Os secretários de
Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), Luiz Fernandes, e do
Programa Municípios Verdes (PMV), Justiniano Netto, se reuniram na manhã de
quinta-feira (21), para discutir novas estratégias para conter o desmatamento
no Pará. Segundo o Sistema de Alerta do Desmatamento do Instituto do Homem e do
Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), os índices do desflorestamento voltaram a
subir em junho deste ano.
O
boletim divulgado nesta sexta-feira (22) apontou um aumento de 51% no
desmatamento no Estado de agosto de 2015 a junho de 2016 – 966 km², se
comparado ao índice registrado no mesmo período anterior – de 492
km². “Recebemos os alertas do Imazon mensalmente, até com antecedência. Aí
os encaminhamos para as prefeituras para que sejam verificadas as ocorrências
no âmbito municipal, mas também fazemos todo o acompanhamento dos casos pela
Semas. Algumas das áreas apontadas pelo boletim já haviam sido detectadas pela
fiscalização de campo e até tinham sido embargadas, mas o alerta serviu para
reorientar a fiscalização”, pontuou o titular da Semas, Luiz Fernandes Rocha.
Embora
os dados sejam preocupantes, a dinâmica do desmatamento ainda se concentra na
região oeste do Estado, ao redor de Novo Progresso e Castelo dos Sonhos,
principalmente em áreas federais. Nas áreas estaduais, o principal foco
ocorre na Área de Proteção Ambiental (APA) Triunfo do Xingu, que fica entre São
Félix do Xingu e Altamira. A Semas está com uma operação intensiva na região,
já tendo realizado, apenas durante o mês de junho, 138 autuações, com 16
mil hectares de áreas embargadas.
“Os
números do SAD são, de certo modo, contrários à tendência de queda que
estávamos constatando até então, pois o Pará vinha apresentando diminuição de cerca
de 20% do desmatamento até o mês de maio/2016”, declarou o secretário do PMV,
Justiniano Netto.
Uma
equipe técnica foi formada para discutir os dados apresentados e fazer
comparativos com outros sistemas de verificação do desmatamento, como o Sistema
de Detecção do Desmatamento na Amazônia Legal em Tempo Real (Deter) e o
Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por
Satélite (Prodes), ambos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
À
frente do grupo estão as Diretorias de Fiscalização (Difisc), de Geotecnologia
(Digeo) e de Meteorologia e Hidrologia (Dimeh) da Semas. Sobre as causas
da abertura de novas áreas, não é descartada a influência das queimadas no
aumento dos índices. Mais comuns nessa época do ano, elas criam um ambiente
mais propício para o desmatamento.
Fiscalização será
intensificada
Dentre
as ações previstas para conter o desmatamento está o redirecionamento das
equipes que estão em campo, o embargo das áreas onde ocorreram as atividades
ilegais e a responsabilização dos infratores. “Os sistemas servem para indicar
a tendência e a dinâmica do desmatamento. É importante ressaltar também que não
houve, da parte do Estado, qualquer afrouxamento da fiscalização ou da política
ambiental. Estamos com diversas equipes do setor de inteligência da Semas em
campo, combatendo a extração ilegal de madeira e o desmatamento”, destacou Luiz
Fernandes.
Segundo
Justiniano, os índices levam à confirmação de uma nova configuração de ação dos
desmatadores. “Os desmatadores estão agindo no período de inverno para tentar
escapar de serem pegos por conta das nuvens, aí fazem um desmatamento seletivo.
Apenas quando dão o corte final que o sistema consegue detectar. A gente
acredita que com a desarticulação da quadrilha que foi presa pela operação
“Rios Voadores”, recentemente deflagrada pelo Ministério Público Federal,
Receita Federal e Ibama, nos próximos meses, os números tendem a melhorar”,
concluiu.
Já
está agendada para a próxima terça-feira (26/7) uma reunião entre o
Fórum dos Secretários de Meio Ambiente da Amazônia Legal com o Ministro José
Sarney Filho, onde o Governo do Pará pretende abordar o tema e propor a
necessidade de intensificar as ações conjuntas de combate ao desmatamento.
Por:
Natália Mello
Fonte: O Xingu
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