa das universidades federais. Como essas instituições sofrem
com contingenciamentos e alegam que têm suas atividades prejudicadas com os
bloqueios de orçamento, a solução apresentada pelo governo é firmar parcerias
entre a União, as universidades e as organizações sociais.
O
diretor do Instituto de Ciências Jurídicas (ICJ), professor José Benatti,
afirmou que “o Future-se representa a privatização do bem comum, que é a
educação”.
O
diretor do Instituto de Ciências Exatas e Naturais, Marcos Diniz, argumentou
que o projeto é inconstitucional. “Essa proposta se insere em um projeto mais
amplo de ataque à ciência no país”.
O
coordenador do Campus Tocantins/Cametá, Doriedson Rodrigues, defendeu que o
ensino superior deve ser gratuito para filhos e filhas de trabalhadores no
interior do Pará. “Esse programa e os bloqueios de recursos impedem que mais
jovens tenham acesso à universidade, que pesquisas possam ser realizadas, é a
negação da oportunidade a esses jovens carentes”.
A
Associação de Docentes da UFPA (ADUFPA) defendeu a rejeição integral do projeto
e a construção de mobilizações. “Não basta que os conselheiros apenas rejeitem
o programa. Temos que estar nas ruas dialogando com a sociedade em defesa desse
nosso patrimônio, que é a universidade pública”, afirmou o diretor da ADUFPA,
Gilberto Marques.
Segundo
o reitor da UFPA, Emmanuel Tourinho, dados apontam que 85% dos estudantes da
UFPA encontram-se em situação de vulnerabilidade socioeconômica e que, destes,
80% são filhos de pais que não tiveram a oportunidade de frequentar uma
universidade. “O Future-se provocou uma discussão mais ampla, envolvendo a
comunidade acadêmica, sobre o projeto de universidade que queremos. Penso que
saímos desse processo com um saldo muito positivo em termos dessa
conscientização”, afirmou.
Fonte:
G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário