O acervo paleontológico do Museu Paraense Emílio Goeldi ganhou um reforço expressivo esta semana com a entrega de aproximadamente 2.800 amostras coletadas nas áreas onde ficarão os dois reservatórios da Usina Hidrelétrica Belo Monte. O trabalho desenvolvido nos últimos três anos pela Norte Energia, empresa responsável pela construção e operação do empreendimento, inclui fósseis raros e alguns ainda não identificados pela Ciência. O acervo doado foi embarcado no dia 17 de novembro no porto de Vitória do Xingu e seguiu de balsa até Belém, onde chegou no dia 19.
O superintendente dos Meios Físico e Biótico da Norte Energia, Gilberto Veronese, define a doação como um avanço importante para os estudos de Paleontologia na Amazônia. “Belo Monte é uma usina que gera conhecimento”, ressalta Veronese, lembrando que, pela primeira vez no Pará foi realizado um trabalho de tamanha abrangência, em área de 296 quilômetros quadrados, correspondente a 62% da área total dos reservatórios da Usina. “É uma contribuição muito importante e vai permitir novos estudos nessa área do conhecimento”, reforça Maria Inês Ramos, pesquisadora e paleontóloga do Museu Emílio Goeldi.
O trabalho realizado como parte do Programa de Salvamento Paleontológico do Projeto Básico Ambiental (PBA) da UHE Belo Monte representa um grande incremento para o acervo do Museu Paraense Emílio Goeldi, que realiza pesquisas em fósseis desde meados do século 19. Com as peças coletadas nos últimos três anos em Belo Monte, o número de amostras da entidade passou de cerca de 4 mil para cerca de 6.800.
“Este trabalho se destaca por coletar fósseis em número muito maior e em condições mais favoráveis, resultando num acervo de qualidade superior para pesquisas científicas”, afirma o coordenador do Programa de Salvamento Paleontológico, o paleontólogo e geólogo Henrique Zimmermann Tomassi. Ele estima que o grande volume de amostras proporciona material para, no mínimo, 15 teses de doutorado nessa área do conhecimento.
Dentre as peças mais importantes e inéditas doadas pela Norte Energia ao Museu Emílio Goeldi, Tomassi destaca a impressão de peles de peixes marinhos do limite do período Siluriano-Devoniano e conchas muito bem preservadas de braquiópodes do gênero Lingula. A coleta incluem macrofósseis e amostras que servirão à micropaleontologia. Há alguns blocos de rocha que contêm mais de 70 fósseis agregados. Os fósseis coletados indicam que há cerca de 419 milhões de anos a região do Xingu onde está sendo construída a Usina Hidrelétrica Belo Monte estava submersa por um mar gelado habitado por seres invertebrados e peixes anteriores à presença do homem.
Norte Energia S.A
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