Nesta quarta-feira a Comissão Pastoral da Terra
e a Prelazia do Xingu dispararam nota oficial sobre as ações policiais que
prenderam o padre de Anapu, Amaro Lopes e realizaram busca e apreensão na casa
dele e na paróquia da cidade, a prisão preventiva aconteceu na manhã da última
terça (27), e foi feita pela polícia civil em cumprimento a um
mandado judicial.
O Padre está detido no presídio de Altamira, mesma casa penal onde está Regivaldo Pereira Galvão o “Taradão” acusado de ser mandante da morte da missionária norte-americana Dorothy Stang, em fevereiro de 2005.
Leia as notas na íntegra
NOTA DA COMISSÃO PASTORAL DA TERRA
Padre Amaro: uma prisão com indícios de armação.
Na manhã deste 27 de março de 2018 fomos surpreendidos com a notícia de prisão preventiva do Padre José Amaro Lopes de Sousa, agente da CPT e padre da paróquia de Anapú, da Prelazia do Xingú no Pará. Esta prisão representa mais umas das inúmeras violências que o Padre Amaro, trabalhadores e as irmãs de Notre Dame, sofrem naquele município há décadas. Tudo isto na tentativa de calar o trabalho da CPT e a luta do povo contra a injustiça e a violência implantada por aqueles que controlam as terras, o poder econômico e em muitos casos os próprios órgãos públicos.
O Assassinato covarde da Missionária Dorothy Stang é um caso emblemático da violência que acontece em Anapú. Após 13 anos deste assassinato a violência neste município não diminuiu. No Atlas de Conflitos na Amazônia publicado ano passado, mostra que no Estado do Pará o município que registrou maior número de conflitos foi Anapú. Isto revela a dimensão da violência existente naquela região.
Para justificar o pedido de prisão, a Polícia Civil de Anapú, atribui a Padre Amaro, a prática de uma série de crimes: ameaça, esbulho, extorsão, assédio, etc. No entanto, o que chama a atenção são as fontes das supostas provas apresentadas. Na decisão da Juíza, ela cita o depoimento de uma dezena de fazendeiros que compareceram à delegacia de Anapú para acusar, de forma genérica, o Padre Amaro por supostas ocupações de suas terras. Ora, esses depoimentos são imprestáveis como prova, pois, os fazendeiros além de inimigos declarados do Padre, foram até a Delegacia com a clara intenção de prejudica-lo.
Outros depoimentos citados pela Juíza são de pessoas que participaram de ocupações de fazendas no município e que, posteriormente, discordaram da assessoria prestada pela CPT aos trabalhadores nessas ocupações e passaram a acusar Padre Amaro de se beneficiar de venda de lotes nessas áreas. Da mesma forma, as acusações são genéricas e carecem de materialidade. Todos sabem que em Anapú a CPT defende o modelo dos Projetos de Assentamento Sustentáveis (PDS), que prioriza a convivência entre a agricultura e a preservação da floresta. Muitos discordam dessa orientação da CPT e acabam sendo influenciados a apresentarem denuncias contra Padre Amaro como forma de atingir o trabalho da entidade.
Por outro lado, não é novidade a intenção da Polícia Civil de Anapú em criminalizar o trabalho das lideranças da CPT no município, especialmente, o Padre Amaro. Não foi diferente na época de Dorothy. Durante as investigações do assassinato da missionária, o então delegado de polícia de Anapú, Marcelo Luz, foi acusado pelos próprios fazendeiros investigados, de receber propina para dar proteção a eles nas terras grilada e não dar seguimento às denuncias feitas por Dorothy.
COMISSÃO PASTORAL DA TERRA REGIONAL PARÁ.
Os advogados da CPT vão analisar todos os documentos juntados no inquérito para averiguarem se houve intensão da polícia local em armar um cenário que justificasse o pedido de prisão.
