Representantes da empresa Norte Energia, responsável pela construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no município de Altamira (PA), apresentaram ao reitor Carlos Maneschy a proposta de repasse do acervo arqueológico encontrado na região para a Universidade Federal do Pará (UFPA). A discussão sobre a guarda definitiva desse material ocorreu na manhã desta quinta-feira, 6, e teve a presença da coordenadora do Campus de Altamira, Ivonete Coutinho, e das pesquisadoras Cláudia Cunha e Eliane Faria.
Segundo a coordenadora de Projetos Socioeconômicos da Norte Energia, Marísia Barros, os materiais resgatados são dos sítios arqueológicos indígenas, locais em que os primeiros habitantes do Pará viveram, antes da chegada dos europeus, deixando vestígios de suas atividades na área de construção da Usina. O resgate desse material deverá ser finalizado até dezembro deste ano e, até o momento, o acervo já soma mais de dois milhões em peças, entre elas, cerâmicas, líticos e urnas funerárias. “Como temos uma área da Norte Energia onde está sendo construída uma Casa de Memória, que também terá um acervo relacionado à pesquisa do patrimônio histórico e cultural da região, neste local, também poderemos oferecer uma infraestrutura para receber o material arqueológico”, afirmou.
O reitor Carlos Maneschy considerou a importância do material para as áreas de ensino, pesquisa e extensão da Universidade, mas ponderou quanto à manutenção do acervo, que requer um planejamento dos custos e a formação de parcerias para o projeto. “É preciso que sejam dadas as condições necessárias não só para receber, mas também para manter a guarda desse acervo e, neste caso, a UFPA esbarra nas suas limitações orçamentárias. É preciso garantir o mínimo de sustentação de um projeto como este, num espaço de tempo de 20, 30, 40 anos. Sem a manutenção, esse acervo irá se perder”, pontuou.
O administrador de projetos da Norte Energia, o engenheiro Marcelo Silva, sugeriu a discussão e a apresentação de um programa de necessidades da UFPA para a construção de um espaço adequado para a guarda e manutenção do acervo.A professora e arqueóloga da UFPA Eliane Faria e a antropóloga física Cláudia Cunha, da Universidade de Coimbra, e colaboradora do Programa de Pós-Graduação em Antropologia (PPGA/UFPA) farão parte de uma equipe técnica que ficará responsável em fazer o levantamento sobre as condições necessárias para salvaguardar o material arqueológico. “Serão necessárias várias visitas técnicas para verificar não só as condições para receber esse acervo, mas torná-lo viável para o desenvolvimento de projetos de ensino, pesquisa e extensão, porque é esse o objetivo da Universidade”, ressaltou Eliane Faria.
A coordenadora do Campus de Altamira, Ivonete Coutinho, falou que a permanência do material arqueológico no município irá responder a uma demanda das comunidades e dos movimentos sociais da região do Xingu.
A pesquisadora Cláudia Cunha também destacou a importância de manter esse material na região de Altamira, e a UFPA é a instituição que possui os melhores profissionais para tratar desse material. “É muito importante nós rompermos com essa cultura de mais de cem anos, de que pesquisadores de fora vêm fazer suas pesquisas e levam material arqueológico daqui. Esse material não pertence a alguém especial, pertence ao povo do Pará e, a partir do momento que é tirado daqui, se nega às futuras gerações o conhecimento da sua própria história.”
UFPA
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