Lula e Mariza |
A
ex-primeira-dama e mulher do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marisa
Letícia Lula da Silva, 66, teve morte cerebral nesta quinta-feira (2) em razão
de complicações causadas por um AVC (Acidente Vascular Cerebral) hemorrágico.
Lula e sua família autorizaram o procedimento de doação de
órgãos após constatação de "ausência de fluxo cerebral". Em post no Facebook, o ex-presidente agradeceu às
"manifestações de carinho e solidariedade".
A morte cerebral foi confirmada em dois exames: o
primeiro, no início da manhã, e o segundo, por volta das 12h45, como estabelece
o protocolo para oficialização desse tipo de óbito. O velório será realizado no
Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (ABC Paulista),
cidade em que reside a família Lula.
Às 15h30, equipes da OPO (Organização de Procura de
Órgãos), ligada à Secretaria de Estado da Saúde, e do hospital
Sírio Libanês avaliavam quais órgãos estão em condições de serem
transplantados. Após esse procedimento, será verificado na lista única da Central
de Transplantes brasileira quais os eventuais receptores aptos a receber os
órgãos que possam ser doados. Para tanto, o coração deve parar sozinho ou
passar o período de 24 horas desde a última sedação.
De acordo com a assessoria da Secretaria Estadual de
Saúde, depois da avaliação, o Hospital Sírio-Libanês entra em contato com o
hospital do possível receptor e as duas entidades juntas combinam o transporte
do órgão. Eventualmente, o helicóptero Águia da PM ou ambulâncias da própria
secretaria podem ajudar nesta remoção se for necessário.
Em junho, o presidente Michel Temer anunciou uma medida que
obriga a FAB (Força
Aérea Brasileira) a ter um avião permanentemente disponível para transporte de
órgãos, tecidos e partes do corpo humano para transplante.
Marisa estava internada em estado
grave no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, desde 24 de janeiro.
Ela chegou a apresentar uma ligeira melhora na terça-feira (31), e a sedação começou a ser reduzida. Como ela não reagiu bem, voltou a ser sedada.
No dia anterior, os médicos haviam informado, em boletim médico, que a
ex-primeira dama tinha tido "trombose venosa profunda" detectada nos
membros inferiores. A equipe utilizou um filtro de veia cava para impedir que
coágulos se deslocassem para outras regiões do corpo.
Ela chegou a apresentar uma ligeira melhora na terça-feira (31), e a sedação começou a ser reduzida. Como ela não reagiu bem, voltou a ser sedada.
Lula e Marisa, nos anos 1970 - Reprodução/Fundação Perseu Abramo |
Além do filho de seu primeiro casamento, Marcos, adotado
por Lula, Marisa deixa os filhos Fábio, Sandro, Luís Cláudio, a enteada Lurian
(filha do ex-presidente com uma ex-namorada), e o marido, Luiz Inácio Lula da
Silva. Os dois foram casados por 43 anos.
Na primeira manifestação pública e presencial sobre o estado de saúde da
mulher, na última segunda-feira (30), Lula afirmou a
simpatizantes, em São Paulo, que "a pressão e a tensão fazem as
pessoas chegarem ao ponto que a Marisa chegou".
"Eu acho que a pressão e a tensão fazem as pessoas
chegarem ao ponto que a Marisa chegou. Mas isso não vai fazer eu ficar chorando
pelos cantos. Vai ficar apenas batendo na minha cabeça, como mais uma razão para
que a luta continue", afirmou Lula a representantes do Movimento dos
Atingidos por Barragens.
Ainda criança, mudou com a família
para o centro da cidade e aos 13 anos passou a trabalhar embalando bombons
Alpino na fábrica de chocolates Dulcora. Aos nove, havia sido babá das
sobrinhas do pintor Candido Portinari.
Deixou o emprego para casar, aos 19 anos. Seis meses depois, o marido, taxista, foi assassinado a tiros em uma tentativa de assalto, deixando a jovem viúva grávida de quatro meses do seu primeiro filho, Marcos.
Deixou o emprego para casar, aos 19 anos. Seis meses depois, o marido, taxista, foi assassinado a tiros em uma tentativa de assalto, deixando a jovem viúva grávida de quatro meses do seu primeiro filho, Marcos.
Ela conheceu Lula, também viúvo, em
1973, no Sindicato dos Metalúrgicos da cidade. Ele trabalhava no Serviço de
Assistência Social do sindicato quando Marisa foi buscar um carimbo para
recolher a sua pensão como viúva. Os dois começaram a namorar e casaram-se
menos de um ano depois.
Marisa acompanhou Lula desde o início de sua vida política,
durante as greves de operários no ABC paulista no fim dos anos 1970 – ele
tornou-se presidente do sindicato um ano depois do casamento, em 1975.
Em 1980, em plena ditadura, quando Lula e diversos sindicalistas
foram detidos no Dops (Departamento de Ordem Política e Social) devido às
greves, liderou uma marcha só com mulheres em protesto pelas prisões políticas.
"Hoje parece loucura. Fizemos uma passeata das mulheres em 1980, quando os
dirigentes sindicais estavam presos. Encheu de polícia.
Em 1º de janeiro de 2003, tornou-se primeira-dama após o
marido concorrer à Presidência quatro vezes, em 1989, 1994 e 1998. Passou
a aparecer mais em palanques ao lado de Lula durante a campanha de 2002.
Junto com o crescimento do PT, Marisa
passou por um processo de mudança, sob a orientação do publicitário Duda
Mendonça. Ganhou um guarda-roupa novo, em que terninhos ganharam espaço, e um
corte de cabelo mais curto.
Enquanto ocupou o Palácio da
Alvorada, adotou um comportamento discreto. Uma vez ao ano, organizava festas
juninas na Granja do Torto, de propriedade da Presidência, quando participava
das danças de quadrilha ao lado do ex-presidente.
Causou polêmica ao ordenar que fossem plantados canteiros de
flores vermelhas, em formato de estrela, nos jardins do Palácio da Alvorada e
da Granja do Torto.
Costumava dizer que foi pai e mãe dos filhos, a quem se dedicou
enquanto o marido avançava na vida pública. Cuidava sozinha do apartamento em
que a família vivia em São Bernardo.
Lava
Jato
Dona Marisa era ré em uma ação penal,
junto com o marido, na Operação Lava Jato. Eles respondem pelos crimes de
corrupção passiva e lavagem de dinheiro em contratos firmados entre a Petrobras
e a Odebrecht.
Segundo o Ministério Público, Lula recebeu propina da
empreiteira Odebrecht por intermédio do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci,
que também virou réu na ação, ao lado do empreiteiro Marcelo Odebrecht, e
outras cinco pessoas.
A defesa de Lula informou que o ex-presidente aluga o
apartamento vizinho ao seu. Além disso, acrescentou que o Instituto Lula
funciona no mesmo local há anos e que o petista nunca foi proprietário do
terreno em questão.
Segundo os advogados do ex-presidente, a transação seria um
"delírio acusatório".
Por: Bruna Souza Cruz e Paula Bianchi
*
Colaboraram Aiuri Rebello e Janaina Garcia, de São Paulo
Fonte: UOL NOTÍCIAS
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