Padre Amaro, vem recebendo ameaças de morte há vários anos da parte de fazendeiros que ocupam ilegalmente terras públicas no município de Anapú. O ódio dos fazendeiros contra ele e a CPT é devido ao apoio dados aos trabalhadores rurais na conquista dessas terras. Em relação à Irmã Dorothy que também foi ameaçada, a decisão dos fazendeiros foi de encomendar sua morte. Dada a repercussão do crime e a prisão dos fazendeiros, ao que tudo indica, houve mudança de estratégia em relação a Amaro, ou seja, tentar afastá-lo de seu trabalho em Anapú através da criminalização e tentativa de desmoralização de seu trabalho.
Importante deixar claro que Padre Amaro não responde a nenhum processo criminal, o que está em curso é apenas uma investigação policial da delegacia de Anapú. O Ministério Público sequer foi ouvido na decretação da prisão. Uma vez concluída a investigação, o MP poderá, oferecer denuncia contra o Padre o requerer o arquivamento do inquérito se não se convencer da veracidade das provas.
A CPT irá empreender todos os esforços no sentido de revogar imediatamente essa prisão injusta e provar a inocência de Amaro no curso das investigações.
Esta prisão nos deixa extremamente indignados, mas considerando todo o histórico de violência e a atuação truculenta do governo do Estado do Pará, que com sua polícia que mata e prende trabalhadores, não nos deixa surpresos com ocorrido neste dia 27. Nossa missão como CPT é continuar nosso serviço junto aos trabalhadores que lutam por liberdade e assim continuaremos nosso trabalho. Cada dia mais forte.
Assim, repudiamos todo o processo de criminalização promovida por agentes da polícia civil de Anapú contra o Padre Amaro, que levou ao absurdo de uma prisão preventiva a partir de acusações infundadas, com o intuito de desmoralizar toda sua história de luta. Contudo, nos manteremos fortes e firmes em nossa luta de transformação profunda desta sociedade desigual e injusta. Como pediu Padre Amaro a sua equipe de trabalho, no momento em que era conduzido por policiais: “não deixem de ir para as comunidades. Não parem a missão”.
Comissão Pastoral da Terra Regional Pará.
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NOTA DA PRELAZIA DO XINGU
(Foto)
Fonte: Xingu230
O Padre está detido no presídio de Altamira, mesma casa penal onde está Regivaldo Pereira Galvão o “Taradão” acusado de ser mandante da morte da missionária norte-americana Dorothy Stang, em fevereiro de 2005.
Leia as notas na íntegra
NOTA DA COMISSÃO PASTORAL DA TERRA
Padre Amaro: uma prisão com indícios de armação.
Na manhã deste 27 de março de 2018 fomos surpreendidos com a notícia de prisão preventiva do Padre José Amaro Lopes de Sousa, agente da CPT e padre da paróquia de Anapú, da Prelazia do Xingú no Pará. Esta prisão representa mais umas das inúmeras violências que o Padre Amaro, trabalhadores e as irmãs de Notre Dame, sofrem naquele município há décadas. Tudo isto na tentativa de calar o trabalho da CPT e a luta do povo contra a injustiça e a violência implantada por aqueles que controlam as terras, o poder econômico e em muitos casos os próprios órgãos públicos.
O Assassinato covarde da Missionária Dorothy Stang é um caso emblemático da violência que acontece em Anapú. Após 13 anos deste assassinato a violência neste município não diminuiu. No Atlas de Conflitos na Amazônia publicado ano passado, mostra que no Estado do Pará o município que registrou maior número de conflitos foi Anapú. Isto revela a dimensão da violência existente naquela região.
Para justificar o pedido de prisão, a Polícia Civil de Anapú, atribui a Padre Amaro, a prática de uma série de crimes: ameaça, esbulho, extorsão, assédio, etc. No entanto, o que chama a atenção são as fontes das supostas provas apresentadas. Na decisão da Juíza, ela cita o depoimento de uma dezena de fazendeiros que compareceram à delegacia de Anapú para acusar, de forma genérica, o Padre Amaro por supostas ocupações de suas terras. Ora, esses depoimentos são imprestáveis como prova, pois, os fazendeiros além de inimigos declarados do Padre, foram até a Delegacia com a clara intenção de prejudica-lo.
