Empresa, investigada por suposto pagamento de propina a funcionários da Petrobras, diz que EUA também finalizaram processo
FPSO Cidade de Paraty, no campo Lula Nordeste na Bacia de Santos: contrato da Petrobras com SBM - Terceiro / Divulgação |
AMSTERDÃ - A
holandesa SBM Offshore, de leasing de plataformas de petróleo, informou que
fechou nesta quarta-feira um acordo de US$ 240 milhões com autoridades
holandesas para encerrar as investigações e não ser processada por suborno.
Além disso, segundo a empresa, as autoridades americanas retiraram sua
investigação.
A polêmica
veio à tona em fevereiro, quando a mídia holandesa publicou reportagem sobre
suspeitas de pagamento de propinas pela SBM à Petrobras. Segundo denúncia de um
ex-funcionário da SBM, a companhia teria mantido um esquema de suborno em
vários países para obter vantagens em contratos de afretamento e operação de
plataforma, que teria alcançado a cifra de US$ 250 milhões. Deste valor, US$
139 milhões teriam sido repassados à Petrobras, segundo as denúncias.
A SBM
Offshore informou em 2012 que estava investigando supostos pagamentos
envolvendo vendas através de intermediários entre 2007 e 2011 e levou o caso à
Justiça holandesa. Depois, admitiu que poderia ter violado leis anticorrupção e
que poderia estar sujeita a investigação criminal em países africanos.
No entanto,
em abril, a SBM Offshore confirmou que pagou os US$ 139 milhões a
representantes brasileiros, mas informou que, apesar dos indícios, não havia
encontrado qualquer tipo de irregularidade sobre possíveis subornos a
funcionários públicos ou representantes de empresas.
“A respeito
do Brasil, existem algumas suspeitas, mas a investigação não encontrou nenhuma
evidência em que a companhia, ou algum de seus agentes, tenha feito pagamentos
impróprios a agentes do governo (incluindo funcionários de empresas estatais).
Ao contrário, a empresa prestou serviços legítimos no maior mercado da
companhia.”, disse a SBM em nota oficial.
Também em
abril, a Petrobras anunciou que sua investigação interna não havia encontrado
“fatos ou documentos que evidenciem pagamento de propina a empregados”. De
acordo com a investigação interna da SMB, foram encontradas evidências de que
agentes em Angola (US$ 18,8 milhões) e na Guiné Equatorial (US$ 27,7 milhões)
podem ter subornado funcionários do governo.
Com o
acordo, a SBM Offshore não será processada na Holanda, mas os indivíduos
envolvidos no caso podem enfrentar acusações em outros países. Ele encerra uma
investigação de dois anos e meio sobre pagamentos impróprios feitos a agentes
de vendas em Angola, Brasil e Guiné Equatorial entre 2007 e 2011.
CGU VAI
ABRIR PROCESSO
No Brasil, a
Controladoria Geral do União (CGU) determinou nesta terça-feira a abertura de
processo de responsabilização contra a holandesa. As investigações vão apurar a
possível obtenção de vantagens indevidas pela empresa e o pagamento de propina
a agentes públicos federais durante contratos com a Petrobras. A SBM será notificada
nos próximos dias, depois que a portaria de instauração do processo for
publicada no Diário Oficial da União (DOU).
Caso sejam
comprovadas as irregularidades, a holandesa ficará impedida de celebrar novos
contratos com a Petrobras. Se assinar um acordo de leniência e se comprometer a
colaborar com as investigações, a punição pode ser suspensa. De acordo com a
CGU, a SBM já demonstrou interesse em negociar um possível acordo.
Além do
processo de responsabilização da SBM, foram instaurados seis processos punitivos
contra empregados, ex-empregados e ex-diretores da Petrobras. Eles serão
ouvidos e responsabilizados individualmente, caso os atos ilícitos fiquem
comprovados.
As
investigações da CGU começaram em abril e foram feitas entrevistas; exame de
documentos, e-mails, CDs e arquivos digitais de computador; análise de dados
patrimoniais e de renda dos empregados e ex-diretores; além de apurações
relativas a registro de viagens e de emissão de passaportes.
Apesar das
investigações, a SBM afirma que está focada em gerar receitas. O
presidente-executivo da empresa, Bruno Chabas, disse em um comunicado: “Estamos
bem encaminhados para entregar uma receita em 2014 como previmos no começo
deste ano.”
“Ao mesmo
tempo, não podemos ignorar a desaceleração visível em todo o setor de petróleo
e gás, que afetou a entrada de pedidos no curto prazo.”
No terceiro
trimestre, o registro de pedidos novos da SBM despencou 80%, para US$ 2,1
bilhões. A empresa disse que sua dívida líquida subiu 36%, a US$ 3,3 bilhões. A
SBM reiterou que espera uma receita prospectiva com projetos ainda fora do
balanço de US$ 3,3 bilhões.
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