A Ouvidoria Agrária Nacional reuniu-se hoje extraordinariamente em Brasília para tratar dos recentes assassinatos em Anapu, no Pará. A principal decisão foi enviar, em caráter emergencial, uma missão da ouvidoria para colher depoimentos de familiares das sete pessoas executadas nos últimos quatro meses, na mesma cidadezinha da Transamazônica onde foi assassinada a missionária Dorothy Stang.
As oitivas em Anapu ainda não tem data certa para ocorrer, mas a Ouvidoria garantiu rapidez. A reunião de hoje contou com a presença de representantes do Ministério Público Federal, Ministério da Justiça, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, das forças de segurança de Altamira, Anapu e Marabá, da Comissão Pastoral da Terra, do promotor de Justiça agrário de Altamira e de advogados de fazendeiros que reivindicam terras na região.
Além de conversar com as famílias e testemunhas, a missão da Ouvidoria deve visitar as áreas em conflito. O Ouvidor Agrário Nacional, desembargador Gercino da Silva Filho, cogitou a possibilidade da presença da Força Nacional e da Polícia Federal na região. A proposta vai ser estudada pelo Ministério da Justiça.
Escalada de violência em Anapu
Entre julho e outubro de 2015, sete pessoas foram executadas por assassinos com carapuças ou capacetes de viseiras escuras. Todas as mortes ocorreram na área urbana de Anapu mas, para a Comissão Pastoral da Terra, a estratégia de matar na cidade é uma tentativa de disfarçar a motivação agrária dos crimes: o lote 83, uma área de terras públicas disputada por posseiros e grileiros.
A CPT enviou carta ao Ministério Público Federal em que relaciona os crimes à Regivaldo Pereira Galvão, conhecido na região como Taradão, assassino condenado a 30 anos de prisão pela morte de irmã Dorothy que nunca chegou a cumprir pena, porque recebeu do Supremo Tribunal Federal o direito de recorrer em liberdade. De acordo com a CPT, o lote 83 é terra pública, mas ficou conhecido na região como Fazenda do Taradão. O documento menciona, além dos sete posseiros já executados, a existência de uma lista com mais de 30 nomes de moradores que estariam marcados para morrer. “Inaceitável a falta de diligências, a conivência ou inação”, diz a carta da CPT, que acusa autoridades agrárias e policiais de ignorar e negligenciar a escalada de violência em Anapu.
Ministério Público Federal no Pará
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