Outros depoimentos citados pela Juíza são de pessoas que participaram de ocupações de fazendas no município e que, posteriormente, discordaram da assessoria prestada pela CPT aos trabalhadores nessas ocupações e passaram a acusar Padre Amaro de se beneficiar de venda de lotes nessas áreas. Da mesma forma, as acusações são genéricas e carecem de materialidade. Todos sabem que em Anapú a CPT defende o modelo dos Projetos de Assentamento Sustentáveis (PDS), que prioriza a convivência entre a agricultura e a preservação da floresta. Muitos discordam dessa orientação da CPT e acabam sendo influenciados a apresentarem denuncias contra Padre Amaro como forma de atingir o trabalho da entidade.
Por outro lado, não é novidade a intenção da Polícia Civil de Anapú em criminalizar o trabalho das lideranças da CPT no município, especialmente, o Padre Amaro. Não foi diferente na época de Dorothy. Durante as investigações do assassinato da missionária, o então delegado de polícia de Anapú, Marcelo Luz, foi acusado pelos próprios fazendeiros investigados, de receber propina para dar proteção a eles nas terras grilada e não dar seguimento às denuncias feitas por Dorothy.
COMISSÃO PASTORAL DA TERRA REGIONAL PARÁ.
Os advogados da CPT vão analisar todos os documentos juntados no inquérito para averiguarem se houve intensão da polícia local em armar um cenário que justificasse o pedido de prisão.
Padre Amaro, vem recebendo ameaças de morte há vários anos da parte de fazendeiros que ocupam ilegalmente terras públicas no município de Anapú. O ódio dos fazendeiros contra ele e a CPT é devido ao apoio dados aos trabalhadores rurais na conquista dessas terras. Em relação à Irmã Dorothy que também foi ameaçada, a decisão dos fazendeiros foi de encomendar sua morte. Dada a repercussão do crime e a prisão dos fazendeiros, ao que tudo indica, houve mudança de estratégia em relação a Amaro, ou seja, tentar afastá-lo de seu trabalho em Anapú através da criminalização e tentativa de desmoralização de seu trabalho.
Importante deixar claro que Padre Amaro não responde a nenhum processo criminal, o que está em curso é apenas uma investigação policial da delegacia de Anapú. O Ministério Público sequer foi ouvido na decretação da prisão. Uma vez concluída a investigação, o MP poderá, oferecer denuncia contra o Padre o requerer o arquivamento do inquérito se não se convencer da veracidade das provas.
A CPT irá empreender todos os esforços no sentido de revogar imediatamente essa prisão injusta e provar a inocência de Amaro no curso das investigações.
Esta prisão nos deixa extremamente indignados, mas considerando todo o histórico de violência e a atuação truculenta do governo do Estado do Pará, que com sua polícia que mata e prende trabalhadores, não nos deixa surpresos com ocorrido neste dia 27. Nossa missão como CPT é continuar nosso serviço junto aos trabalhadores que lutam por liberdade e assim continuaremos nosso trabalho. Cada dia mais forte.
Assim, repudiamos todo o processo de criminalização promovida por agentes da polícia civil de Anapú contra o Padre Amaro, que levou ao absurdo de uma prisão preventiva a partir de acusações infundadas, com o intuito de desmoralizar toda sua história de luta. Contudo, nos manteremos fortes e firmes em nossa luta de transformação profunda desta sociedade desigual e injusta. Como pediu Padre Amaro a sua equipe de trabalho, no momento em que era conduzido por policiais: “não deixem de ir para as comunidades. Não parem a missão”.
Comissão Pastoral da Terra Regional Pará.
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NOTA DA PRELAZIA DO XINGU
(Foto)
Fonte: Xingu230
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